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Cinema

Cine Drive-in poderá ser o novo palco do Festival de Brasília

Secretário de Cultura do DF Bartolomeu Rodrigues estuda formas de tornar viável essa ideia

Larissa Galli Malatrasi

26/05/2020 15h24

Cine Drive-in

Foto: Agência Brasília

No DF como em todo o mundo, a pandemia impõe restrições severas à área cultural — já que eventos artísticos e espaços culturais costumam levar a grandes aglomerações. Mesmo com a reabertura de parte do comércio no DF, ainda não há previsão para a liberação de atividades culturais.

O que fazer, então, para garantir a realização do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro?

Felizmente, o secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues, não está disposto a permitir que a pandemia impeça a realização deste que é um dos maiores e mais importantes festivais de cinema do país — que anualmente lota o Cine Brasília, agita a cena local e coloca a cidade firmemente no eixo dos grandes acontecimentos da cultura nacional. “Muitos eventos culturais na nossa cidade já foram adiados ou cancelados; não vamos deixar isso acontecer com um dos festivais de cinema mais importantes do Brasil”, disse o secretário.

A solução está sendo pensada por um grupo de trabalho montado pela Secretaria de Cultura. Entre as opções — para além da realização do evento em plataformas virtuais —, Bartolomeu Rodrigues adiantou que há a possibilidade de realizar o festival de forma presencial no Cine Drive-in, neste momento o único cinema da América Latina que tem permissão para funcionar. Segundo o secretário, a exibição de filmes na telona seria um “plus” para que o público pudesse “matar a saudade do cinema”, já que a ideia central é disponibilizar a programação on-line.

“Pensamos no modelo de realização virtual e começamos a estudar as possibilidades. Como temos o Cine Drive-in que está liberado para funcionar, consideramos que poderia ser uma boa ideia para colocar o festival em uma telona de cinema, como sempre ocorre no Cine Brasília. Para o público matar a saudade da telona, mesmo que dentro do carro”, explicou. A ideia central, no entanto, é garantir a realização virtual do festival.

Plataforma virtual

Festivais importantes no mundo inteiro estão sendo realizados em plataformas virtuais. Aqui no Distrito Federal, o 7º Brasília International Film Festival – BIFF, com o apoio da Secretaria de Cultura, foi pioneiro na realização virtual de mostras competitivas no Brasil.

O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro apresenta um desafio maior porque tem um alcance muito grande e gera impacto direto no desenvolvimento e na valorização do cinema nacional. “Desafio é bom e eu gosto. A vitória é mais gostosa. Não vamos nos deixar vencer por alguns obstáculos”, afirma Bartolomeu — acrescentando que “a realização de forma virtual de um festival de cinema da magnitude do Festival de Brasília é uma experiência totalmente nova; estamos entrando em uma avenida que nunca trafegamos antes e não queremos errar”. Apesar da confiança, há também cautela no processo. “Temos conhecimento de muitas plataformas de streaming e das tecnologias, mas mesmo assim não é nada garantido.”

Bartô — como é conhecido — diz que a equipe está em busca de referências “no mundo todo”. O Festival de Cannes, por exemplo, um dos mais importantes do mundo, estava marcado para este mês e também está sendo repensado.

Ao Jornal de Brasília, Bartolomeu Rodrigues adiantou que a Secretaria de Cultura do DF está fazendo contatos com representantes de plataformas virtuais de streaming mundialmente conhecidas — e que a recepção está sendo boa. O cenário, segundo o secretário, é animador. “Estamos buscando parcerias, estudando contratações e avaliando os aspectos legais. As respostas têm sido boas, porque o Festival de Brasília tem uma marca que agrega muito prestígio”, comemora.

Bartolomeu acredita que em 15 dias o grupo de trabalho esteja pronto para apresentar um desenho das possibilidades para a edição 2020 do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

“Espero em breve ter notícias muito boas. Estamos trabalhando com cuidado para fazer essa engrenagem funcionar e transformar a vontade de realizar o festival em um gesto concreto. Estou muito animado, porque pode ser uma chance de transformar o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em um evento mundial”, acrescenta.

Fenômenos naturais
Apesar de afirmar que a possibilidade de exibição de filmes do festival deste ano no Cine Drive-in ser “bem real”, o secretário Bartolomeu disse que é preciso levar em consideração o aspecto meteorológico.

“Estamos de olho em dois fenômenos naturais: o clima e o vírus. Novembro já é considerado período de chuvas, o que inviabiliza a realização no Cine Drive-in; setembro está muito próximo para tomar todas as providências necessárias. O confinamento e o teletrabalho atrapalharam um pouco, mas vamos tocar o planejamento e pensar em uma data para o final de setembro e início de outubro”, disse.

De acordo com Bartô, a realização do evento no Cine Drive-in é “uma solução excepcional para uma situação excepcional”.

Ele garante que a intenção não é “elitizar” o festival, já que só quem tem carro poderia comparecer, mas sim tornar possível a exibição de filmes na telona, em uma ação simbólica para o cinema. Na plataforma virtual, a ideia é que a programação esteja acessível.

“O momento é de total incerteza sobre a liberação dos cinemas. Se a gente for observar o que está acontecendo no Brasil, percebemos que as perspectivas não são boas. É difícil prever e eu não quero arriscar. Quero que o festival aconteça e que dê certo. O grupo de trabalho é formado por pessoas com muita experiência, que estão empenhadas em buscar soluções para o festival. Estou animado!”, finaliza

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