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Entretenimento

Sai da Rede traz à cidade nomes independentes que dão o que falar

Arquivo Geral

29/06/2018 18h30

Rapper Rincon Sapiência é uma das atrações mais esperadas do festival (Divulgação)

Beatriz Castilho
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Se é para marcar presença, o Sai da Rede faz isso com muita graça. Além do som trazido por jovens nomes da cena brasileira, questões sociais ecoam pelo festival, mostrando que o debate, para além do palco, está nas rodas de conversa e na telona do cinema. Evidenciando a forte relação entre arte e discussão, a festa abraça, neste fim de semana, vários complexos do Centro Cultural Banco do Brasil.

O Sai da Rede surgiu em 2011 e tem como objetivo pescar artistas recém-lançados na internet para englobar a programação. “Tudo surgiu com uma conversa sobre como artistas que nasceram na rede não tinham espaço para tocar ao vivo. O projeto então foi pensado para trazer pessoas que estão explodindo na internet aos palcos”, explica Amanda Menezes, curadora do evento, juntamente com Pedro Seiler.

Além da diversidade, o conteúdo político de cada atração é a base e motivo para o projeto traçar a edição.

Dois dias de evento

Canal do YouTube Choque de Cultura participa de bate-papo

Neste sábado (30), o debate com Choque de Cultura inaugura a programação, às 12h. Seguido de quatro sessões de cinema, com exibição de A Canção do Asfalto A Cidade onde Envelheço, às 14h, e Ensaio Sobre Minha Mãe e Eles Voltam, às 16h. Na parte musical, abrindo a primeira noite estão os shows de Baco Exu do Blues, Atooxxa e Rincón Sapiência, a partir das 18h. No domingo (1º), os filmes Castanha, às 11h, Pele Suja Minha Carne e Branco Sai, Preto Fica são exibidos a partir das 13h. Às 15h, acontece um papo com Mulheres na Web. A partir das 17h, sobem ao palco Muntchako, Luedji Luna e Almério, fechando a programação.

Atração de amanhã, o baiano Diogo Moncorvo, conhecido como Baco Exu do Blues, conquistou seu lugar na cena nacional com o disco Esú (2017).

Cantor baiano Baco Exu do Blues sobe ao palco neste sábado

Baco foi indicado a artista revelação, melhor música e álbum na premiação APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de 2017. Explorando sarcasmo e provocação em nove faixas, o rapper baiano fala sobre a vida, religiosidade, conflitos pessoais e muito mais. “É tudo natural, acho que falar do que falo é uma consequência do que vivo. Não escolhi meus temas, se eu sofro algo, falo sobre”, resume o artista, em entrevista ao JBr.

Apesar de fazer sucesso há pouco tempo, Baco, de 22 anos, faz parte dó cenário do rap nacional desde que largou a escola para se aventurar nas rimas. Para o artista, o gênero cresceu muito desde seu início, mas ainda falta consciência de produção. “Precisamos entender o que estamos fazendo no geral. Precisamos entender o contexto social do rap para entender o que se pode atingir com ele”, ressalta.

Representatividade

Baianos do grupo Attooxxa se apresentam no festival (Foto: Rafa Ramos/Divulgação)

Além de Baco, o conterrâneo grupo Attooxxa e o paulista Rincon Sapiência se apresentam amanhã. No dia seguinte, outra baiana Luedji Luna sobe ao palco em sua estreia num festival brasiliense. “Estamos vivendo um momento importantíssimo na música brasileira, trazendo diferentes pautas. Estar junto de outros artistas baianos é outro ponto positivo porque é um momento de consolidação da música baiana”, diz Luedji.

Luedji Luna canta no festival neste domingo, dia 1º de julho (Foto: Tassia Nacimento/Divulgação)

Cantando sua negritude, com referências nas raízes baianas e africanas, Luedji conta com um som que vai do jazz, ao blues, além dos marcantes ritmos afro-brasileiros. “No início tive uma crise de referências, porque não via cantoras pretas, com exceção do samba, ou na posição de intérpretes. Por isso canto o que penso, minhas próprias verdades, para mudar esse paradigma”, destaca.

Para ela, a música é luta, que como na vida, veio como um reflexo natural. “Vivemos numa sociedade racista, xenofóbica, machista e homofóbica, e essas violências atravessam nosso corpo diariamente. Não é nada proposital. O mundo me atravessa, e canto para seguir resistindo”, conclui.

Serviço:

Sai da Rede
Neste sábado e domingo, em diversos horários
No Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul)
Ingressos: R$ 10 (meia-entrada)
Informações: 3108-7600
Para conferir a programação completa, acesse facebook.com/festivalsaidarede
Não recomendado para menores de 12 anos

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