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Brasília

Vacinação: garis querem ser prioridade

Especialistas, no entanto, pedem que profissionais da linha de frente sigam com maior destaque

Redação Jornal de Brasília

25/01/2021 5h57

Mayra Dias
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Com a chegada da Coronavac no Distrito Federal, os profissionais que trabalham diariamente na limpeza das ruas da capital pediram ao Palácio do Buriti inclusão imediata em grupos prioritários para receber o imunizante contra a covid-19. “Os funcionários da limpeza urbana prestam serviço essencial para a sociedade. Desde o início da pandemia os garis não paralisaram suas atividades em nenhum momento”, argumenta José Cláudio, presidente do Sindlurb-DF, sindicato que representa a classe.

Com a justificativa de que o serviço se enquadra como essencial à população, assim como os que atuam na saúde, educação e segurança local, a direção do Sindlurb-DF encaminhou ao Serviço de Limpeza Urbana (SLU) um documento com o pedido. O arquivo, desta forma, foi enviado à Secretaria de Saúde do DF (SES DF), que é responsável pelo plano de vacinação aplicado na capital.

Atualmente, a área de limpeza urbana conta com 4.317 trabalhadores de empresas contratadas pelo GDF, além de mais 783 servidores, colaboradores e estagiários. “Entendemos que a vacinação da classe é de extrema importância. Esses servidores estão na linha de frente, necessitando, assim, fazer parte dos grupos prioritários de vacinação”, afirma José Cláudio.

De acordo com o plano inicial do Ministério da Saúde, que é seguido no DF, a ideia era imunizar quatro grupos prioritários na primeira etapa da vacinação. Estes grupos correspondem aos profissionais da Saúde que atuam na linha de frente, idosos e pessoas com deficiência que moram em abrigos e asilos. No entanto, com a redução do lote previsto na primeira remessa do insumo, a secretaria reajustou as prioridades.

Grupos de risco

Na avaliação da médica infectologista Heloisa Ravagnani, o fato de compor a lista de trabalhos essenciais não define, necessariamente, a necessidade de inclusão em grupos prioritários. Para isso, deve-se avaliar grupos de risco dentro da classe de trabalhadores e, desta forma, incluí-los. “Para o adoecimento, geralmente, os fatores são inerentes à própria pessoa, como a idade, doenças pré-existentes, e o fato de lidarem diretamente com o vírus, como acontece com os profissionais de saúde na linha de frente, que lidam, todos os dias, com pessoas com alta carga viral. O fato do trabalho ser essencial não aumenta o risco do adoecimento.”

“Como classe, é claro que eles devem tomar vacinas, mas existem outros grupos que podem adoecer de forma mais rápida e primeiro que eles numa situação de escassez de vacina”, completa.

A Secretaria de Saúde do DF informou que, atualmente, há disponível um total de 106.160 doses da Coronavac, para imunizar, em duas etapas, 53.080 pessoas.

A Secretaria de Saúde diz que a vacinação no DF seguirá os protocolos, fases e grupos prioritários do Programa Nacional de Imunizações.

“Neste momento, a campanha irá contemplar todos os profissionais de saúde que atuam na linha de enfrentamento à pandemia: médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas e psicólogos de UTIs, vigilantes e seguranças que atuam nos pronto socorros, servidores da limpeza e atendentes administrativos de hospitais e UBS, que possuem contato direto com pacientes”, afirma.

“Nesta fase serão incluídos os idosos e as pessoas com deficiência que vivem em instituições de longa permanência, além dos indígenas”, completa.

Seguir protocolos é vital

Apesar da vacinação ter chegado, especialistas alertam para a necessidade de manter as medidas de segurança contra a doença. Conforme explica o virologista Eduardo Flores, as vacinas não induzem proteção imediata, mas sim duas ou três semanas após a aplicação da segunda dose.

“Dessa forma, toda e qualquer medida de proteção contra o vírus deve continuar. Inclusive, mesmo após tomada a segunda dose”, afirma o profissional. “Não se sabe ainda se essas vacinas impedem que a pessoa se infecte, então é possível que o indivíduo vacinado fique protegido da doença mas continue transmitindo o vírus”, completa Eduardo. À vista disso, os especialistas recomendam que, antes que se tenha uma confirmação quanto a contração da doença após a vacinação, deve-se preservar as ações como higienização das mãos, uso de máscaras e distanciamento social.

“O vírus não deixará de circular, ele veio para ficar”, salienta Eduardo Flores. Para o virologista, para acabar completamente com a sua circulação seria necessário imunizar 100% da população, o que, de acordo com ele, seria impossível. “Mesmo que tenhamos 90% das pessoas vacinadas, o vírus vai seguir circulando, causando menos casos, muito menos mortes, mas continuará entre nós”, enfatiza. Eduardo explica que, de acordo com os responsáveis pela imunização, para se alcançar a imunidade de rebanho, será necessário vacinar cerca de 180 milhões de brasileiros. “Isso é cerca de 70% da população. Mas para alcançar esse valor, tudo dependerá da quantidade de doses disponíveis. Se tivermos imunizantes suficientes, acredito que alcançaremos esse número até o final do ano”, explica.

E o alerta é de fundamental importância para que as pessoas saibam que é muito bom terem chegado as primeiras doses da vacina, mas que ainda vai demorar um pouco para todos serem imunizados, então é essencial que se cumpra o protocolo sanitário.

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