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Brasília

Um banquete para os olhos no Setor Comercial

Exposição de fotografias gigantes faz a defesa dos alimentos orgânicos, a “comida limpa”

Larissa Galli Malatrasi

11/02/2020 5h00

foto : Lucas Orsini frutas e verduras

A arte dos produtores rurais

Imagens gigantes ocupam o Setor Comercial Sul com uma ideia: a comida limpa é para todos


Trata-se de um banquete visual: o transeunte desavisado que passar pelo Setor Comercial Sul vai se surpreender com uma exposição de enormes fotos de verduras, legumes e frutas, ao lado de imagens daqueles que são os grandes responsáveis por colocar esses alimentos na mesa das famílias brasileiras — os produtores rurais.

As fotos estão expostas no formato de lambes gigantes — pôsteres que podem ser colados em muros da cidade e que lá permanecem até o tempo as destruir. É o projeto Ecoar – Vozes da Terra, resultado de uma parceria entre pessoas que acreditam em um ideia revolucionária: a comida que ingerimos pode ser limpa, livre de agrotóxicos.

Tudo começou quando a gastrônoma Isabela Marconi criou, em setembro de 2018, o projeto O Alimento Une — um encontro colaborativo com oficinas de cozinha com alimentos orgânicos. Ao todo, já foram realizadas três edições.

As oficinas eram realizadas em parceria com agricultores familiares do Distrito Federal, e, a partir daí, a chef decidiu expandir o projeto. Junto com o Coletivo Contato, Isabela trabalha na produção de uma web série de cinco episódios sobre produtores rurais e agricultura familiar orgânica.

“Eu queria ressaltar a importância de escolher o que a gente come”, explica Isabela. “A ideia é ensinar como comprar os alimentos das pessoas certas; e esclarecer o que são alimentos orgânicos e onde é possível encontrá-los a um preço justo”, pontua.

”Para que o trabalho dos produtores rurais ecoe”

O fotógrafo Lucas Orsini é o responsável pelos cliques que estão expostos nas paredes do Setor Comercial Sul. Amigos de longa data, Isabela o convidou para fazer parte do projeto. “Logo que ela me apresentou o projeto, eu me apaixonei. Percebi, de fato, o distanciamento que a gente tem com a nossa alimentação e o quanto era importante comunicar isso”, conta Lucas.

No decorrer dos encontros d’O Alimento Une, eles sentiram a necessidade de esclarecimento sobre produtos orgânicos. “As pessoas não sabem muito o que é um alimento orgânico, como ele é produzido, quem produz e qual é a importância dele para a nossa saúde e para o meio ambiente; e ainda existe também a crença de que produtos orgânicos são caros e inacessíveis”, disse o fotógrafo.
Foi buscando responder essas perguntas que nasceu o Ecoar — Vozes da Terra.

O destaque é todo para o trabalho dos produtores de alimentos orgânicos. “Queremos ressaltar esses trabalhadores rurais. A ideia é que o trabalho deles ecoe, que as pessoas passem pelo Setor Comercial Sul, se interessem, busquem saber mais sobre a alimentação orgânica e procurem os produtores locais”, conta Isabela. “São famílias que produzem um alimento de qualidade tão importante para a nossa saúde, por não conter nenhum agrotóxico; também para o meio ambiente, por não contaminar a água e preservar a biodiversidade; e também para a economia local. É um trabalho muito importante que precisa ser comunicado”, completa Lucas.

A ideia, segundo o fotógrafo, é apresentar os produtores orgânicos para a população. “É importante aproximar os trabalhadores rurais para a sociedade – para que ela saiba quem produz a comida que chega na mesa com qualidade, amor e afeto”, pontua Lucas.

Por isso, os parceiros produziram, com o apoio do Humanízate — núcleo de extensão do curso de Fotografia do Centro Universitário Iesb —, os lambes gigantes e um folder informativo sobre alimentação sustentável e orgânica.

De acordo com o professor e coordenador do núcleo Humanízate, Daniel Mira, o Ecoar — Vozes da Terra faz parte de um conjunto de ações que pretende transformar Brasília em uma galeria a céu aberto. “É preciso ocupar a cidade com assuntos que remetem às necessidades das pessoas — como é o caso da alimentação”, aponta o professor. Segundo ele, a estimativa é que aproximadamente 20 mil pessoas circulem diariamente pelo Setor Comercial Sul.

Daniel também explicou que o formato lambe foi escolhido por ser uma linguagem flexível e urbana. “O lambe dialoga com o espaço urbano; permite uma flexibilidade de conteúdo e um acabamento mais imperfeito, além de ter um custo mais baixo”, afirma. De acordo com ele, o Ecoar – Vozes da Terra é a maior aplicação de lambe já feita em Brasília: são mais de 50 metros de arte.

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