Menu
Entretenimento

Toda a diversidade da Força

Um elenco variado enriquece Star Wars — A Ascensão Skywalker, que estreia hoje nos cinemas

Redação Jornal de Brasília

19/12/2019 9h32

star warsfoto : divulgação

Pode ter sido há muito tempo, em uma galáxia distante… mas Star Wars se tornou um campo fértil em questões como diversidade de gênero, raça e sexualidade. Nono episódio da saga, o filme Star Wars: A Ascensão Skywalker — que estreia hoje nos cinemas — não foge à regra e traz o elenco mais variado até agora, embora o público exija ainda mais representação.

A atriz negra britânica Naomi Ackie, como a guerreira Jannah, se une à atriz asiática-americana Kelly Marie Tran, que em 2017 se tornou a primeira mulher não-branca a estrelar a franquia com Star Wars: os Últimos Jedi” e foi alvo de ataques racistas e sexistas nas redes sociais.

“Fazer parte de uma equipe de pessoas um pouco diferentes, de diferentes lugares — seja qual for a forma, gênero, raça ou qualquer outra coisa — é um legado do qual se orgulhar”, disse Daisy Ridley, que interpreta a heroína em Los Angeles.

Trata-se de uma questão que — em meio a espetaculares batalhas espaciais e confrontos entre o bem e o mal que caracterizam a franquia — o diretor JJ Abrams não queria deixar passar.
“Vivemos em um mundo louco; um tempo de loucura. (A mensagem) é sobre comunidade, os desamparados, sobre reunir pessoas e ver todos as diferenças representadas”, apontou, acrescentando que, “no caso da comunidade LGBTQ, era importante para mim que as pessoas que vão assistir a este filme se sintam representadas”.

Ainda assim, os fãs do filme e os membros da comunidade LGBTQ reclamaram da falta de personagens gays ou trans nos filmes.

Química

Billy Dee Williams, que retorna como Lando Calrissian, incendiou brevemente as redes depois de dizer em uma entrevista que se vê como feminino e masculino, e que usa “ele mesmo” e “ela mesma” — mas depois esclareceu que não era não-binário e que tampouco sabia o que o termo significava.

“Muitas das reações positivas vieram dos fãs mais jovens de Star Wars”, disse Donaldson. “Temos toda uma geração cujo nível básico de expectativa é: diversidade total ou nada.”

Devido à química entre o renegado Stormtrooper Finn (Jon Boyega) e o piloto desonesto Poe (Oscar Isaac), muitos fãs estão em campanha, desde 2015, com O Despertar da Força, para que os dois personagens encarnassem o primeiro relacionamento homossexual de Star Wars. Isaac, porém, derrubou essas esperanças em uma entrevista à revista norte-americana Variety no início deste mês. “Pessoalmente, esperava e desejava que isso tivesse acontecido nos outros filmes, mas não tenho controle”, afirmou. “Parecia uma progressão natural, mas infelizmente é uma época em que as pessoas têm muito medo… não sei do quê.”

Esse desdobramento talvez fosse demais para a tradicionalmente conservadora Disney, mas Abrams deu a entender que o filme terá alguma representação LGBTQ, expressando seu desejo de que o elenco seja “mais parecido com o que vemos no mundo”. “Se Star Wars não pode fazer isso, não sei quem pode”, disse Abrams.

Ação

O nono filme da saga é movimentado — talvez o que tem mais cenas de ação entre todos os episódios. Star Wars — A Ascensão Skywalker amarra as pontas soltas da trama e, apesar de algumas bobagens típicas de capítulo final de novela — como promover a união de casais —, sai com saldo positivo entre os fanáticos.
Os valores essenciais da saga, como coragem, sacrifício, esperança e honra, estão mantidos desde sempre. A maneira de contar histórias segue igual. O que muda, e é parte vital e determinante do cinema sci-fi, é a tecnologia de som e imagem.

Darth Vader e Obi-Wan Kenobi duelando com sabre de luz no primeiro filme, há 42 anos, parecem crianças pequenas brincando de espadinha diante dos embates entre o vilão Kylo Ren e a heroína Rey neste nono episódio. Um deles, numa espécie de mar revolto, é de tirar o fôlego.

Os elementos dramáticos básicos da série são reutilizados na conclusão. Principalmente a queda de braço entre o bem e o mal, com Kylo Ren querendo levar Rey para o lado sombrio da Força. Essa disputa insistente, que anteriormente pautou Darth Vader e Luke, tem um desfecho emocionante e bem resolvido.

Cópia?

Para ser justo, é preciso dizer: esta terceira trilogia, pilotada por JJ Abrams, é às vezes cópia flagrante dos primeiros filmes no cinema. Em O Despertar da Força (2015), Rey faz caminho igual ao de Luke em Star Wars – Uma Nova Esperança (1977): sai de seu planeta insignificante para se unir a rebeldes contra as forças do mal.

Em Os Útimos Jedi (2017), ela passa boa parte da trama longe dos companheiros para ser treinada por Luke em um planeta distante, repetindo o que o próprio Luke faz em O Império Contra-Ataca (1980), quando se afasta dos amigos para ter aulas com Yoda.

Mais do que encerrar a saga, a estreia de hoje ressalta dois aspectos que nortearam as histórias desde o primeiro episódio no cinema. Star Wars é um exercício de autoajuda, com a filosofia rasa desse tipo de iniciativa, e também dá aula de como transformar aventura em dinheiro, muito dinheiro.

A Ascensão Skywalker chega a ser excessivo na missão de convencer as pessoas de que todo mundo tem potencial. No caso do universo criado por George Lucas, esse potencial atende pelo nome de

“Força”.

Os heróis, em todas as fases da história, são levados a acreditar que têm algo especial — ou qualidades que ainda vão ser reveladas e que devem fazer a diferença quando chegar a hora decisiva. Na trilogia das primeiras histórias, que foi aos cinemas entre 1999 e 2005, o garoto Anakin desenvolve tanto poder que se torna Darth Vader, talvez o vilão mais relevante do cinema moderno.

Na segunda trilogia na narrativa cronológica da saga, mas levada às telas primeiro, entre 1977 e 1983, é Luke Skywalker que descobre ser um poderoso Jedi e precisa enfrentar Vader. Agora, nos três últimos filmes a partir de 2015, é a garota Rey a destinada a encontrar o seu destino de heroína.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado