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Maria Rita traz turnê Amor e Música a Brasília neste sábado

Arquivo Geral

11/05/2018 18h25

Beatriz Castilho
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Ultrapassar as esperadas comparações à sua mãe não foi tarefa fácil, demandou tempo, reflexão e debates internos. Foi apenas aos 24 anos que Maria Rita de Camargo Mariano se jogou na 1ª arte. Filha de Elis Regina (1945-1982) com o produtor Camargo Mariano, a paulistana de 40 anos embarcou em uma viagem que já dura mais de 16 anos, colecionando mais de 170 gravações e oito álbuns na bagagem. Considerado pela cantora como um dos seus trabalhos mais especiais, o último disco, que a consolida no samba, é um dos protagonistas de sua apresentação na capital. Neste sábado, às 21h, Brasília será envolvida em muito Amor e Música, em show no Centro de Convenções Em conversa com o JBr., Maria Rita fala sobre o disco, claro, além de temas como empoderamento feminino, família e carreira.

O que significa Amor e Música para você?

O disco traz músicas com mensagens que eu mesma estava precisando ouvir, e não mensagens que eu precisava colocar para fora. É muito curioso isso, e aumenta a força que a música tem na minha vida. Ela me salva e me mata ao mesmo tempo, e esse álbum me mostrou mais uma vez essa onipotência. E o repertório teve isso, mas foi uma busca, uma jornada, eu não tive uma pauta. O show é costurado em torno do disco. Da imagem à sonoridade, é tudo em cima do novo disco, mas com alguma coisa dos outros também. Escolhi músicas que eu sinto terem um valor afetivo para a plateia, pois, com anos de estrada, já entendo o que o meu público gosta e com o quê ele ferve mais.
Arrisco dizer que é um dos seus álbuns com pegada visual mais forte. Foi algo pensado?
Foi pensado, sim. A pessoa faz 40 anos e diz ‘ah, fala sério!’ É muito mais legal ser uma mulher de 40 anos do que de 28! Eu estou me colocando, sabe? A minha relação com o tempo está diferente. Não pela proximidade da finitude, mas por causa do caminho percorrido. Percebo nos outros, também, que minhas conquistas deixaram de ser ‘que bonitinha’ para ‘sim, senhora’. Estou amando isso, e claro que vou jogar isso visualmente em tudo o que eu fizer. O palco e o disco são continuidades de mim.

Você participou da construção do álbum. Como foi?

Eu sempre produzi meus discos e meus DVDs. Algumas vezes dividi o crédito com algum parceiro, mas desde o álbum Elo eu produzo os discos. Sempre fui bastante centralizadora, eu não sei se tenho maturidade para deixar que outra pessoa tome conta da minha voz, da minha expressão – e, de certa forma, da minha carreira. Então eu ponho a mão na massa, mesmo, para mim significa ser dona de mim mesma.

O que representa ser uma mulher em um cenário majoritariamente masculino (de produção de música)?

Não é suave, não. É um desafio imenso. Se eu chegasse em um estúdio qualquer, com uma equipe qualquer, com uma banda qualquer, não sei se eu teria o respeito máximo que tenho produzindo o meu trabalho. Não por ser o meu trabalho, mas porque eu escolhi os parceiros a dedo. São pessoas em quem confio, e que sei que me admiram e me respeitam.

E como foi trabalhar com tantos outros artistas?

Foi algo muito caloroso, com certeza. As grandes parcerias que fiz no disco deixaram tudo mais fácil, não foi só o Davi (Moraes), meu marido, foi também o meu sogro (Moraes Moreira), meus amigos parceiros. Foi uma coisa muito simples de fazer, e foi um processo diferente do feito em meus outros discos. As pesquisas de repertório vinham das editoras, de matérias que me mandam, mas esse não. Talvez pela história do projeto como um todo e dessa intimidade das pessoas, dos compositores, do meu convívio diário. Inconscientemente isso pode ter se mostrado necessário, para balancear com a exposição que eu tinha me colocado sobre não sair com o projeto e enfrentar isso no DVD. Foi muito orgânico muito simples e muito fácil, foi íntimo.

Não podemos deixar de citar uma recente entrevista em que você comentou sobre o sentimento de culpa em relação à morte de sua mãe, na qual você fala sobre como isso afetou sua vida e sua música, por exemplo. Qual foi o momento em que descobriu que queria viver de música?

Não foi um momento “eureca”, não. Foi um processo solitário e sombrio, de muitas dúvidas, de momentos de absoluta baixa autoestima, de inseguranças. Eu entendi que não tinha mais como fugir ou rejeitar quando, em 2002, estava acompanhando a gravação do disco do meu irmão Pedro (Mariano), e entrei em um buraco negro que me deixou acordada quatro noites seguidas. ‘Eu pensava: estou no ambiente certo (música), mas no lugar errado’. Foi por causa dessas quatro noites em claro que eu entendi que não importava mais nada: eu tinha que cantar.

Qual a expectativa para o show de amanhã? O que os brasilienses podem esperar?

Eu procuro não criar expectativa. Sou absolutamente vacinada quanto a isso. Acho sempre que criar expectativa é o mesmo que montar armadilha para si mesmo (risos). No entanto, os brasilienses podem esperar um show lindo, forte, iluminado, coerente com os nossos tempos e, como disse acima, quem quiser curtir, pode; quem quiser refletir, pode; tudo pode. Minha alma agradece.

 

Serviço:
Quando: Neste sábado, às 21h
Onde: No Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental)
Ingressos a partir de R$ 80 (meia-entrada)
Informações: 3226-0153
Não recomendado para menores de 14 anos

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