Leonardo Resende
Especial para o Jornal de Brasília
Imagine que qualquer composto classificado como químico, de água oxigenada a detergentes, pudesse ser tóxico apenas pelo odor ou toque. A cena consegue ser ainda mais preocupante quando existe também a sensibilidade a qualquer onda eletromagnética. Estes exemplos seriam o contexto de duas doenças controversas: Sensibilidade Química Múltipla e Hipersensibilidade Eletromagnética, respectivamente, que são abordadas no documentário Sensibile, do italiano Alessandro Quadretti.
A obra, escolhida para finalizar a segunda tarde da 20ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, conta a história de diversos personagens que sofrem dos distúrbios, sendo a maioria deles mulheres – todas com sonhos corrompidos devido às suas limitações.
Apesar de ser um gênero documental, Quadretti consegue trabalhar com imagens cinestésicas como, por exemplo, o momento que o personagem Roberto (único personagem masculino do filme) se aproxima de antenas Wi-Fi com o medidor de radioatividade. O incômodo é gerado quando o diretor aumenta o som do aparelho proporcionalmente à dor do protagonista.
Sem se aproximar do pedantismo ou sensacionalismo, Sensibile é um dos únicos longas-metragens da mostra competitiva a se aproximar do prêmio até agora. Relevante, inédito e chocante em qualquer perspectiva. A película é um retrato duro de como a tecnologia, invisível ou não, é devastadora. Título digno de inúmeros elogios.
O repórter viajou a convite da produção do festival