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Coluna do Aquiles

Desbravando horizontes

Arquivo Geral

24/05/2017 19h56

O pianista e compositor David Feldman lançou seu terceiro CD, Horizonte (independente), no qual gravou sete obras de sua autoria. Além delas, músicas de Oscar Castro Neves, Johnny Alf e Toninho Horta. Como as participações especiais não param por aí, Raul de Souza, com seu trombone, enriquece a sonoridade do álbum.

David escolheu apenas dois instrumentistas para tocarem com ele: Marcio Bahia (bateria) e André Vasconcelos (baixo acústico). Todos os arranjos são de David, com pitacos dos dois. Assim, deu-se o prazer de ouvir tocadas as linhas melódicas de suas músicas atuais com um trio. E foi assim, disposto a ampliar sua visão, abrindo-a para além de horizontes musicais já experimentados, que David pensou o seu CD.

“Chora Tua Tristeza” (Oscar Castro Neves e Luvercy Fiorini) inicia. A canção mais jazzística do CD é a praia dos três. Após um pujante solo de bateria, vem o piano, arritmo, tocando notas soltas, para logo a seguir retomar a levada original da música. O trio, num crescendo, conduz ao final… Oscar Castro Neves, sua lembrança me comoveu. Estou certo de que, seja lá onde você estiver, estará ouvindo a sua música num ipod celeste e com um sorrisão aberto.

“Tetê” (DF) tem o violão de Toninho Horta na introdução. Com violão e vocalises, ele desvenda sua composição. Piano e violão se juntam e dão à música a sonoridade que ela precisa. O violão segue suingando, improvisando no intermezzo. Com o piano bem próximo (a mixagem feita por David é supimpa!), suas notas se ajuntam as do violão, tornando a harmonia ainda mais criativa.

O trombone de Raul de Souza inicia “Sliding Ways” (DF). A batera incrementa a pegada, enquanto o baixo dá o chão. O piano torna-se coadjuvante – e o trombone não se faz de rogado, improvisando com atitude. O piano, então, volta a protagonizar, numa sequência harmônica cheia de estilo. Com improvisos de piano e trombone, chega o final.

A introdução de “Penumbra” (DF) é do piano. A batera vai nos pratos. O baixo entra na roda. A canção está arritmo. O piano segue dialogando com o baixo. Um toque no prato e a melodia ganha ares dramáticos. A batera toca nas peles, enquanto o baixo improvisa. Chega o piano e modestamente toca notas soltas. Poucos compassos à frente, o piano puxa a melodia para si. Baixo e batera se fazem de ponte entre o improviso e a melodia. E, tocando acordes com notas graves, o piano finaliza o arranjo.

“Soccer Ball” (Toninho Horta) é um samba ligeiro que vem do violão do autor e do piano de David. O piano toca em duo com vocalises de Toninho. O trombone vem criativo como ele só. O piano se destaca, enquanto a bateria arrepia. Volta o trombone. Logo o piano retoma o duo com o vocalise. O trombone improvisa. O piano arrasa. O fim se aproxima… Meu Deus!

Fechando a tampa, “Céu e Mar”, clássico de Johnny Alf, tem lindo arranjo.

Em Horizonte, o piano e a obra instrumental de David Feldman, de fato, romperam horizontes musicais limitadores. Aplausos a eles.

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4

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