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Retrospectiva 2018: 72 dias de ‘street art’ com Basquiat

Arquivo Geral

25/12/2018 16h16

Fotos: The Estate of Jean-Michel Basquiat

Beatriz Castilho
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Em dez anos de carreira, o nova-iorquino Jean-Michel Basquiat (1960-1988) explorou e misturou técnicas de pintura e desenho para compor peças que refletem o neoexpressionismo de meados dos anos 1980. Em 2017, quase 30 anos após sua morte, Basquiat se tornou o artista americano mais caro do mundo, tendo a obra Untitled (1982) vendida por 110 milhões de dólares. Este ano, em abril – no aniversário de Brasília -, 80 peças traçaram retrospectiva de sua carreira, no CCBB da capital.

Filho de porto-riquenha com haitiano, Jean-Michel Basquiat nasceu e cresceu no Brooklyn, em Nova York. Americano e negro, teve contato precoce com a arte por conta das constantes visitas a museus com sua mãe. Aos 16, se viu sem moradia certa após largar a escola e sair de casa. Revezou, então, entre a rua, casa de amigos e prédios abandonados, onde entrou em contato com o grafite.

Jean Michel Basquiat – Obras da Coleção Mugrabi traçou um panorama da vida e obra do artista nova-iorquino. “Apesar de ter morrido muito jovem, aos 27, Basquiat teve uma produção intensa, causada por suas ideias incessantes, sobretudo pelo momento culturalmente rico em que ele viveu”, contou ao JBr. o curador Pieter Tjabbes à época da exposição.

Entre fortes figuras, colagens e palavras politizadas, a inovação artística é o que mais caracteriza a produção de Basquiat. “O uso de símbolos comerciais, imagens de livros de anatomia e trechos de textos interagem com as então novas estruturas musicais, trazidas pelo hip hop [em ascensão nos anos 80]”, explicou Tjabbes.

Dessa forma, a articulação entre arte política e novas texturas fez de Basquiat um dos precursores do estilo de colagem do século 21.

“Ele sempre tinha uma mensagem que denunciava alguma forma de repressão às minorias. Por isso, era celebrado por militantes de importantes movimentos”.

E é isso que torna Basquiat tão atual, segundo o curador: seja em seu início nas ruas ou nas suas referências de ascendência africana, que dialogam com tantas partes do mundo.

Tomie Ohtake em Bsb

Cor e Corpo, em uma temporada de pouco mais de dois meses, promoveu uma retrospectiva da carreira de Tomie Ohtake, um dos maiores nomes da arte abstrata no Brasil.

A exibição, hospedada pela Caixa Cultural, contou com 40 gravuras, cinco pinturas e três esculturas, marcadas pelo gesto, cor e reinvenção – três elementos nomeados pela curadora, Carolina De Angelis, como principais características das obras.

Japonesa naturalizada brasileira, Tomie nasceu em 21 de novembro de 1913, em Quioto, Japão. Em 53, aos 40 anos – já no Brasil há 17 -, mergulhou na arte, e explorou diversas técnicas durante décadas.

Mestre dos sonhos

Misticismo e fantasia. Entre pinturas, desenhos, esculturas e autorretratos, a grande diversidade técnica de Francisco Brennand se mostrou presente na Caixa Cultural – ainda na metade do primeiro semestre – com a exposição Mestre dos Sonhos. Trinta e um trabalhos propuseram uma viagem temporal aos 90 anos de vida do artista multifacetado, além dos 60 de carreira.

Recifense, Brennand nasceu em 1927. Mergulhou na arte, inicialmente, com a pintura. Aos 21 se mudou para França, entrando em contato com as possibilidades narrativas de obras de Picasso e Gauguin. Ao retornar à cidade natal, Francisco achou sua assinatura na cerâmica, material abundante na antiga fábrica de seu pai, e assim consagrou nome no país natal.

Cuba em cartaz

Meio século de trabalho resumido em 69 fotografias. Em José A. Figueroa – Um Autorretrato Cubano, milhares de vidas cubanas foram reveladas por meio de uma história pessoal. Nascido em 1946, José Alberto mergulhou na fotografia após começar a trabalhar como aprendiz no estúdio de Alberto Korda, autor do retrato de Che Guevara, de uma das fotos mais reproduzidas da história. Já em carreira profissional, produziu imagens conceituais, íntimas e fotojornalísticas, desnudando a ilha que nasceu após a revolução de 1959, e as subsequentes mudanças político-econômicas. Divididas em quatro seções, a exibição seguiu a linearidade da vida e obra do cubano, contando com curadoria da filha do artista, Cristina Figueroa.

Sobre o universo de Caio Fernando Abreu

Entre as linhas de Caio Fernando Abreu, pairavam-se mais do que letras. Livre – mesmo que em plena ditadura -, o romancista, dramaturgo e jornalista teve vida e obra baseada no amor como arma de resistência, e a arte como cama para as ideias. Nascido há 70 anos, o escritor gaúcho, morto em 1996, teve a trajetória criativa personificada em Caio Fernando Abreu – Doces Memórias, que utilizou o gancho da data para inaugurar temporada na capital, no Museu da República.
Com curadoria da pesquisadora Lara Souto Santana em parceria com as irmãs do autor, Márcia de Abreu Jacintho e Cláudia de Abreu Cabral, a mostra gratuita celebrou um escritor que nos convida a ir além do óbvio. Como ele mesmo dizia: “Há sempre mais por trás. Que não te baste nunca uma aparência do real”.

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