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Festa do Divino: Planaltina vive mais uma edição da tradicional festividade

Paróquia São Sebastião é o centro das festividades que acontecem há 137 anos na cidade mais antiga do DF

Redação Jornal de Brasília

01/06/2019 20h19

Festa do Divino: Planaltina vive mais uma edição da tradicional festividade

A centenária Planaltina, a cidade mais antiga entre as regiões administrativas, prestes a completar 160 anos, é também a que festeja uma das maiores celebrações católicas do Distrito Federal. Desta sexta-feira, 31 de maio, até 09 de junho, a cidade recebe a 137ª edição da Festa do Divino. O evento que funde elementos culturais com religiosidade é a segunda maior celebração local da Igreja Católica na cidade (43 km de Brasília), atrás somente da Via-Sacra realizada no Morro da Capelinha, na Páscoa, de acordo com dados da Administração Regional.

Patrimônio cultural imaterial do DF pelo Decreto nº 34.370, de 17 de maio de 2013, a Festa do Divino recorda a descida do Espírito Santo sobre os 12 apóstolos de Jesus Cristo, em Pentecostes, sete semanas depois da Páscoa. A expectativa é que este ano, um dos momentos mais importante da celebração, marcado para o dia 8 de junho, reúna 15 mil pessoas na Paróquia de São Sebastião, com a Missa da Alvorada da Folia de Rua, presidida por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A Festa do Divino acontece por 10 dias no período que precede a Solenidade de Pentecostes. Durante esse período, Planaltina toda respira e vive a Festa do Divino, sendo celebrada ao mesmo tempo em todas as Paróquias da Cidade. No Primeiro dia da Novena é realizada a Bênção das Divisas. A Divisa do Divino é uma insígnia com uma medalha do Espírito Santo e fitas correspondentes aos cargos exercidos. As divisas são entregues aos foliões que são aqueles devotos que doaram seu trabalho e dedicação para a realização da festa.

Festa do Divino completa 137 anos

Durante os nove dias de novena, por sete dias são oferecidas fartas distribuições de comida após as missas nas casas dos devotos que abrem suas portas para receberem A Coroa e a Bandeira do Divino que percorrem as ruas da Cidade em cortejo. Na casa anfitriã, toda a comunidade se reúne para realizar a Novena em Família.

Na véspera de Pentecostes no início da manhã, é celebrada a Missa da Alvorada onde os devotos são enviados, pela Luz do Espírito Santo, sob a proteção de Nossa Senhora, a percorrerem as ruas da Cidade levando a Bandeira do Divino, juntamente com a Coroa a todos aqueles que pedem sua passagem. A cada casa que se pede parada, é oferecido um farto café àqueles que com fé e devoção lotam as ruas da cidade louvando e agradecendo ao Divino Espírito Santo pelas graças recebidas, formando assim o Giro da Folia de Rua.

No início da tarde, os devotos oriundos de todos os bairros de Planaltina, juntamente com os cavaleiros da Folia de Roça se encontram na Praça da Igreja Matriz para ali celebrar o Encontro das Bandeiras. Após esse momento é oferecido um almoço aberto ao público pelo Imperador e pelo Folião de Rua, na Praça São Sebastião, onde milhares de devotos se confraternizam em harmonia e unidade. Após a Missa no último dia de Novena, ascende-se a fogueira que representa a Vigília dos Apóstolos, e levanta-se o Mastro que representa a Descida do Espírito Santo. A fogueira permanece acessa a noite toda, representando a vigília dos Apóstolos na véspera de Pentecostes. O Mastro, simboliza que a cidade está em Festa, e indica que aquela cidade onde ele está levantado é do Divino Espírito Santo.

O Domingo de Pentecostes, ápice da Festa, é coroado pelo Tradicional Cortejo Imperial, onde todo o Império do Divino percorre as ruas do Setor Tradicional, desde a casa do Imperador até a Igreja Matriz, onde solenemente, se celebra a Missa do Imperador para o encerramento da Festa do Divino.

Como tudo começou

A Festa do Divino foi instituída pela Rainha Santa Isabel de Portugal no Ano de 1321, tendo como origem direta das Celebrações Religiosas de Pentecostes realizadas 50 dias após a Páscoa, nas quais se reverenciava a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade com farta distribuição de comida e esmolas. A Celebração do Divino Espírito Santo teve sua origem por volta de 1320 na promessa da Rainha D. Isabel de Aragão feita ao Divino Espírito Santo de peregrinar o mundo com uma cópia da Coroa com uma pomba sobre ela, como símbolo do Divino Espírito Santo, para arrecadar donativos em benefício dos pobres.

Com a transferência da Corte Portuguesa em 1808 para o Brasil, a Festa do Divino teve seu começo expressivo na então colônia portuguesa das Américas, onde a devoção ao Divino Espírito Santo encontrou solo fértil para florescer, assim se espalhando de norte a sul do País, e se perpetuando até os dias de hoje.

A chegada em Planaltina

Segundo registro histórico, a primeira Festa do Divino em Planaltina foi no ano de 1882, sob a regência da Imperatriz, Auta Carlos de Alarcão. Conta-nos a história, que neste mesmo ano, trouxe da Cidade de Niquelândia, Goiás, uma coroa fundida em latão, para que se começasse a devoção ao Divino Espírito Santo no então Arraial de São Sebastião de Mestre D’Armas, hoje, Planaltina. A Comemoração de Pentecostes foi tão cativante, que fez brotar devotos, ganhando corpo e solidez, se tornando uma das maiores Festas do Divino no País, adquirindo uma estrutura singular com manifestações culturais específicas que foram passadas de geração em geração até os dias de hoje.

Apresenta-se desde o começo da Festa, primeiramente, somente a Figura do Imperador que é aquele escolhido para portar a Coroa e o Cetro sob a Salva (bandeja onde se depositam esmolas), símbolos do Império do Divino Espírito Santo e do seu poder universal. Feita de prata, cravejada de pedras vermelhas, foi ofertada pelas famílias proeminentes da Cidade.

Nos idos do ano de 1942 foi inserida na Festa a Figura do Folião de Rua, que é aquele que porta a Bandeira do Divino, símbolo sagrado de maior expressão popular, que representa a descida do próprio Espírito Santo Paráclito, sendo o primeiro Folião de Rua, Alfredo Alves Santana, conforme os registros.

Desde então se deu a primeira composição da Sede Imperial, até o ano de 1972, onde a Folia de Roça foi inserida na Festa do Divino em Planaltina, sendo o Primeiro Alferes Francisco Mundim Guimarães. O Alferes é aquele que porta a Bandeira peregrina que percorre as regiões rurais até chegar à cidade na Véspera da Festa de Pentecostes.

A partir de então a Sede Imperial passou a ser composta pelo Imperador, Folião de Rua e Alferes. Além da Sede Imperial, a estrutura da Festa é composta pelos cargos do Guia de Folia; Mordomos do Mastro, Fogueira e Barraca; Preparadores do Largo e Procuradores da Sorte; Juízes de Missa e Protocolo Cerimonial. Todos esses cargos compõem a Corte Imperial representando dessa forma o Império do Divino.

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