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Festival de cênicas e maratona no Museu Nacional agitaram o teatro de 2018 em Brasília

Arquivo Geral

27/12/2018 7h00

Atualizada 26/12/2018 21h30

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Direito das minorias nos palcos do quadradinho

Beatriz Castilho
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Brasiliense nascido em 1999, o Cena Contemporânea completou 19 anos de existência em 2018. Entre o aniversário de maioridade e a totalização de duas décadas de vida, a edição deste ano trouxe como grande protagonista as diferentes nacionalidades da linguagem cênica. Durante o fim de agosto e início de setembro, o maior festival de teatro da cidade ocupou diferentes cantos do Distrito Federal com um total de 30 espetáculos – pautados, novamente, pelo viés social.

Seguindo a linha das últimas edições, as temáticas politizadas foram, aliás, um dos pontos altos da programação. O curador Alaôr Rosa, à época da estreia, em agosto, explicou ao Jornal de Brasília que a seleção se deu a partir de duas hashtags: #preconceitozero, criada em 2017; e #dequeladovocêestá, inaugurada este ano. “O Cena é um festival que fala de direitos de minorias, de direitos que estão na Constituinte mas que quase nunca são garantidos ao cidadão”.

Assim, abraçando pautas como feminismo, gordofobia e desigualdade social, o festival trouxe tramas e formatos diversos. Na parcela internacional, foram 7 títulos. França apresentou apenas uma peça: A Bergman Affair. Espanha encenou Alicia Después de Alícia e Jardín de Invierno. Argentina, Chile e México representaram a América Latina, trazendo, respectivamente, Shakespeare Inédito, Casco Azul, Lo Único que Necesita una Actriz e Tijuana.

Completando a programação, 23 nomes marcaram a lista nacional. Dentre produções do Amazonas, Bahia, Ceará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, o Distrito Federal apresentou nove espetáculos, caracterizados pela pluralidade – seja em formato de adaptação de peças estrangeiras, como Encerramento do Amor, ou se apoiando na veia circense, com Inka Clown, por exemplo.

Um dos destaques brasilienses é a peça Copo de Leite (DF), da Companhia (Ex) Ordinária de Teatro. Com um cenário minimalista, a peça é guiada unicamente por Gabriela Correa e Lucélia Freire, que conversam, durante todo o tempo, sobre vivências femininas. Pautando o Cena, em dois momentos, com a temática, Gabriela reiterou a representação do fato. “É importante ter mulheres em cena, porque é a gente falando de nós mesmas, querendo propor debates”, destacou.


Março: projeto sai de cena

Cortinas que antes se abriam para celebrar a arte cênica do quadradinho central, estão, desde março, fechadas por tempo indeterminado. Após 18 anos de patrocínio da Caixa Cultural, Jogo de Cena foi forçado a entrar em pausa por falta de verba. Antes financiado anualmente pela instituição, o projeto não entrou no edital de 2017, finalizando a temporada deste ano, ainda no primeiro semestre, com o resto do custeio de 2016. Atrás apenas do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – criado em 1965 -, o Jogo de Cena se coloca como segundo evento cultural mais antigo da cidade, nascido em 1985. “A ideia era que o Jogo ficasse em cartaz sempre, com uma mínima qualidade técnica de suporte, como se fosse um catálogo das obras. Por isso é difícil se manter sem patrocínio”, explicou, em março, o produtor e coordenador do projeto, James Fensterseifer (foto). Ainda sem solução, o palco se mantém vazio, estendendo a incerteza sobre o desfecho do clímax.


Abril: maratona no Museu Nacional

Completando 23 anos de estrada, a companhia de comédia Os Melhores do Mundo celebrou o marco com uma maratona de espetáculos no Museu Nacional da República. Reverenciada pela mistura de humor inteligente, improviso e crítica social, a trupe surgiu em 1995, após o fim do grupo de teatro A Culpa é da Mãe. Se formalizando como cia. no mesmo ano, exatamente no dia do aniversário de Brasília, 21 de abril, carrega desde então mais de 30 espetáculos produzidos, além de 4 gravações em DVD e o Prêmio Smiles do Humor Brasileiro de 2015. Tendo se apresentado em todas as capitais do País, o Melhores decidiu ultrapassar o próprio recorde ocupacional, estendendo temporada, já no fim de outubro, às cidades administrativas do DF. Baseado no espetáculo Hermanoteu na Terra de Godah, um dos maiores sucessos do grupo, Hermanoteu – O Filme deve ser lançado em julho de 2019.

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Novembro: minha mãe e eu

Ator Matheus Nachtergaele, por meio de composições e interpretações, faz uma conexão temporal com a mãe, Maria Cecília Nachtergaele, morta em 1968. Recitando textos e poemas escritos, e deixados, por ela, o paulistano se mantém sozinho no palco, dividindo espaço apenas com as palavras que traz – e, às vezes, com a personalidade de Maria, interpretada por ele próprio em alguns momentos. O contato com as produções veio aos 16, quando o pai de Matheus o chamou para uma conversa, na qual explicaria a morte de sua mãe. Aos 20, vestiu-se das linhas criadas pela matriarca para ingressar no curso de Cênicas da Universidade de São Paulo (USP). Em 2015, estreou a montagem, espontaneamente, no Festival de Teatro de Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais. Em 2018, Matheus desembarcou em Brasília com o título, em uma curta temporada na Caixa Cultural.

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