Menu
Brasília

Turma da UnB faz aula da saudade para comemorar 50 anos de formados

Arquivo Geral

23/11/2018 20h06

Grupo de 25 pessoas se reuniu para relembrar os tempos de estudantes – Foto: Flávio Araújo

Ana Karolline Rodrigues
[email protected]

Em celebração às Bodas de Ouro da formatura do grupo, 25 estudantes da segunda turma do curso de economia da Universidade de Brasília (UnB) se reuniram, nesta sexta-feira (23), no Departamento de Economia da instituição, para uma aula da saudade. Pelo menos dez deles viajaram de cidades como Teresina (PI), São Paulo (SP), Itabuna (BA), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza (CE).

Dos 44 alunos formados em 1968, 33 estão vivos, sendo o mais novo com 68 anos e o mais velho com 91. Durcesio Martins, 73 anos, um dos idealizadores do evento, sempre guarda os contatos de todos e, neste ano, organizou a reunião. Segundo ele, os encontros começaram logo após a formatura da turma, mas antes ocorriam de cinco em cinco anos. Atualmente, devido à idade avançada do grupo, os eventos passaram a ser anuais.

Alunos participavam do time de futebol do curso na época de faculdade – Foto: Arquivo pessoal Durcesio

Lívio William, 74 anos, também responsável encontro, deu aula para estudantes de Economia da UnB de 1972 até 2015. Devido ao tempo que passou na universidade, ele conseguiu a realização da aula no local com a presença de dois professores do curso: um que atualmente leciona na instituição e outro que, á época, deu aula para a turma, Dércio Munhoz.

Dércio, 84 anos, foi professor da UnB de 1968 a 1996 e deu suas primeiras aulas de Economia Internacional para a turma que estava para se formar. O antigo professor participa das reuniões desde as primeiras, mantendo relação com os ex-alunos até hoje. Segundo Lívio, foi “um dos professores mais queridos da nossa turma”.

Dércio Munhoz dá aula de economia para a turma novamente após 50 anos. Foto: Ana Karolline Rodrigues

Formatura

A formatura dos estudantes, porém, não pode ser lembrada pelos discursos. Ocorrida em 17 de dezembro de 1968, quatro dias após a instalação do Ato Institucional Número Cinco (AI-5) no país – momento em que a repressão chegou ao auge na ditadura militar -, a ocasião teve os discursos de alunos e professores censurados.

Lívio afirma que a vida na universidade já não era fácil no período. “‘Foi uma época muito conturbada. Um dia eu mesmo tava na biblioteca quando ela foi invadida, aí saiu todo mundo com a mão na cabeça, em fila indiana”. Ele conta que, no dia da formatura, só quem teve permissão para discursar foi o reitor.

“Nem o nosso paraninfo, que foi um dos nossos professores, pôde. Ali na plateia a gente sabia que vários eram da polícia, se houvesse alguma tentativa de discurso, alguma coisa, era na hora…”, relembra.

Hoje, porém, o grupo já pensa nos tempos na universidade com alegria. Na reunião desta sexta-feira, os ex-alunos fixaram em uma parede do Departamento de Economia um quadro para eternizar a turma. “Queremos lembrar as nossas Bodas de Ouro”, disse Lívio.

Quadro com nomes dos antigos estudantes – Foto: Ana Karolline Rodrigues

 

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado