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Brasília

Vai se casar? Conheça os celebrantes de casamento mais procurados do DF

Arquivo Geral

07/07/2018 8h30

Atualizada 06/07/2018 11h37

Myke Sena/Jornal de Brasília.

Raphaella Sconetto
[email protected]

Na hora de dizer o “sim”, os noivos querem que cada detalhe do casamento esteja em perfeita sintonia com os gostos e sonhos do casal. Embora passe despercebido por alguns convidados, os celebrantes, seja um juiz de paz ou um líder religioso, também são peça fundamental da cerimônia. Nesta reportagem, o Jornal de Brasília mostra os celebrantes mais indicados e procurados pelos noivos e revela quais são os segredos e diferenciais para se destacar no meio.

Juiz cantor

Na hora de cativar os noivos e arrancar lágrimas dos convidados vale de tudo, até mesmo cantar. O que se destaca e é um dos mais procurados pelos casais é o juiz de paz Nycholas Pontes, 30 anos, que trabalha no Cartório Colorado. O canto começou como uma opção, mas acabou caindo nas graças dos noivos. Agora, todos pedem que ele cante alguma canção durante a cerimônia.

Formado em Direito, Nycholas agora é juiz de Paz em um cartório no Colorado. 13-06-2018. Foto: Jornal de Brasília

“A ideia veio de uma brincadeira que não pensamos que fosse dar tão certo. É algo que não tem em outros locais. Outros celebrantes por vezes fazem, mas utilizam uma mesma música. Isso tudo veio num conjunto de inovação: o que preparamos aqui no cartório não é somente um casamento civil, é a celebração. O espaço foi pensado para isso”, afirma.

Nycholas conta que o cartório tem uma proposta ainda maior. “Dar um tratamento mais humano aos casamentos. Existem muitos casais que não têm a possibilidade e o poder financeiro para fazer festa, pagar uma banda, pagar pessoal de fotografia. Criamos a sala pensando nesses casais”, acrescenta.

Formado em Direito, ele atua como juiz de paz há três anos no cartório. Nesse tempo, acumula mais de cinco mil casamentos realizados. “Por semana são, em média, 40. Por dia, são oito cerimônias, contando com os casamentos fora do cartório”, calcula. Para dar conta da demanda, o cartório reserva meia hora para cada casal e conta com mais dois juízes de paz.

Agenda lotada

Para marcar um casamento, a agenda de Nycholas, no entanto, está disponível só para fevereiro do próximo ano – apenas nas segundas, quartas e quinta-feiras. Nas sextas, há vagas em março. “Os casais precisam entrar no site do cartório. Lá consta a nossa agenda e eles podem escolher o juiz e se querem o casamento interno ou externo. Toda a tratativa é feita com cartório: pagamento de taxa, entrega de documentação”, explica. Os valores são cobrados pelo cartório e seguem uma tabela.

“Depois de confirmado, entro em contato para conhecer um pouco da história do casal e conversar sobre as músicas, para fazer uma cerimônia mais personalizada. Se fosse igual para todo mundo, nem eu veria graça”, completa.

Cartório no Colorado celebra casamentos 13-06-2018. Foto: Jornal de Brasília

O sucesso ultrapassou as barreiras do cartório onde trabalha. Nos casamentos externos, ele oferece as canções como um pacote de serviço extra. “Quando comecei a fazer casamento fora do cartório, cantei em três cerimônias e isso foi suficiente para músicos reclamarem que eu estava tirando o serviço deles. É uma demanda que faz sentido, por isso adaptei”, alega.

Os valores dos casamentos externos estão em torno de R$ 750. Os pacotes relativos ao canto variam entre R$ 150 a R$ 350. O tempo das cerimônias dura cerca de 45 minutos. Quem deseja contratar os serviços do celebrante Nycholas Pontes pode entrar em contato pelo instagram @nycholas.juizdepaz ou pelo e-mail [email protected].

Poesia e rituais personalizados

Efraim Lourenço Gomes, 38 anos, está no mercado de casamentos há dez anos. Antes, era decorador. Há cinco anos, ele atua como celebrante e até o nome trocou: Efraim Ben Iudá – como é reconhecido no meio. Em um grupo de noivas de Brasília, Efraim foi um dos mais indicados quando a reportagem pediu recomendações.

Efraim Lourenço Gomes está há dez anos no mercado de casamento, mas há cinco atua como celebrante. Ele trabalhava como decorador. Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília

Sua história como celebrante começou ainda na antiga função. “Trabalhando como decorador, via a falta de dedicação de alguns juízes de paz. Achava que os noivos pagavam um valor alto pela cerimônia para o juiz não olhar direito no rosto e fazer uma cerimônia de robô, automatizada”, alega. “Fui estudando, fazendo cursos, e me dediquei em fazer uma cerimônia personalizada”, completa.

Na cerimônia personalizada, segundo Efraim, os noivos ajudam na escolha dos rituais. “Posso dar dicas de como conduzir, ou os noivos vão dizendo o que querem”, aponta. A celebração dele começa com um poema preparado especialmente para cada casal. “Procuro saber as profissões, histórias marcantes, tudo que os levaram até ali”, resume.

