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Brasília

Três grupos já brigam pela presidência da Câmara Legislativa do DF

Arquivo Geral

21/10/2016 7h00

Atualizada 20/10/2016 21h38

“Não é hora de falar de eleição. Temos que trabalhar agora para fortalecer a instituição. Votamos poucos projetos dos parlamentares”, Sandra Faraj (SD). Foto: Silvio Abdon/CLDF

Francisco Dutra
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A corrida pela presidência da Câmara Legislativa para o próximo biênio está embolada. Três grupos nutrem chances de faturar a eleição. Oposição e descontentes com governo de Rodrigo Rollemberg (PSB) tem chances de conjugar nove votos. Pelo menos sete parlamentares orbitam pela chapa em gestação no Bloco Sustentabilidade, pertencente à base do Buriti. Enquanto isso, a candidatura Agaciel Maia (PR) garante quatro votos, com as bençãos do governador. Se bem aplicada, a caneta do Executivo tem força para reverter qualquer placar.

A oposição tende a votar em bloco. O grupo seria composto por Celina Leão (PPS), Raimundo Ribeiro (PPS), Bispo Renato (PR), Wellington Luiz (PMDB) e Rafael Prudente (PMDB). Caso consigam articular apoio a um nome com perfil mais moderado, poderão agregar mais votos. Um cenário possível é tendo Sandra Faraj (SD) como candidata. Neste caso, o grupo tem potencial para atrair também Telma Rufino (sem partido), Cristiano Araújo (PSD) e Robério Negreiros (PSDB).

Faraj nega qualquer plano de sair em busca da presidência neste momento. “Não penso nisso. Não trabalho em prol disso. A eleição ainda está longe. Podem ocorrer muitos movimentos até lá. As coisas vão se definir em dezembro. A Câmara vive um momento delicado. A Casa está machucada e precisa superar as mágoas internas entre os pares. Antes de qualquer coisa, a bola tem que parar no chão”, comentou a parlamentar.

O Bloco Sustentabilidade continua a trabalhar com dois nomes: Israel Batista (PV) ou Joe Valle (PDT). Enquanto o primeiro tem melhor relação com o Executivo, o segundo tem mais traquejo com os colegas parlamentares. Além dos votos dos demais membros do bloco, Chico Leite (Rede), Cláudio Abrantes (Rede) e Reginaldo Veras (PDT), eles têm mantido conversas permanentes com Wasny de Roure (PT) e Ricardo Vale (PT).

Nas contas atuais, Agaciel Maia teria os votos do presidente interino da Casa, deputado Juarezão (PSB), Luzia de Paula (PSB) e Chico Vigilante (PT). Este quadro pode mudar radicalmente em favor do distrital se o governador entrar em campo de maneira séria. No entanto, a relação do Buriti com a base está instável e desgastada por atritos internos e externos. Neste tabuleiro, Maia não é um nome fraco, mas também não é o franco favorito.

Na aritmética pelo comando da Casa ainda existem incógnitas relevantes. A posição do ex-líder do governo na Casa, deputado Julio César (PRB) é uma grande dúvida. Ele ainda mantém diálogo com o Buriti compondo a base, mas nada garante que ele vai votar em qualquer nome das chapas governistas. Lira (PHS) e Rodrigo Delmasso (PTN) também são mistérios, estabelecendo relações amistosas com base e oposição. Por fim, Liliane Roriz (PTB) conseguiu recentemente manter o mandato, com vitórias no Judiciário e na própria Casa. Mas por outro lado, perdeu espaços dentro do governo.

Entre tapas e beijos

Lua de mel foi boa enquanto durou

  • O governo viveu uma breve lua de mel com o Legislativo enquanto a antiga Mesa Diretora estava afastada pela Operação Drácon. Votou muitos projetos de interesse do GDF, mas fugiu de grandes polêmicas, a exemplo da recomposição do IPTU.
  • Outro indício de que o GDF vive momentos conturbados na Casa é o fato de ainda não ter definido um nome para ocupar a posição de líder do governo na Casa.

Única saída é a unificação das chapas

“A boa jogada para o governo seria compor as candidaturas em apenas uma chapa. Se não houver essa superação, o grupo da deputada Celina Leão, tem chances de conseguir retomar totalmente o comando da Câmara”, ponderou o cientista político Valdir Pucci. Até detonação da Operação Drácon, os trabalhos da Casa seguiam sob a batuta oposicionista proporcionando um calvário para o Buriti.

Segundo o especialista, o cenário potencialmente adverso para o Buriti é plausível. Primeiramente, as eleições para a presidência da Casa tendem a envolver interesses e temas internos da Casa. O peso de questões externas costuma ser relativizado pelos parlamentares. Em segundo lugar, pesa também a experiência e o domínio do regimento do Legislativo.

“Neste caso, os deputados costumam votar sem se preocupar com o respaldo da sociedade. E a oposição atual é o grupo majoritário mais antigo da Câmara. São parlamentares mais acostumados com os jogos internos do Legislativo. Estão naturalmente mais preparados para qualquer embate”, detalhou Pucci.

Nesta semana, a oposição recuperou força quando a antiga Mesa Diretora, afastada pela Operação Drácon, conseguiu recuperar os cargos na Justiça. Outro fator complicador para Rollemberg é a dificuldade para compor uma chapa única. Agaciel é o preferido do Buriti, mas hoje o Bloco Sustentabilidade tem mais votos concretos. Neste cenário, nenhum dos lados vê motivos para abrir mão de uma cabeça de chapa.

Independentemente de quem se sagre vitorioso no final desta corrida, oposição ou governo, Pucci enumerou duas missões para os próximos condutores do Legislativo. “A próxima presidência tem o desafio de ajudar o DF a sair dessa crise, em vários aspectos. Mantendo a autonomia, é preciso ter conversas abertas com o Executivo para construir soluções para a capital”, contou. A segunda meta é melhorar a imagem institucional da Câmara. Hoje, interna e externamente a Casa está mesmo em frangalhos.

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