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São João fora de época fortalece relações em Ceilândia

Arraiá agostino em Ceilândia contribui para manter viva as tradições de quadrilhas juninas e união da comunidade

Redação Jornal de Brasília

20/08/2019 16h58

Foto: Divulgação

Moradores da região de Ceilândia e quadrilheiros, dos grupos populares do Distrito Federal e Planaltina de Goiás, ocuparam o pátio da paróquia Sagrado Coração de Jesus e São José, em Ceilândia Norte-DF, no último final de semana 16, 17 e 18 de agosto. O arraiá agostino, em sua 30ª edição, foi palco de reencontros entre vizinhos, colegas da época de escola e velhos conhecidos que pertencem a comunidade ceilandense.

Will Robson, morador de Ceilândia há 39 anos, disse que já é tradição da comunidade participar das festividades da paróquia. “Todos os anos venho na festa da Sagrado e reencontro amigos da escola, vejo os filhos deles e relembramos os bons tempos. As pessoas são bem receptivas e calorosas” afirma.

Poucas experiências são tão intensas e vivas no DF quanto à tradição dos festejos juninos. Por toda a cidade, grupos se organizam, atualizando e reinventando essa cultura que continua, ainda, falando muito das origens dos brasilienses, e em especial do Nordeste.

“É de impressionar a dimensão comunitária que se coloca nessa época do ano com a grande tradição junina. A meu ver está na comunhão e na promoção de alegria e cultura. Penso que feliz do povo que tem razões para se encontrar, para comemorar, para dançar junto” declarou Stéfano Felipe Silva Borges, 29 anos, morador da cidade e coreografo do movimento cultural junino.

Junto ao Carnaval, a festa de São João é uma das épocas mais aguardadas. Para o Francisco Welson Ximenes Lima, 32 anos, morador de Ceilândia a tradição é amada por pessoas de todos os gostos. “Na festa junina encontramos o roqueiro, o pagodeiro e, claro, o forrozeiro, entre outras tribos. Todos em um só lugar, que buscam divertimento com as crianças, com a namorada, com a família ou com os amigos, seja para dançar ou assistir a uma quadrilha e também degustar as comidas típicas”, completa.

O carismático Padre Nei Nelson junto as pastorais, organizam o arraiá da Sagrado. O paroco revela que o sucesso do evento se dá pela parceria entre igreja e as empresas privadas. “Depois da criação da paróquia a nossa comunidade foi crescendo, mas só o povo não estava dando conta de promover os eventos. Vimos a necessidade de encontrar parceiros para ajudar a promover cultura. Empresas como o Home Center Castelo Forte ajudam, de maneira digna, com uma dimensão cultural para dar lazer e alegria a uma comunidade tão sofrida como a nossa. Para oferecer o melhor ao nosso povo é essencial essa parceria” conclui.

Concurso de Quadrilhas da Sagrado

A programação de festejos juninos envolveu o público com um grande concurso de quadrilhas aberto para todas as cidades, com participação de grupos de Planaltina de Goiás e DF. Os critérios avaliados no concurso foram: coreografia; casal de noivos; marcador; figurino; animação e harmonia; e repertório musical. Com premiação de dois mil reais, o grupo Sabugo de Milho conquistou o primeiro lugar e também recebeu o título de melhor casal de noivos. A quadrilha Ribuliço foi vice-campeã e a Busca Fé ficou na terceira colocação, premiada o troféu de melhor marcador.

O DF tem uma forma própria de construir as coreografias e se firmar na cultura junina local. Para Danielle Freitas, participante do corpo de jurados da competição da Sagrado, todos os grupos fizeram excelentes apresentações e explicou a tradição forte de festejos juninos na região. “O Distrito Federal, por ser uma região fundada por nordestinos que trabalharam na construção de Brasília, carrega as tradições das raízes com essa grande festa em torno da fogueira”. A moradora de Ceilândia Sul, de 37 anos, iniciou o ingresso na atmosfera quadrilheira na equipe Mala Véia, em 1999.

O educador social e produtor cultural, Carlos Tikin, 40 anos, morador de Ceilândia dançou quadrilhas por mais de 30 anos, também no Mala Véia, grupo tradicional da cidade. “Sou artista popular desde pequeno, sempre presente dentro do contexto junino seja no figurino, júri ou dentro do arraiá, participar dessa celebração como jurado é uma honra”, conta.

Amante da cultura popular Carlos Tikin avalia que o movimento junino no DF está sofrendo influência de outros estados. “Aqui no Distrito Federal temos uma forma de fazer quadrilha. Como é o caso da arriúna – é um passo individual criado pelo movimento junino de Brasília, executado com força nas pernas e nos braços, no sentido de chutar para fora. A mistura é boa, mas em excesso acaba perdendo a identidade do nosso jeito de fazer quadrilha. Mas os todos os grupos que competiram estão de parabéns,” finalizou.

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