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Brasília

“Temos que ouvir mais os idosos”, diz psicóloga sobre confinamento; assista

Conheça a história de idosa de 104 anos que ama pintar e desenhar

Redação Jornal de Brasília

13/04/2020 17h30

Gabriela Bernardes, Rayssa Loreen e Vitoria Von Bentzeen
Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

A rotina de Jane Pitta, de 104 anos de idade, que mora com o filho mais velho e com a nora, se alterou com a necessidade do isolamento social.  Durante a quarentena, a família decidiu suspender os atendimentos médicos domiciliares e as saídas para igrejas e shoppings, passeios preferidos de Jane. Com isso, os familiares perceberam uma mudança no comportamento de Jane. “Está se sentindo mais triste e com saudade dos profissionais de saúde que a visitavam em casa”, diz a nora.  Para que a situação não piore, a família tem buscado estimular ainda mais a idosa a desenhar e pintar, hábito preferido dela.  E ela adora a atividade. Além disso, a nora e o filho também perceberam que esse período afetou sua autoestima, já que a manicure e a cabeleireira não estão podendo atender.

Como lidar com os idosos, pessoas com mais experiência de vida, em um momento em que eles precisam obedecer às regras? Os idosos, que formam, segundo os especialistas, o principal grupo de risco, ouvem dos mais novos a necessidade de serem rígidos com o confinamento.

“Temos que sempre ouvir os idosos, ver o que eles gostam, o que querem e que precisam. É importante ver na vida deles, atividades que eles sempre gostaram e tentar retomar isso com ele. Se ele gosta de jogar xadrez, gosta de pintar, é importante voltar com atividades que eles gostavam no passado, ou então desenvolver novas habilidades”, afirma a psicóloga Hellen Martins.

Assista à entrevista com a psicóloga

“É importante que a família esteja sempre de olho nos idosos, se eles estiverem mais tristes, cabisbaixos, perdendo vontade de fazer coisas do cotidiano, porque os sentimentos mais comuns entre os idosos nesse momento é o que a gente pode chamar de depressão e ansiedade”, alerta a psicóloga Hellen Martins.

Cleusa Bernardes tem 65 anos e adora caminhar no parque e ir a cinemas e shows com as suas amigas. Porém, durante a quarentena, qualquer tipo de saída foi suspendida, o que a deixou bem ansiosa e desanimada.

Agora, ela tem passado o tempo ajudando os netos com as aulas on-line, relembrando os tempos de professora. Fora isso, Cleusa tem se usado as escadas do prédio para se exercitar, e, assim, tem conseguido ocupar a mente para se sentir melhor. “Sou uma idosa de sorte. Não fiquei sozinha em nenhum momento porque já moro com a filha, genro e três netos. Tenho mais uma filha, genro e dois netos que moram do lado e não deixaram de me visitar, claro que com todos os cuidados necessários”, explicou.

Imagem: acervo pessoal

Muitos idosos não gostam de ficar em casa e podem não entender os motivos da necessidade da quarentena. Isso pode acabar gerando alguns conflitos, pois os filhos acabam precisando insistir que os mais velhos fiquem em casa. “Nenhuma pessoa gosta de ser mandada, e os idosos ficam chateados com isso porque pode acabar trazendo alguma mensagem de que eles são incapazes. A maneira como isso é abordado pode trazer consequências negativas para os idosos. É importante que a família mostre como a situação é grave e o quão importante é que eles se cuidem. E mostrar quão importante é para a própria família que o idoso fique bem”, pondera a psicóloga.

Tecnologia e idosos 

Durante o isolamento social, muitas pessoas podem se sentir solitárias, isso inclui os idosos. Mas, a tecnologia pode ser uma aliada para manter quem está longe, um pouco mais perto. 

A psicóloga Hellen Martins reitera que a tecnologia pode ser usada para ajudar os idosos. “Uma atividade que pode ser desenvolvida é ensinar os idosos a usar as tecnologias a seu favor. Tem a questão social, que ele pode usar para conversar com as pessoas, mas também pode ser usado para assistir um filme e se entreter”. 

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