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Brasília

UnB: maior aprovação provoca incerteza

Arquivo Geral

15/07/2016 6h55

Atualizada 14/07/2016 23h39

Kleber Lima

Eric Zambon
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No primeiro vestibular da Universidade de Brasília (UnB) com o Sistema Informatizado de Seleção para os Cursos de Graduação da UnB (SISUnB) em vigor, escolas e cursinhos aprovaram mais estudantes, mas temem pelo futuro deles. O sistema permite ao candidato alterar a opção de curso ao saber o resultado da prova. Quem escolheu Direito, por exemplo, cuja concorrência foi a segunda maior, mas não atingiu nota de corte, pode ingressar em outro curso com exigência menor de pontuação.

“A gente precisa de uma sequência histórica para avaliar o impacto disso”, analisa o professor de Português e Gramática e coordenador da secretaria de cursos do Centro Educacional Sigma, Eli Guimarães. A escola “colocou” 150 jovens na UnB neste vestibular. “Se o aluno que queria Medicina entrar para Enfermagem, por exemplo, ele pode ficar dois anos e sair, até menos. O Estado vai ter gastado dinheiro, e o aluno, perdido tempo”, pondera.

O estudante do Alub Luiz Otávio Damasceno, 20, no entanto, acredita que entrar para a universidade, por si só, já constitui uma experiência positiva. “Só de ter entrado em um novo ambiente, ter vivenciado novas coisas, pode ser bom para o desenvolvimento”, acredita.
Ele realizou o sonho de ingressar em Engenharia da Computação na UnB, mas revela que não teria problemas em optar por um curso menos concorrido caso não tivesse atingido a nota necessária.

Aprovação recorde

O diretor pedagógico do cursinho de pré-vestibular Exatas, César Augusto Severo, revela que a instituição teve 690 aprovados. Ele reconhece o ganho midiático para a empresa, devido ao número expressivo, mas, assim como Guimarães, teme pelo futuro dos jovens.

“Muita gente ‘jogou a nota para baixo’ para agradar a família, amigo etc”, acredita. “Tem aquele pai que vê o filho estudando há dois anos, enquanto o vizinho já entrou na faculdade. Aí começa a pressão. Então, para dar satisfação em casa, o menino escolhe um curso qualquer”, critica. Seu temor é que isso aumente a evasão e imponha ainda mais dificuldades ao aluno.

A  universidade  e o Estado podem perder

Para Eli Guimarães, do Sigma, uma boa maneira de medir a eficiência e os impactos do SISUnB seria acompanhar a trajetória de cada estudante que ingressou no curso de segunda opção.
“É importante saber se vão cursar para valer. Se o aluno queria Direito, viu que não passaria e migrou para Biologia ou Geografia, mas abandonou em pouco tempo, a universidade perde, o Estado perde, todo mundo perde”, reitera.

A Secretaria de Comunicação da UnB informou que a universidade ainda não consolidou as informações ou compilou os dados relativos ao último vestibular. Por isso, o decano de Ensino de Graduação, Mauro Rabelo, não se manifestaria a respeito até a próxima semana. Ele já afirmou anteriormente que o novo sistema dá mais transparência ao processo e não deixa o candidato às cegas na escolha do curso.

O vestibular do 2º semestre de 2016 teve as inscrições abertas em 11 de abril e encerradas dia 22. As provas, aplicadas em 4 e 5 de junho, foram divididas em nove tópicos, contando com a redação.

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