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Entretenimento

Festival Periferia 360° recebe público em baixo de chuva no Museu Nacional de Brasília

Colaborador JBr

15/11/2016 13h20

Grupo Coktel Molotov canta no palco da Smurphies Disco Clube | Foto: DivulgaçãoLeadro Moura

Rosana Jesus
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Nem a chuva foi capaz de deter o 1° Festival Periferia 360° que agitou a capital federal nesse último fim de semana. Segundo os organizadores, cerca de 10 mil pessoas compareceram ao evento com entrada franca, realizado no sábado (12) e domingo (13), em frente ao Museu Nacional. Diversos grupos de rap de Brasília marcaram presença na festa, além de rappers de São Paulo e Minas Gerais. O projeto, que inseriu os quatro elementos do hip hop, é proposto pelo Instituto Black Spin Breakers, com a correalização da Secretaria de Cultura por meio da Subsecretaria da Cidadania e Diversidade Cultual (SCSD).

A subsecretária, Jaqueline Fernandes, fala sobre a importância do projeto. “Não é só um evento, é a primeira etapa de algo que se estende durante toda a semana com a realização de produção musical gratuita para os artistas que não têm condições de pagar”, informa. Ela ainda acrescenta que o objetivo é promover a inclusão de novos artistas ativamente no mercado hip hop. “O estúdio móvel deve passar por dez cidades, depois os MCs receberão uma coletânea com o material gravado”, completa.

“O projeto também é importante porque une todas as cidades do Distrito Federal, além de trazer a cultura da periferia para o centro urbano”, diz Jaqueline. “O estado ainda enfrenta um desafio para ampliar o hip hop e nós sabemos o quanto esse avanço é importante para a comunidade do DF e Entorno”, argumenta a subsecretária.

Artistas

Os grupos Guind’art 121, Coktel Molotov, Viela 17, Liberdade Condicional, GOG, Beladona e Voz Sem Medo fizeram parte da programação distribuída entre os dois dias. A Batalha de b-boys colocou todo mundo para dançar e o freestyle, que aconteciam em palcos paralelos, completaram a noite. Parte do evento foi comandado pelo MC Qualhada. Os DJs Jamaika, Marola e Jean, animaram o público no intervalo dos shows. A banda Maskavo se apresentou no segundo dia de festa representando a cultura raggae local.

Ao comando da equipe de som, da número um de Brasília, o Dj Markynhos acredita que o hip hop ainda tem muito o que crescer. “Nossa cultura precisa assumir um melhor papel na comunidade e não são só os eventos que conta. Precisamos ajudar o próximo, as pessoas carentes, é importante pensar em quem não tem condições de vestir roupas caras ou comprar um carro importado”, diz o proprietário da Smurphies.

B.boys em roda de dança | Foto Rosana Jesus

B-boys em roda de dança | Foto: Rosana Jesus

Um dos rappers mais renomados de São Paulo também deixou o seu recado para o público brasiliense. Conhecido como DBS, o artista conta que os fãs da capital são especiais. “Eles não aceitam qualquer coisa, tem que saber chegar, é um ouvinte seletivo”, revela. “Em Brasília aprendi a fazer música, é uma grande escola. E cantar no Smurphies, então, foi um sonho realizado.” O rapper acrescenta ainda que vê o hip hop como um resgate e que a cultura encaminha os integrantes a fazer a escolha certa.

Quem também enalteceu o evento foi o grupo Crônica Mendes. “Esses projetos ajudam a sustentar os grupos já renomados e a levantar os novos, faz parte da revolução da nossa música”, diz o vocalista do grupo. Sobre o público da capital ele fala que os fãs brasilienses são como uma família. “Sempre sou bem recebido aqui, é uma cidade referência. Eu costumo dizer que tenho dois corações, um em São Paulo e outro em Brasília”. Ele afirma que o hip hop é como um oxigênio que o faz lutar por dias melhores. Ele diz ainda que a capital eleva e fomenta o rap nacional quando realiza eventos como o Periferia 360°.

Representando o estado de Minas Gerais, um dos integrantes do grupo Caçadores da Trilha Sonora (CTS), se diz honrado em marcar presença. “Brasília é muito forte no hip hop e estar junto nisso é de extrema importância, não só para o meu grupo, mas para o rap nacional”, esclarece Ananias. Ele argumenta que o público do DF é a peça chave para o sucesso. “Mesmo sendo de outro estado, começamos aqui, onde é nossa segunda casa”,  completa. Ele finaliza ao dizer que os 20 anos no hip hop fez da cultura sua sobrevivência.

Público satisfeito

“O púbico do DF é sem palavras, é nossa essência. Esses eventos são importantes porque o rap ainda é discriminado, e trazer essa festa para o centro de Brasília é essencial para mostrar o quanto temos a apresentar e mostrar que também sabemos curtir”, diz a integrante do grupo Reação Feminina, Enimeyre, que apesar de ser artista, estava no evento apenas para prestigiar os colegas.

Yago Cruz Dias mora em Ceilândia e diz que fez de tudo para ir ao evento. “Eu peguei um ônibus e vim sozinho mesmo, mas acabei encontrando alguns amigos aqui, de qualquer forma, eu não poderia deixar de prestigiar o que Brasília tem de melhor, o rap”, diz o estudante, de 17 anos. Jaison Nunes completa as palavras do amigo e revela que nunca imaginava que assistiria a um show do ídolo DBS. ”Eu queria ter tirado uma foto com ele, mas já que não deu, estar aqui para vê-lo já valeu muito”, comemora o skatista, de 22 anos.

Próxima etapa

De acordo com a SCSD, o próximo evento será sobre o primeiro prêmio de hip hop do Distrito Federal. A premiação será relativa aos grupos que vêm ganhando destaque no movimento, além de coletivos ligados à cultura. O total de 15 prêmios em dinheiro será de reconhecimento de personalidade. O edital será publicado em breve e, segundo o órgão será de fácil acesso e alcance para todos os grupos que tiverem interesse.

 

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