Marcos Paulo Ribeiro de Morais, conhecido como “Marcão do Povo”, sugeriu na manhã de ontem (7), durante o seu programa, que pacientes infectados pelo novo coronavírus, deveriam ser colocados em um campo de concentração, afim de evitar que o vírus se espalhasse e para conter gastos excessivos. Tais palavras lhe custaram a suspensão do apresentador do SBT.
Após se reunirem na tarde desta quarta-feira (8), a diretoria da emissora decidiu pela suspensão do apresentador. A partir de agora, o programa será comandado por Dudu Camargo e Márcia Dantas. Mais cedo, o SBT teria divulgado uma nota afirmando que o âncora gozava de “total liberdade de expressão”.
Com a saída oficializada, o canal enviou uma nova nota. Leia na íntegra:
Nota Oficial:
“Ontem, durante a exibição do programa jornalístico Primeiro Impacto, o apresentador Marcos Paulo Ribeiro de Morais, popularmente conhecido como Marcão do Povo, se utilizou do espaço em nosso jornal para expressar uma opinião de cunho pessoal que dizia respeito ao tema tão delicado que o mundo e nosso país atravessam: a COVID-19.Gostaríamos de esclarecer ao público, às autoridades, àqueles que estão na linha de frente ao combate incessante da pandemia e, em especial, às pessoas vitimadas, que de forma alguma a opinião expressada pelo apresentador reflete o pensamento, a atitude e o respeito que a emissora tem pelo momento atual. Temos total consciência da relevância do assunto e temos, a todo momento, nos preocupado em informar e esclarecer de forma isenta e imparcial os acontecimentos e as providências que as autoridades e todos brasileiros estão adotando para vencermos essa enorme crise de saúde já presente, e a econômica que se avizinha.
Desta forma, sinceramente lamentamos que o apresentador tenha usado nossa plataforma de modo que contraria tão profundamente os nossos princípios. A todos que de alguma forma possam ter se ofendido ou mesmo se indignado com as opiniões pessoais do apresentador, nossas mais sinceras desculpas.
Nossos profissionais de Jornalismo seguirão na dura missão de bem informar, sempre preocupados com o bem estar de todos os brasileiros.
O apresentador foi suspenso de suas funções.
Respeitosamente,
A Diretoria”
Marcão, que não possui nenhuma formação na área médica, decidiu sugerir ao presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre como lidar com a pandemia, que até o momento já matou mais de 85 mil pessoas em todo mundo. “Não seria interessante pegar, por exemplo, o Exército, a Aeronáutica, a Marinha, montar um campo de concentração, de cuidados, com os equipamentos mais sofisticados, com os melhores profissionais, e colocar essas pessoas com problemas ou com sintomas?”, questionou.
A fala do apresentador, rendeu várias críticas nas redes sociais.
Devia ser era demitido
— Jaguatirica 🌵 (@drigohenry) April 8, 2020
As ideias do cidadão que tem um programa de TV em rede nacional. Marcão do Povo sugeriu um campo de concentração (!) pra isolar todos os casos confirmados de Coronavírus. Na visão dele, dessa forma, o resto do povo pode voltar à normalidade e trabalhar sem maiores problemas. pic.twitter.com/TIrBGNAOXk
— Gabriel Vaquer (@bielvaquer) April 8, 2020
https://twitter.com/IgorNavarroBFR/status/1247976746294620163?s=20
O apresentador ainda criticou as medidas de contingenciamento do comércio que os governadores estão tomando afim de evitar a proliferação do vírus.
“Então, presidente, é uma dica. Dá um decreto, põe o Exército nas ruas, Marinha e Aeronáutica. Aí, o governador que descumprir, faz igual tão fazendo com o povo, cana! Monta um campo, trata essas pessoas lá e o comércio abre e todo mundo vai trabalhar normalmente”, afirmou.
Veja um trecho do vídeo:
Campo de concentração
Estes centros de confinamento militar estão marcados no que há de mais nefasto na história da humanidade, principalmente naqueles criados durante o Holocausto, na Alemanha nazista. No Brasil, um dos casos mais chocantes ocorreu após a Grande Seca (1877-1879).
Naquele período, o governo brasileiro criou sete campos de concentração em diversas cidades do Ceará, confinando cidadãos que fugiam da miséria causada pela seca, impedindo-os de chegar às grandes cidades.