“Em seguida, faço a troca dos votos, onde os noivos se declaram. Depois faço o segredo das areias, que é um ritual em que misturo duas areias, vermelha e azul, representando os noivos, e pergunto se os noivos podem separar. Em cima disso, faço uma analogia e dou um sermão. Depois, faço o último beijo de solteiro”, acrescenta. Por fim, o celebrante diz as últimas e mais aguardadas palavras: “Eu vos declaro marido e mulher”. Cada cerimônia dura entre 45 minutos a uma hora.

Por ser reverendo pela Igreja Batista, ele celebra casamentos com cunho religioso ou não. “Estimo que 95% dos casamentos que faço são religiosos”, conta Efraim. A procura também parte de casais homossexuais. “Nem sempre gostam quando falam de religião, mas, independentemente de crença, Deus ama a todos. Estou ali para realizar sonhos”, define.

O celebrante comemora o sucesso entre os noivos. “Minha agenda é lotada. Mesmo na crise, chego a fazer 60 casamentos por ano”, calcula. Os fins de semana são os dias mais procurados, mas sábado é o que mais se destaca. “Trabalho com três horários para dar tempo para todos: 9h, 17h e 21h. Dependendo, ainda aperto a agenda para fazer mais”, completa.

Padre da Catedral
De acordo com a assessoria da Arquidiocese de Brasília, a Igreja Católica conta com duas possibilidades: há casais que optam por escolher o local da cerimônia e aqueles que preferem um padre por já haver afinidade. As igrejas mais procuradas pelos noivos são a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida – a Catedral de Brasília, na Esplanada -, e a Igreja Dom Bosco (702 Sul).

O padre João Firmino, que está há três anos como o pároco da Catedral, indica a exclusividade do espaço: “a beleza”. “Não só por ser uma igreja bonita, mas pelo que ela representa para Brasília como monumento e pela importância histórica. Aqui casamos filhos de pioneiros e até pessoas que vêm somente para casar”.

Padre João Firmino conta detalhes de como é o procedimento para se casar em uma igreja católica. 19-06-2018. Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília.

Embora a cerimônia católica não possa ser alterada, Firmino conta que os padres podem optar por diferenciais. “Costumo brincar com os noivos, porque eles estão nervosos e faço para descontrair. Peço coisas simples, como dar a mão. Para ficar mais personalizados, eles também podem escolher as leituras que serão feitas na celebração e isso dá um leque muito grande na hora da homilia, de algo mais pessoal e direcionado. Alguns casais pedem detalhes como realizar os votos, a entrada de uma imagem, da Bíblia. E isso nós procuramos adequar ao rito”, afirma.

Além do padre responsável pela igreja, há a possibilidade de os noivos convidarem outro sacerdote. “Isso acontece com os casais que já têm intimidade com algum padre. Não há problemas”, completa.

Datas concorridas

A média de casamentos na Catedral é de dois por fim de semana, entre cinco a oito por mês. “Maio é um mês muito procurado por ser considerado o mês das noivas, mas agosto está começando a ficar procurado. No geral, os casamentos são bem distribuídos ao longo do ano”, indica Firmino. No mês do santo casamenteiro – Santo Antônio – foram seis cerimônias na igreja. As agendas são abertas com um ano de antecedência e os casais precisam pagar um valor a cada igreja.

“Aqui são cobrados três salários mínimos que podem ser pagos em parcelas. O valor varia de acordo com as mais procuradas. O casal paga a igreja e, se convidar outro padre, fica a critério dele ajudá-lo com um custo para os deslocamentos. Os valores são convertidos em manutenção e melhorias à igreja”, resume o pároco.

Na Catedral, os matrimônios podem ser realizados durante a semana – à noite – e aos sábados. Os domingos são exclusivos às missas. Estão excluídas as datas comemorativas em que a Esplanada costuma ficar fechada. Aos sábados são quatro horários: 10h, 15h, 19h e 20h. “Para o ano que vem nós vamos suprimir esse último horário, porque muitas vezes acontecem atrasos e imprevistos na cerimônia das 19h”, aponta Firmino.

Catedral. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Para marcar o casamento na igreja não é preciso mais dormir em filas. “É tudo pela internet. Estamos com a agenda aberta para 2019”, resume. “O Brasil passou pela crise e agora que nós estamos no final da crise de casamento. Como abrimos a agenda um ano antes, então as pessoas se programam com dois anos de antecedência. No final do ano passado e no início deste ano muitas pessoas cancelaram. Acontecem muitas desistências, mas para o ano que vem, os pedidos já aumentaram. Mais de 60 pessoas já entraram em contato com a igreja”, comenta.

Os noivos que desejam marcar as cerimônias para o ano que vem podem agendar a data pelo site  e as dúvidas podem ser tiradas pelo telefone (61) 3224-4073.

Ponto de vista
Para a cerimonialista Ana Amorim, o que mais pesa na hora de dizer o sim é o local. “Muitos casais têm o sonho de se casar em uma igreja, à beira do lago, na praia. Então o local é o detalhe que eles dão mais preferência”, afirma. “Porém, alguns são amigos do padre, do pastor, ou fazem questão de ter um juiz de paz diferente. Nesses casos, esses casais preferem escolher o celebrante”, completa.

O que torna o celebrante especial, segundo Ana, é a forma com ele irá discursar aos noivos. “O diferencial é o sermão, o que ele vai falar, passar ao casal. Tem casamento em que os padres e pastores falam apenas sobre a Bíblia, as leituras, mas tem outros que falam sobre o amor, o relacionamento. Quando falam sobre o amor, os casais gostam mais”, finaliza.

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