Menu
Entretenimento

Dia da Consciência Negra: diversidade e resistência

Arquivo Geral

20/11/2018 7h00

Grupo Bongar (PE) e uma apresentação do Tambor de Crioula de Seu Teodoro (DF) são atrações da Ocupação Baobá, na Caixa Cultural. Foto: Janine Moraes/Divulgação

Beatriz Castilho
[email protected]

Carregando nome de uma árvore africana, a Ocupação Baobá representa a notoriedade do esqueleto que o batiza. Homenagem ao Dia da Consciência Negra, o evento promove uma imersão cultural nas raízes africanas – utilizando a moda como bandeira e a música como voz. Tomando todo o complexo da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul), a programação traz apresentações do Grupo Bongar, Seu Teodoro, atração internacional,  desfiles e literatura.

Quem abre os trabalhos desta noite é o Tambor de Crioula de Seu Teodoro (DF), às 18h. Às 20h, o show Ogum Lê, dos pernambucanos do Grupo Bongar, fecha a festividade.

Formado por percussionistas da comunidade Xambá – oriunda de Olinda (PE) -, a banda explora elementos do Candomblé e sons dos orixás para construir sua assinatura. “Para nós, o tambor é elemento. Assim como os celulares, que fazem as pessoas se comunicarem, nós ensinamos, por meio da música, a história da nossa comunidade”, explica Guitinho, vocalista do Bongar, em entrevista ao JBr.

Além dele, Beto Black (vocal e ganzá), Nino do Bongar (vocal e abê), Memé Bongar (vocal, congas e ilú) e Thúlio (vocal e caixa) compõem a Bongar. Ecoando os batuques em plena data celebrativa da Consciência Negra, Guitinho afirma que o show em si carrega uma carga simbólica, por juntar a comemoração à homenagens a Zumbi dos Palmares e Dandara dos Palmares, uma guerreira no período colonial. “Com Ogum Lê, mostramos a ideia do orixá guerreiro”, destaca Guitinho.

Ogum Lê é o quinto álbum do Grupo Bongar, que já carrega 17 anos de vida. Permeado pelas batidas tradicionais da comunidade Xambá, traz consigo uma mistura de cavaquinho, flauta, placas de aço e tonéis de alumínio. Para o vocalista, a banda representa um som que atravessa os limites da contemporaneidade. “Trazemos a ancestralidade em nosso som, então fazemos música tradicional, mas também trazemos uma linguagem que é urbana formando uma sonoridade atemporal”.

De Moçambique

Como artista convidada, Lenna Bahule marca a presença da mulher negra dentro do espetáculo. Moçambicana da capital Maputo, é radicada no Brasil há cinco anos. Paulistana de coração, carrega uma sonoridade nômade – fazendo jus ao título do disco de estreia -, e viaja por línguas como swahili, changane, chope e até uma criada por ela mesma. “Vai ser legal dividir esse momento com ela, que responde com tudo o que pensamos na Bongar”, conclui Guitinho.

Atração estreante, a feira Diáspora 009 – batizada com mesmo nome da marca da designer Lia Maria, 39 anos -, dá protagonismo a produtores de negros da cidade, possibilitando que as pessoas vistam, literalmente, a luta do evento. “Na feira teremos uma mostra da diversidade. São nove estandes com acessórios, decorações, máscaras, roupas, remontando as temática africanas”, explica a artista.

Entre as opções, a literatura também se faz presente. “São publicações autorais nas quais mulheres negras constroem seu próprio lugar de falar”, adianta a estilista.

A Ocupação Baobá acontece a partir das 18h, em todo o complexo da Caixa Cultural Brasília. A entrada é franca, com exceção do show Ogum Lê (R$ 15, meia-entrada). Informações: 3206-9448. Classificação livre.

Reflexão sobre o racismo

Shelton Jackson Lee, ou simplesmente Spike Lee, é caracterizado pelo curador da mostra Acorde!, Jaiê Saavedra, como um “observador da realidade”. Com olhar peculiar, o diretor norte-americano faz produções permeadas pela realidade. A mostra desembarca hoje na capital, mergulhando o Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul) nas temáticas raciais que o artista carrega.

Ao todo são 23 filmes e quatro videoclipes compondo a programação, que vai até o próximo dia 9. Batizada com bordão já tradicional de suas produções, Acorde! “trata de uma jornada de autoconhecimento, o sentimento de despertar faz alusão aos personagens se inserindo no contexto que pertencem”, explica Jaiê.

Buscando fazer um paralelo entre ficção e realidade – para além das conexões da telona -, a mostra mira na experiência coletiva. “Uma programação assim faz o público entender o diretor, e, ter um cara que trata sobre isso, é ter uma colaboração para o debate”. Assim, tendo Spike Lee como narrador, e o cinema como linguagem, Acorde! chama o público para a conversa.

Hoje, às 16h, Irmãos de Sangue (1995) abre a temporada com sessão gratuita. As demais sessões custam R$ 5 (meia-entrada). Programação completa: bb.com.br/cultura. Não recomendado para menores de 14 anos.

Saiba Mais

Nascido aproximadamente em 1655, no Quilombo dos Palmares – atual União dos Palmares, em Alagoas -, o líder Zumbi marcou história como guerreiro da liberdade e herói da resistência negra. Morto aos 40 anos, é referenciado, hoje, pelo dia 20 de novembro, tendo a data de sua morte, em 1695, como celebração do Dia da Consciência Negra. Feriado não obrigatório, foi formalizado como tal em 2011, pela Lei 12.519.

Serviço

Estendendo a comemoração para o fim de semana

Martinho da Vila com música clássica

Abraçando as comemorações do fim de semana, o Concerto Negro recebe Martinho da Vila, na Caixa Cultural (Setor Bancário Sul). Criada pelo anfitrião há 30 anos, ao lado do Maestro Leonardo Bruno, o projeto une música popular e erudita com um olhar para referências da cultura afro-brasileira. Assim, em apresentação conjunta, a parceria divide palco com o Coral da Família Alcântara de Minas Gerais. Em duas sessões, o espetáculo tem entrada gratuita. Com duração de 120 minutos cada, os shows acontecem neste sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Informações: 3206-6456. Classificação livre.

Conexão Baque Angola

Unindo e promovendo a cultura do Maracatu, Conexão Baque Angola traz alfaias, caixas, ganzás, agbês e gonguês para o Batalhão das Artes (Taguatinga, QI 25, Praça da Acit), neste domingo, a partir das 17h. Com raízes em Pernambuco, a festividade busca fortalecer a tradição musical no quadradinho central. Assim, além do Grupo Zenga Baque Angola (DF), a programação tem como base os ensinamentos da Nação Maracatu Leão da Campina, liderada pelo Mestre Hugo Leonardo (PE). Vão ter oficinas com três temáticas: Fundamentos e Manutenção de Instrumentos, Estudos Baque Angola e Baque Angola DF – Herança e Empoderamento. Entrada franca. Informações: facebook.com/maracatuzenga. Classificação livre.

Sons da favela

Sob o tema ‘Afrofuturismo’, a terceira edição do Favela Sounds – Festival Internacional de Cultura de Periferia carrega consigo a ideia do movimento nascido nos anos 60. Fomentando a valorização da identidade cultural negra, o ideal traz um grito de resistência da comunidade. Dessa forma, entre debates, oficinas e shows, o festival busca, até sábado, um mergulho da capital na inclusão – contando com nomes como Flora Matos, La Furia, Don L e Drik Barbosa para isso. Entrada franca. Consulte a programação completa, horários e classificação indicativa em www.favelasounds.com.br.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado