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Brasília

Voluntários transformam a vida de crianças por meio do jiu-jitsu

Arquivo Geral

12/12/2018 7h00

Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasilia

Lígia Vieira
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Há sete meses, todas as terças e quintas à noite, no último andar do prédio do projeto Realizando Sonhos, no Varjão, uma turma de 26 crianças de 4 a 11 anos se reúne para treinar jiu-jitsu. A ideia surgiu quando os voluntários Tiago Braga e Alexandre Araújo entraram em contato com a Igreja Batista Capital e se dispuseram a fazer parte da iniciativa, que, além da arte marcial, oferece cursos de reforço escolar, xadrez e outras atividades para adolescentes e crianças carentes moradoras da região.

Atualmente, seis voluntários praticam jiu-jitsu e ajudam a aprimorar a técnica dos alunos. Entre eles está Tiago Braga, a mente criadora do Luta Mais Varjão. “Há 22 anos sou lutador de jiu-jitsu e sempre quis fazer um projeto para crianças. Queria propor uma aula que não fosse apenas lúdica, mas que os pequenos também aprendessem a metodologia, técnica e disciplina”, conta.

Ideia em prática

Ele, então, conheceu o projeto Luta Mais, que oferece aulas gratuita da arte marcial na Asa Norte para adolescentes e contou da vontade de implementar uma versão para os pequenos. O organizadores do Luta Mais, portanto, o apresentaram ao Realizando Sonhos e Tiago conseguiu materializar o que era apenas uma ideia.

Atualmente, o projeto ajuda crianças de famílias de baixa renda e tem pretensões para crescer, pois há uma grande fila de espera para participar. “Mesmo com a diferença de idade, não há uma grande diferença entre os alunos quanto ao aprendizado do jiu-jitsu”, afirma Thiago Braga.

Os mais bagunceiros

A turma que o professor Tiago recebeu é composta por crianças que tinham problemas de comportamento – os alvos mais frequentes de reclamações dos professores. Mas hoje elas aprenderam a ter disciplina por meio das aulas de luta. Até os pais afirmam que eles melhoraram dentro de casa.

“As crianças mudaram muito nesse período. Cresceram bastante, mas mudaram principalmente o comportamento. Era bem complicado no começo, mas 30 dias depois eles já entendiam como era a disciplina no tatame”, relembra Adriana Nery, uma das ajudantes voluntárias do projeto Luta Mais Varjão.

A empregada doméstica Paula Pereira, 35 anos, mãe da faixa cinza Maria Gabriela, 8, conta que todo dia era uma queixa diferente vinda das professoras da escola em que a filha estuda.

“Antes era reclamação demais, porque ela ficava conversando na aula, respondendo a professora. Agora ela está menos respondona e gosta muito de participar do projeto”, afirma.

Práticas acabam com a bagunça

Um exemplo de atitude que as crianças não podem ter é faltar mais de três vezes sem justificativa. Quando há barulho, os pequenos lutadores devem levantar a mão e esperar o silêncio. E se alguém está bagunçando, fica em um canto observando a aula sem participar.

Manuel Ferreira dos Santos, 34 anos, vigilante e pai de Pedro Emanuel, de 5 anos, concorda que o filho está menos bagunceiro. “Ele está muito mais calmo, mais sensível, melhorou bastante o comportamento. Ele agora escuta o que a gente fala em casa”, observa.

Além da melhoria no comportamento, a turminha já teve outras conquistas. No final de novembro, sete alunos participaram de um campeonato com lutadores mirins de várias regiões do DF. Todos saíram campeões: seis ganharam medalha de ouro e um de bronze.

Os estímulos da arte marcial ajudam até no desenvolvimento cognitivo dos pequenos. “Uma criança nem olhava no olho quando a gente conversava. Hoje participa, conversa”, conta, feliz, Adriana Nery.


Serviço

Ajude os voluntários
Para participar do treino os alunos têm de se associar ao Realizando Sonhos. Porém, quem estiver interessado em ajudar a iniciativa a crescer, os voluntários aceitam doações para comprar quimonos, faixas, tatame e outros objetos como cordas e elásticos, que irão ajudar no treinamento;
Para fazer doações, basta entrar em contato por meio do perfil no Instagram @lutamaisvarjao;
O prédio do Realizando Sonhos fica entre as Quadras 8 e 9, próximo à praça central do Varjão.

 

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