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Exposições

A força da arte de matriz africana

Orixás: geometria, símbolos e cores reúne obras do artista plástico brasiliense Josafá Neves

Redação Jornal de Brasília

03/02/2020 8h27

exposição Orixás, do artista plástico Josafá Nevesfoto : divulgação

Camilla Germano e Larissa Galli
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O Museu Nacional da República já está com as portas abertas para a visitação da primeira exposição de 2020: Orixás: geometria, símbolos e cores, do artista brasiliense Josafá Neves. Inspirada nas obras de Rubem Valentim, a mostra exalta símbolos e tradições das religiões de matriz africana por meio dos orixás em uma mistura colorida de esculturas, pinturas, instalações e poesia. A mostra tem entrada franca e fica em cartaz até o dia 29 de março — às segundas (14h às 18h30); e de terça a domingo (9h às 18h30).

A exposição reúne a simbologia e as cores que caracterizam a força mística de 16 orixás cultuados no Brasil. A ideia essencial é celebrar o impacto da cultura africana no país — jogando luz sobre uma história que vêm sendo subjugada e desvalorizada ao longo do tempo.

Segundo o curador da mostra, Marcus Lontra, o trabalho de Josafá é extremamente pertinente. “Existe um processo, na história da arte brasileira, que abandonou a influência negra. Nas grandes coleções, por exemplo, a presença negra é completamente eliminada”, pontua.

Mitologia

O próprio Josafá admite a influência de Rubem Valentim na elaboração de seus emblemas alusivos a divindades do panteão iorubano. Composta de esculturas, pinturas a óleo sobre tela e instalações, a arte contemporânea de Josafá Neves traduz a mitologia africana e respeita a representação emblemática das divindades que povoam a cultura afro-brasileira no Brasil.

Segundo Nelson Inocêncio, professor de Artes Visuais da Universidade de Brasília (UnB), porém, o trabalho de Josafá Neves se relaciona também com as obras de outros artistas afro-brasileiros que produziram com base nas mitologias africanas — como o baiano Emanoel Araújo, o mineiro Jorge dos Anjos e o carioca-brasiliense Olumello.

Autodidata

Nascido no Gama em 1971, Josafá Neves começou a desenhar aos 5 anos de idade nas calçadas e ruas da cidade. Aos 7, mudou-se para Goiânia com a família — e foi lá que, a partir de 1996, passou a se dedicar integralmente às artes plásticas.

Nesses 24 anos de dedicação às artes, Josafá já participou de exposições individuais e coletivas também em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Goiânia, Havana (Cuba), Caracas (Venezuela), Paris (França) e Estados Unidos.

Poesia

Desde a concepção, a mostra teve a participação da escritora, atriz e professora de teatro Cristiane Sobral, que produziu uma poesia para cada um dos 16 orixás representados. Em entrevista ao Jornal de Brasília, Cristiane contou que, para escrever as poesias, ela pesquisou lendas, mitologia e imagens das religiões de matriz africana.

“Os textos falam sobre o orixá, fazem uma apresentação para o leitor da identidade daquela figura de uma forma artística, tentando trazer para o cotidiano a ideia de que os orixás são muito mais presentes no dia-a-dia do que a gente imagina”, explica.

A partir de arquétipos da sociedade brasileira, Cristiane apresenta aos visitantes, por exemplo, Iansã, Oxóssi e Ogum. “O intuito é aproximar as entidades e ressaltar suas características de forma a fazer as pessoas entenderem melhor quais são a essência e a energia de cada orixá”, pontua.

Segundo a escritora, um dos destaques da exposição é a representação de Xangô. “O ano de 2020 é de Xangô — que tem a justiça como carro-chefe —, então ele está representado de uma maneira muito especial”, destaca.

Serviço
Orixás: geometria, símbolos e cores
De: Josafá Neves
Onde: Museu Nacional da República visitação até 29 de março, às segundas –feiras das 14h às 18h30; e de terça a domingo das 9h às 18h30

  • Entrada franca
  • Classificação livre
  • josafaneves.com.br

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