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Entretenimento

Caixa Cultural apresenta: A chegada de Lampião no Inferno

Colaborador JBr

04/11/2016 12h36

Divulgação

A montagem, indicada ao Prêmio Shell de Teatro em 2 categorias – Melhor Cenografia e Melhor Iluminação –  estreou com sucesso no Rio de Janeiro em 2009 e cumpriu uma bela temporada, com casa lotada em todas as sessões. O trabalho circulou ainda por outros estados do país e festivais internacionais, trazendo para o palco as cores vivas e fortes do Nordeste Brasileiro que em cena se fundem a um olhar do sudeste, urbano e contemporâneo.

Partindo de uma recriação do famoso cordel, que dá nome ao espetáculo, a PeQuod remonta a ideia do sertão mítico de Antonio Conselheiro e de Glauber Rocha. No entanto, a figura que os une é a personagem mais atraente que o sertão já produziu: Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. A montagem de “A chegada de Lampião no Inferno” é claramente dividida em duas partes, que dão conta de como a PeQuod utiliza os bonecos com forma de expressão que pode se mesclar aos atores de forma igualitária.

Na primeira parte do espetáculo, mais do que contar a vida de Lampião, conta-se o ciclo do cangaço que compreende vingança, exílio e revanche. Partindo de uma dramaturgia que se sustenta através de versos, preces, notícias de jornal e relatos, a PeQuod apresenta esta parte apenas com bonecos e com a narração do ator Othon Bastos. Semelhante a um documentário ao vivo, é contada a história de um menino que perde a família e que por capricho do destino incorpora-se ao bando de Lampião até a sua derrocada em Angicos.

Na segunda parte do espetáculo, os manipuladores dos bonecos assumem, de forma surpreendente, um novo lugar na cena e passam a mostrar o momento seguinte à morte de Lampião. Já no inferno, o cangaceiro desafia o dono do lugar, exigindo a posse daquele mundo quente igual ao sertão. O demônio, no entanto, não permite que ele fique lá.

Desterrado em morte, a única saída para Lampião é refazer o caminho de volta, para não ser esquecido, para tornar-se o que ele é hoje em dia. E assim ele retorna, transformado. A permanência da figura icônica de Lampião é, portanto, este retorno. São ceramistas, poetas, gravuristas, cineastas, cordelistas, músicos que replicam cada um a seu modo e seu tempo, esta força imagética.  Questões tão prementes aos dias de hoje como identidade, pertencimento e territorialidade são apresentadas neste espetáculo com a qualidade, inteligência e elegância que sempre caracteriza os trabalhos da PeQuod.

Bonecos no Sertão e no Inferno

Bonecos de barro. Estética nordestina. Profunda pesquisa de linguagem. Uma provocação ao próprio elenco. “Buscamos nos desamarrar da região Sudeste, da nossa vivência de zona sul do Rio de Janeiro para descobrir o nordestino que há em cada um de nós”, o diretor Miguel Vellinho assim resume a criação do espetáculo da Cia. Pequod – A Chegada de Lampião no Inferno.

A Companhia foi fundo na pesquisa, indo ao Alto do Moura em Caruaru, interior de Pernambuco, para ver de perto os bonecos de barro e a herança de Mestre Vitalino. Baseado no famoso cordel A Chegada de Lampião no Inferno, o espetáculo é dividido em duas partes. A primeira delas é passada em uma olaria, como as de Caruaru. Ali, artesãos contam o ciclo do cangaço até o último dia de vida de Lampião, revelando a sombra que ele produziu e ainda produz em toda região nordestina. “Desenvolvemos bonecos, que parecem feitos de argila, material que também é usado em cena”, diz o direto.

A segunda parte mescla atores e bonecos e ganha ares de Divina Comédia. Após a morte, o cangaceiro vai para o Inferno, onde encontra semelhanças com o sertão. Lampião tenta enfrentar o Diabo para dominar aquele lugar, mas depara-se com a impossibilidade de matar, já que todos estão mortos.

Auxílios luxuosos

A PeQuod, como sempre, traz uma ficha técnica impecável e desta vez, para encontrar a sonoridade necessária de um Nordeste “pequodiano” trouxe o músico André Abujamra para criar especialmente a trilha sonora desta nova produção.

“O Nordeste do Abujamra é extremamente rico de informações e principalmente não se fecha em um purismo que não mais existe. Há desde rock pesado até influências do oriente médio na trilha. E eu queria exatamente isso, um Nordeste contaminado de influências. Sou fã do André desde Os Mulheres Negras e sabia que ele era o cara certo para criar a atmosfera sonora do espetáculo”, conta o diretor da companhia.

Outra participação marcante é do ator Othon Bastos que empresta sua voz para conduzir o público aos confins do sertão e às artimanhas do cangaço. “O Othon era a amarração conceitual que eu precisava e fiquei muito feliz pela sua disponibilidade e empenho, durante o processo. Sempre achei que a voz dele, a voz de Corisco, era a voz que faria a narração do espetáculo e assim foi” revela Miguel Vellinho.

Sobre a PeQuod

Com 17 anos de existência, a PeQuod é uma das mais destacadas companhias de teatro de animação do país, com um repertório sólido e reconhecido em todo o Brasil e no exterior. Desde sua primeira montagem, a PeQuod procura trabalhar dentro de uma metodologia que propicie um aglutinamento visual e estético muito peculiar de linguagens variadas como o Cinema, o desenho animado e a dança, sendo esta uma das principais características do trabalho desta companhia. www.pequod.com.br

Teatro: A Chegada de Lampião no Inferno com a Cia. Pequod – Teatro de Animação
Local: CAIXA Cultural Brasília – Teatro da CAIXA (SBS Quadra 4 Lotes 3/4 edifício anexo à matriz da CAIXA)
Data: 10 a 13 de novembro de 2016
Hora: de quinta-feira a sábado, às 20h; e domingo, às 19h
Ingressos: vendas a partir de 5 de novembro (sábado). R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). Estudantes, professores, funcionários e clientes CAIXA, pessoas acima de 60 anos e doadores de livro pagam meia-entrada. Pagamento em dinheiro, cartão de débito e Vale-Cultura.
Bilheteria: (61) 3206-6456 (de terça a sexta-feira e domingo, das 13h às 21h; sábado, das 9h às 21h)
Classificação etária: 16 anos

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