Menu
Cinema

Festival de Brasília: Exibido em Cannes, Los Silencios ganha às telas do Cine Brasília este sábado (15)

Arquivo Geral

15/09/2018 15h00

Divulgação

Beatriz Castilho
[email protected]

Após o paralelo entre passado e presente do primeiro longa, é apresentado ao espectador brasiliense um misto de fantasia e realidade. Caracterizado pela diretora Beatriz Seigner como filme de fronteiras, Los Silencios divaga pelo centro dos opostos, sejam eles linguísticos, de gênero ou narrativos. Exibido este ano em Cannes, compete neste sábado (15) na Mostra Competitiva, às 21h.

O título em espanhol já entrega: Los Silencios é filho latino. Para além do nome, uma conexão Brasil-Colômbia é explorada na trama, não só utilizando as regiões como palco, mas marcando nacionalidade das personagens principais. Amparo (Marleyda Soto), colombiana, mãe de dois filhos, encontra vivo seu falecido marido, o brasileiro Adão (Enrique Díaz), ao chegar a uma ilha, fugindo dos conflitos armados de seu país.

Situado na Tríplice Fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, o local em questão se chama Ilha da Fantasia, e, apesar do nome, se trata de um território real. “É uma ilha que passa quatro meses embaixo da água, e oito meses fora; surgiu há 20, 30 anos. Ela fica mais perto de Letícia (Colômbia) do que outros lugares, e é formada principalmente por imigrantes”, explica Beatriz, em entrevista ao JBr.

Los Silencios é quase todo falado em espanhol. Desde que escutei o nome, achei que tinha essa questão da fronteira, que remetia à América Latina. Então deixamos, mantendo a essência do filme”, conta a diretora. Apesar da referência, a obra poderia facilmente se chamar Ilha da Fantasia, pela importância da região na narrativa.

Para explicitar o papel da ilha, sem dar spoilers, a cineasta adianta: “A Ilha é o lugar de margem. Do mesmo jeito que fica dentro e fora d’água, não sabemos o que é presente ou o que é memória nesse lugar, se algo está vivo ou não. A ilha é um lugar de questionamento”.

A estética de Los Silencios grita referências regionais. Por exemplo, “o fluorescente é muito da cultura amazônica, representando energia, e é usado de forma narrativa no filme”. Servindo de palco para isso, a Floresta Amazônica recheou o visual do filme. “É um baita desafio gravar na Amazônia. Chove cinco vezes por dia, o rio corre muito e os ventos são fortíssimos. Mas tudo isso vale a pena porque é tudo muito fotográfico”, diz Beatriz.

Tomando para si a programação natural da ilha, a diretora apostou na execução de cenas que envolvessem o espectador na estrutura do “dentro versus fora”. “Queria que muitas coisas acontecessem fora do quadro e que tivessem episódios noturnos, nos quais um foco de luz seria a única coisa que você enxerga. Nada é mais forte que a imaginação, e isso está no filme”.

Assim como Torre das Donzelas, Los Silencios faz barulho na luta feminista. Além das personagens Amparo e Núria, e da diretora, Beatriz, a equipe de produção do filme é marcada pela forte presença de mulheres, com Sofia Oggioni na direção de fotografia, Renata Maria na montagem, Marcela Gómez na direção de arte, Ana María Acosta com o figurino, e Mari Figueiredo, na maquiagem. Para a cineasta, o protagonismo é um reflexo natural de sua visão de mundo.

Saiba mais:
Participando da Mostra Competitiva de curta-metragem na noite deste sábado, é exibido, a partir das 18h – antes de Torre das Donzelas -, a ficção cearense Boca de Loba, de Bárbara Cabeça, que também traz fortes personagens femininas para a telona. Na segunda parte da noite, a partir das 21h, a película paulistana de Fabio Rodrigo, intitulada Kairo, retrata o clímax na vida do garoto homônimo, que é retirado de sala para conversar com uma assistente social.

Serviço:
51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
De 14 a 23 de setembro. No Cine Brasília (106/107 Sul), Museu Nacional da República (Eixo Monumental), Taguatinga, Sobradinho, São Sebastião e Riacho Fundo. Ingressos: R$ 6, no Cine Brasília; entrada franca nos demais locais. Para programação completa e classificação indicativa, acesse: www.festivaldebrasilia.com.br.

Ficha Técnica de Los Silencios:

Assistente de direção: Yara Guzman
Produção executiva: Leonardo Mecchi
Roteiro: Beatriz Seigner
Direção de fotografia: Sofia Oggioni
Assistente de câmera: Hector Usuga
Operação de som: Gustavo Nascimento
Assistente de operação de som: Rubens Valdes
Chefe de maquinária e elétrica: Diego Pamplona
Trilha sonora: Nascuy Linhares
Mixagem: Jean-Guy Veran
Montagem: Renata Maria
Arte: Marcela Gómez
Figurino: Ana Maria Acosta Ospina
Make up: Mari Figueiredo
Distribuidora: Vitrine Filmes

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado