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Festival LGBTQ+ “BOCADIM” acontece no DF

Liberdade, resistência, equidade, oportunidade e amor pautam o BOCADIM, festival multiartístico LGBTQ+ mais longevo da Capital Federal, que chega à sua 6ª Edição com shows, feira criativa e atividades formativas. Com Duda Beat, NoPorn, GALI, Danna Lisboa e muito mais

Redação Jornal de Brasília

14/10/2019 14h34

Embora a comunidade LGBTQ+ tenha conquistado importante vitória com a decisão do Supremo Tribunal Federal ao equiparar LGBTfobia ao crime de racismo, “simbólica e numericamente a nossa comunidade é alvo de pressões em razão das pautas morais e fundamentalistas encontrarem guarida no Palácio da Alvorada”, alerta Dayse Hansa, coordenadora geral do Festival.

Em razão disso, o Bocadim surge como um movimento de contraponto que se alinha ao modo contemporâneo de ativismo, “o qual promove ações, a partir da arte e suas intersecções, que despertem a empatia e o amor para a desconstrução de informações equivocadas que se desdobram em violações dos nossos direitos”, pontua a produtora.

Em dois dias de apresentações artísticas, com 12 atrações locais e de outras regiões do país, o BOCADIM abre os caminhos de sua edição 2019 com uma festa, dia 18 (sexta-feira), no Outro Calaf. Na noite, o trio de DJs REBU – D-Day, Loly e Rafa Ferrugem – dá início à agitação, que fechar com a apresentação impactante de Karla Testa, ambos de Brasília.

O ponto alto da balada será a apresentação do NoPorn, que desembarca em Brasília pela primeira vez. Auto-descrito como “um projeto de poesia eletrônica para dançar”, a performance do trio, Liana Padilha, Lucas Lauri e Lucas Freire, é palavra dita com tom político-romântico pra sussurrar na pista e dançar na cama. “Vamos fazer um mix de músicas dos dois discos e apresentar duas, ‘Índia Vedete’ e ‘MulherPeixe’, do nosso próximo álbum”, antecipa Padilha.

No sábado (19), o BOCADIM se muda para o gramado da Funarte Brasília onde, no palco de nome Vange Leonel, em homenagem à ativista, passarão artistas do Rio Grande do Norte, São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Distrito Federal. Natural de Ribeirão Preto (SP), a cantora e instrumentista GALI traz ao festival sua música influenciada pelo sertanejo de raiz, de Inezita Barroso, bem como da melancolia pop de Lana Del Rey. “Baião, xaxado e arrocha também estarão no repertório deste show inédito com a estreia de nosso novo formato, em trio”, aponta a cantora. Gali sobe ao palco acompanhada por Theo Charbel, na guitarra, e Érica Silva, no baixo.

Politizada e de mente brilhante, para versos e rimas cheios de verdade sobre a dura realidade vivida pela mulher trans periférica, somada a uma voz poderosa, a paulistana Danna Lisboa abala estruturas de posturas conservadoras. Seu primeiro EP “Ideias”, produzido por Nelson D, é conceitual e traz estilos como R&B, Hip Hop, Rock, Ragga e música eletrônica. No palco, Danna surge acompanhada de Nelson D, nas pick-ups, Samuel Bueno, no baixo, Fernanda Aimê, na guitarra, e corpo de dançarinos.

Fecha a programação do 6º BOCADIM, a Rainha da Sofrência Pop, Duda Beat. Com um diário recheado de desabafos ácidos, as letras de Duda dão voz a uma jovem mulher romântica que não consegue se adaptar à fluidez dos relacionamentos contemporâneos. Porém, engana-se quem pensa que o trabalho de Duda faz apologia à amargura – o lamento transformado em arte é impregnado de humor.

Natural do Recife e radicada no Rio de Janeiro, a cantora soma seu timbre forte aos ritmos eletrônicos em músicas que giram em torno do mesmo tema: o amor. Duda recebeu o prêmio de Revelação do Ano 2018 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Indicada na Categoria Revelação 2018 no prêmio WME Awards, Aposta do Ano no MTV MIAW 2019 e está indicada para a categoria Experimente no Prêmio Multishow 2019. “Sinto Muito” foi eleito o 8º melhor disco de 2019 pela lista da Revista Rolling Stone.

Outras atrações do BOCADIM 2019 são Potyguara Bardo do Rio Grande do Norte; Dolores 602, de Minas Gerais, além das locais Natália Carreira, Haynna e Os Verdes, BiduH e Batalha de Vogue (Mini Ball).

À vanguarda dos eventos culturais que se firmam na programação anual brasiliense, o BOCADIM desfila um line-up composto 70% de atrações femininas, feministas e ativistas, “o que é muito raro em festivais mistos”, ressalta Hansa. E mais, 50% das profissionais que irão trabalhar nesta edição são mulheres, assumindo os cargos de brigadistas a seguranças bem como de produtoras e assistentes.

Segundo Hansa, também ativista das causas feminista e LGBTQ+, “esta edição será ainda mais política e potente que as anteriores com mais atividades e propostas que dão sustentação aos fundamentos do projeto”, ressalta. O Brasil é o país que mais assassina pessoas LGBTQ+ e um dos países que mais se violenta e mata mulheres e “cabe a todos nós buscarmos alternativas criativas para mudar esse quadro lamentável”, sugere a ativista.

Reverenciar nomes de ativistas que lutam e lutaram pelas causas LGBTQ+ é também um dos propósitos do Bocadim. Com isso, esta 6ª Edição do Festival deu nome a seu palco principal de Vange Leonel, cantora, escritora e ativista lésbica falecida em 2014, vítima de câncer.

Vange foi colunista da revista Sui Generis, Folha de São Paulo, Mix Brasil e escreveu livros dedicados ao universo LGBT, como Balada para as Meninas Perdidas, Lésbicas, Grrrls: Garotas Iradas e As Sereias da River Gauche, e usava o Twitter para fazer críticas ao machismo e homofobia. Prima de Nando Reis, dos Titãs, Vange se tornou conhecida nacionalmente com a canção “Noite Preta”, tema de abertura da novela Vamp, da Rede Globo.

Na 5ª Edição do festival, o palco se chamou Cassia Eller e ficou posicionado ao lado da sala que leva o nome da cantora no Complexo Cultural da Funarte, em Brasília.

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