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Festival Feminino no CCBB desconstrói limitações de gênero e sexo

Arquivo Geral

02/05/2018 22h11

Divulgação

Beatriz Castilho
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Na luta de gênero, a música atua como grito de guerra e o Festival Feminino desembarca na capital para manifestar isso. Desta quinta-feira (3) a domingo (6), o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) recebe oito atrações que colocam a voz feminina como protagonista da vez. E se engana quem pensa que apenas mulheres compõem a programação.

Artistas homens, caracterizados por quebrar padrões sociais, foram englobados à discussão em cada uma das cidades por onde o projeto passa. Em Brasília sobem ao palco Xênia França, As Bahias, Anelis Assumpção, Tulipa Ruiz, Alice Caymmi, Jaloo, Badi Assad e Tiê.

Débora Ribeiro de Lima, uma das criadoras do evento (juntamente com Dani Godoy), explica que a ideia de feminino, celebrada no festival, está atrelada à característica utilizada nas temáticas dos artistas da programação, não sendo necessariamente ligada à gênero ou sexo, por isso a participação masculina. “A abordagem fala sobre o feminino que se habita. É a ideia de troca, já que homens e mulheres são forças complementares que se aliam na luta por igualdade”, diz Débora.

Além de gêneros diferentes, os shows exploram a diversidade de vivências, épocas e estilo de cada artista. Funciona assim: oito intérpretes são divididos em quatro dias. Para cada data, é montado um conjunto de atrações para dividir um palco. “Será um verdadeiro encontro de narrativas escolhidas com muito cuidado para que as pessoas sintam exatamente a conexão feita no show”, explica.

As Bahias também se apresentam no festival Foto: Divulgação

A baiana Xênia França abre a festa com muito feminismo negro. Com um som repleto de referências, que vão de R&B a iorubá, passando por jazz e samba-rock, a cantora expressa, principalmente, a luta de uma mulher negra em suas temáticas. As cantoras transexuais da dupla As Bahias dividem o palco com Xênia, prometendo trazer uma pegada pop eletrônica com cunho anti-homofóbico para o show.

Amanhã, no segundo dia, vai homenagear o projeto Ascensão, de Serena Assunção – deixado pronto pela cantora antes de morrer. A irmã de Serena, Anelis Assumpção convida Tulipa Ruiz para apresentar o disco, que é recheado de cantos orixás e referências femininas da música popular brasileira.

O único homem da programação se apresenta neste sábado. Conhecido como Jaloo, Jaime Melo tem estética marcante, ferramenta que auxilia sua luta contra padrões de gênero. Para o paraense, o feminino é quase um mecanismo de defesa, e justamente por isso deve ser celebrado. “Já recebi muito xingamento utilizando o feminino como algo negativo. Hoje é onde encontro força para tudo”. Segundo o artista, a personagem que criou para seu primeiro álbum, #1, foi construído em cima disso.

Jaloo e Alice Caymmi se apresentarão juntos pela primeira vez. A cantora acredita que haverá uma comunicação interessante entre os dois. “Jaloo é uma pessoa muito à frente do nosso tempo, a expectativa para trabalhar com ele é enorme. Temos muitos pontos que se comunicam, desde nossas temática até a forma como falamos delas”, conta.

Para Alice, discussão de gênero está cada vez mais em pauta, mas ainda requer um olhar especial. “É preciso que tenhamos espaços que nos deixem falar. Um festival como o Feminino é de extrema importância, não só para representar nossa luta, como para mudar padrões estruturais da cena cultural”, destaca.

O último dia do festival, domingo, fica a cargo de Badi Assad e Tiê, com uma mistura enaltece, respectivamente, a delicadeza da violista com as composições da cantora.

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