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Brasília

Vídeo: o ex-combatente que venceu a guerra do coronavírus

Aos 99 anos, Ernando Piveta recebeu alta médica, após oito dias internado no HFA em virtude de complicações causadas pelo novo coronavírus

Aline Rocha

14/04/2020 18h09

Brazilian 99-year-old former WWII combatant Ermando Armelino Piveta, gestures as leaves the Armed Forces Hospital in Brasilia, after being treated for the novel coronavirus COVID-19 and discharged, on April 14, 2020. – Piveta was admitted to hospital on April 6 and treated at the hospital’s ?COVID Ward?, reserved for positive cases of the disease. (Photo by EVARISTO SA / AFP)

O dia 13 de abril passou a significar uma dupla vitória para as Forças Armadas. Além de marcar o início da Tomada de Montese, em 1945, célebre batalha ocorrida na Itália na qual a expedição brasileira enviada à Segunda Guerra foi decisiva na vitória dos aliados sobre forças nazistas, a data agora representa o dia em que um dos ex-combatentes brasileiros venceu a própria guerra, contra a covid-19.

Aos 99 anos, Ernando Piveta recebeu alta médica, após oito dias internado no Hospital das Forças Armadas (HFA) em virtude de complicações causadas pelo novo coronavírus e é um dos pacientes mais velhos a serem curados da doença no Brasil. “Essa guerra não foi fácil”, resumiu a filha, Vivian Piveta.

Para celebrar o momento, o Exército providenciou honras militares ao veterano de guerra. Em uma cadeira de rodas e com a mão direita apontada para a cabeça, em gesto de continência, Piveta deixou o hospital de boina e com o brasão da Força Expedicionária Brasileira (FEB) sobre o colo.

Com os braços erguidos em comemoração, emocionou-se ao ouvir da corneta de um militar o toque dedicado aos ex-combatentes e a forte salva de aplausos que lhe foi dedicada pela equipe médica que o acompanhou. O praça havia chegado à unidade com febre e falta de ar. Exames confirmaram o coronavírus.

Para vencer a covid-19, no entanto, Ernando Piveta não foi munido com a arma preferida do presidente Jair Bolsonaro contra doença, a cloroquina. A equipe do HFA concluiu que a medicação poderia gerar efeito reverso no paciente, dadas as complicações de saúde que ele apresentava.

Durante o período hospitalizado, o ex-combatente também acabou tendo uma infecção pulmonar. “Foram usados antibióticos, pela infecção secundária que ele possuía. A hidroxicloroquina, ou outro tipo de tratamento específico, nesse caso, não foi possível pelas patologias que ele já possuía”, afirmou o diretor-técnico de saúde do HFA, contra-almirante (médico) Nelson.

Por outro lado, em outros três pacientes com coronavírus que receberam a alta no mesmo dia a substância foi administrada e os resultados foram satisfatórios. “Infelizmente, o Ernando não pôde usar, mas o desfecho foi favorável”, completou o contra-almirante.

O uso do medicamento é um dos motivos da desavença entre Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O presidente propagandeia a cloroquina e a hidroxicloroquina como drogas essenciais no tratamento de pacientes com o novo coronavírus.

O ministro, por sua vez, fala desses produtos com cautela. Vem reiterando que faltam pesquisas mais sólidas sobre a eficácia. Mesmo assim, a pasta já definiu protocolos para que hospitais usem essas substâncias em pacientes que estejam internados em quadro grave ou moderado.

Até esta terça-feira, há dez pacientes internados no HFA por conta da covid-19. Cinco estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) – sendo quatro deles em estado grave. Os outros cinco se recuperam na enfermaria.

Ernando Piveta, hoje 2º tenente do Exército, é de Laranjal Paulista, em São Paulo, mas vive em Brasília. Tornou-se militar em 1940, quando incorporou-se ao Batalhão de Itu (SP). Durante a guerra, participou de treinamentos em Dakar, no Senegal, e atuou em missões de guarda da costa brasileira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

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