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Eventos

Rosa Luz, Ana Béa e MarMitos fazem noite de rap e MPB no Festival Cara e Cultura Negra

Os shows acontecem sábado (14/09), a partir das 19h, no Teatro Nacional Claudio Santoro

Redação Jornal de Brasília

12/09/2019 13h17

Neste sábado (14/09), o Festival Cara e Cultura Negra recebe a rapper Rosa Luz com o show “Contra o Encarceramento em Massa”. Performer, compositora, cantora e youtuber, a multiartista do Distrito Federal compartilha em suas artes a experiência de ser uma mulher trans, negra e periférica.

 

No evento, Rosa Luz canta “Sanguinária”, “Brazilian Bitch” e “De Clandestina a Puta”, entre outras músicas do EP – homônimo ao show – que discute a realidade do sistema prisional brasileiro, racismo e preconceitos sociais.

 

“Trans são tratadas num contexto de violência e patriarcal muito forte. No começo não via isso, mas acho importante as pessoas conseguirem ter um espelho e agora eu poder comunicar isso”, disse Rosa Luz, certa vez, em entrevista.

 

A noite também conta com apresentações dos também brasilienses MarMitos e Ana Béa. Formado por Chocola, Wand1n, MJ Beats e DJ Yank, o grupo de rap mostra as músicas do show “Pra viagem”, como “Protetor de Calango”, “Black é o swing” e “Esquece as bad”. As letras vão além das críticas sociais e políticas e abordam cultura, estudos e empreendedorismo. Já Ana Béa leva ao público o show ‘Aromática’, seu trabalho como cantora, compositora, instrumentista e poeta negra e de origem periférica, inspirada na MPB moderna.

 

O festival

Durante 14 dias, Brasília vai sediar a 15ª edição de um dos principais eventos de valorização das raízes africanas do Brasil: o Festival Cara e Cultura Negra. De 9 a 23 de setembro, no foyer do Teatro Nacional Claudio Santoro, o público brasiliense poderá apreciar e debater, gratuitamente, atividades relacionadas ao tema central “Contemporaneidade Afrodiaspórica”, em diversos formatos: música, artes visuais, seminários, bate-papos, poesia, literatura, moda, gastronomia e oficinas práticas.

 

De acordo com a organizadora do festival, Flávia Portela, o maior objetivo do evento é estimular a reflexão sobre a igualdade racial e a importância da África nos dias atuais. “Ela está muito impregnada no nosso dia a dia, mas não se dá a devida importância, parece que esse passado rico não existiu, por isso é importante buscarmos nossas origens”, comenta. “O festival faz parte de um esforço para superar as barreiras históricas da discriminação e do preconceito, reconhecendo o valor de uma raça que ajudou, com suor e sangue, a construir o Brasil”.

 

Lançamento

A abertura do festival será, no dia 9 de setembro, com a presença de autoridades, performance do grupo Sambadeiras de Mestre Bimba e show de Mateus Aleluia e do grupo Filhos de Dona Maria. Na mesma noite também será lançado o Museu Digital da Memória Negra do DF. “Será uma ferramenta educativa e de pesquisa para contribuir com políticas públicas e ações afirmativas na divulgação e preservação do patrimônio cultural afro brasiliense em formato digital, por meio do compartilhamento de imagens, depoimentos, trabalhos acadêmicos e exposições”, explica Flávia Portela.

 

A edição de 2019

O Festival Cara e Cultura Negra deste ano será ancorado em seis frentes de programação: shows, oficinas, bate-papos, saraus, exposições e mesas de debate. Veja alguns destaques:

 

  • Encontro Nacional Pensamento Negro Contemporâneo

 

Entre os dias 18 e 20 de setembro, o  Festival Cara e Cultura Negra abrirá espaço para debates da comunidade acadêmica com o Seminário “Encontro Nacional Pensamento Negro Contemporâneo”. Serão sete mesas e 24 palestrantes com diálogos sobre raça, gênero e cultura, entre outros temas.

“Quero que seja um espaço de celebração, encontros e debates sobre a intelectualidade negra, que está aí, mesmo sendo subestimada”, afirma Nelson Inocêncio, curador artístico do festival. “A ideia é mostrar que existe uma produção substantiva produzida por mulheres e homens negros”, diz Nelson.

O curador ainda chama atenção para os desdobramentos do Seminário após o Festival. Cada palestrante fará um artigo referente à sua participação no evento e os textos serão publicados juntos. A difusão desse material visa formar público e opinião para as temáticas apresentadas. “Teremos a participação de Nei Lopes, Zezé Motta e Luiz Silva (Cuti), entre outras referências negras muito importantes para pensar temas como ancestralidade e estética negra. O racismo é fruto da ignorância, ou seja, o conhecimento é necessário para superá-lo”, completa.

 

  • Programação cultural

Entre as atrações musicais do festival estão Mateus Aleluia, Zezé Motta, Luedji Luna, Sambadeiras de Mestre Bimba, Rosa Luz e as banda Conexão Chicago e Filhos de Dona Maria.

 

Uma das atrações principais, Zezé Motta retorna à cidade com o show “Atendendo a pedidos”, em que interpreta músicas de Caetano Veloso, Luiz Melodia, Jards Macalé e Elizeth Cardoso. Performer, compositora, cantora e youtuber do Distrito Federal, Rosa Luz é outra convidada e apresentará as faixas do EP “Contra o Encarceramento em Massa”, cujas letras discutem a realidade do sistema prisional brasileiro, racismo e preconceitos sociais.

 

Também muito aguardado, Mateus Aleluia vem da Bahia para trazer música e reflexão ao foyer do Teatro Nacional. Único integrante do grupo Os Tincoãs ainda vivo, Mateus encerra a primeira noite do festival com o show “Aclamação à Olorum”, com canções inéditas e sucessos dos trabalhos solo e do grupo nascido na década de 1960 – referência até hoje na música brasileira. Já no dia 10, ele apresenta a palestra musical Afrobarroco – O canto dos recuados’.

 

A programação ainda inclui o desfile “Adornos”, do estilista Fernando Cardoso, homenageando a ancestralidade das mulheres negras; e as exposições “Contemporaneidade Afrodiáspórica”, “Diáspora Africana – Travessias femininas”, “Estrelas do Blues” (de Ronaldo Ferreira) e “Cores em mim”. A última, com ilustrações digitais de Willian Santiago, propõe um diálogo de moda com brasilidade, evidenciando a mulher negra como protagonista em composições com várias cores e fortes contrastes.

 

O público também terá chance de participar de bate-papos sobre a cena teatral e o mercado de trabalho do artista. Haverá ainda oficinas de Fotografia Básica com a Escola de Cinema Social Cine Braz, e de Máscaras Álèmássà, com Sérgio de Souza. Em Yorubá, Álèmássà significa “aquilo que não pode ser destruído”. Pensando nisso, Sérgio criou um espaço para a reflexão das consequências da poluição de combustíveis fósseis a partir das artes plásticas.

 

“A arte informa, toda programação cultural foi feita para agregar informação e as escolhas desses artistas foram feitas levando em conta a relevância de cada um”, destaca Nelson Inocêncio, curador artístico do festival.

Histórico

Em 15 anos, o Festival Cara e Cultura Negra desenvolveu uma série de atividades: capacitou dois mil professores; ganhou prêmios nacionais e internacionais; promoveu 50 oficinas; produziu dois livros e proporcionou visitas guiadas a mais de 10 mil alunos.

O evento também tem se destacado pela valorização dos artistas negros da cidade e do país, reconhecidos no Brasil e no exterior. Nas edições passadas, o Festival recebeu Negra Li, Sandra de Sá, Ellen Oléria e Dhi Ribeiro, entre outras.


Veja a programação completa em http://www.caraeculturanegra.com.br

Serviço:
15º Festival Cara e Cultura Negra

9 a 23 de setembro
Locais: Teatro Nacional Claudio Santoro (Setor Cultural Teatral Norte)
Entrada gratuita
Classificação Livre  

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