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Cinema

“O Escândalo” narra bastidores do machismo na televisão americana

Leonardo Resende

16/01/2020 14h35

A redação do canal Fox News e uma agência de modelos possuem diversas semelhanças. Graças ao poderio (e doentio) aspecto de Roger Ailes selecionar toda a equipe jornalística baseado no corpo das mulheres. Essa sua característica desagua em um dos maiores escândalos dos bastidores da televisão americana. Toda a dramatização dos fatos pode ser vista no filme O Escândalo, que estreia nos cinemas da cidade hoje (16).

Megyn Kelly (Charlize Theron) é uma âncora destemida e extremamente engajada em igualdade de gênero, mesmo ela se ausentando de movimentos feministas, suas justificativas são extremamente legitimas: “Não sou feminista, apenas tenho um compromisso com a verdade”.

De outro canto da redação, Gretchen Calson (Nicole Kidman) atinge a exaustão devido ao comportamento machista de Roger. Para o editor, as mulheres devem mostrar pernas, estarem sempre lindas e nunca podem envelhecer. Gretchen se nega a participar de tal movimento e perde seu emprego. Decidida, ela procura advogados para processar Roger.

Foto – Divulgação

Em tons fictícios, entra a personagem Kayla (Margot Robbie), uma jovem evangélica que está em seus primeiros anos na carreira jornalística. Embebida por sua vontade de crescer dentro da Fox News, Kayla se torna a nova vítima de Roger, quando o mesmo insinua que ela deve fazer sexo oral para ganhar uma promoção.

Com o roteiro de Charles Randolph  e direção de Jay Roach, essas três personagens vão colidir, tanto suas histórias quanto suas angústias. E isso é extremamente bem explorado pela atuação do trio de atrizes. Charlize Theron concentra toda a força motriz de Megyn como uma mulher destemida e competitiva, mas que expõe sua empatia por Gretchen quando a mesma resolve processar Roger.

Theron, quem concorre ao Oscar de Melhor Atriz este ano, nunca esteve tão compenetrada em um papel de personagem real. Margot Robbie, por mais que tenha um papel com personagem fictício, consegue mostrar suas confusões ao ter sua moral em conflito em uma cena horrível de abuso sexual.

Infelizmente, o roteiro não dá muito espaço para Nicole Kidman demostrar seus dotes como atriz, sendo ofuscada pelas outras moças. Por mais que tenha uma direção masculina – o que surpreendentemente tem empatia pela história das jornalistas – o filme enfraquece ao mostrar soluções muito simplórias, não mostrando como a experiência de um abuso pode ser traumático. Porém, retrata como isso é algo que deve ser lutado por dignidade.

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