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Brasília

Tecnologia: projeto contra imprudência

Simulação feita pelo Detran visa aumentar campanha contra uso de drogas e bebida alcóolica na hora de dirigir

Catarina Lima

02/03/2020 6h06

Fotos: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Na tentativa reduzir a incidência dos acidentes nas estradas no Distrito Federal, o Departamento de Trânsito (Detran-DF) usa a sua sala de realidade virtual para proporcionar aos motoristas, de forma segura, a experiência de como é dirigir sob efeito de drogas, ou de forma imprudente.

O condutor que passar pelo experimento terá a sensação de vista turva, perda da coordenação motora, redução no termo de resposta e dificuldade de concentração. A estrutura que leva o condutor a outra dimensão funciona na Diretoria de Educação de Trânsito, na 906 Sul. Mais de 200 pessoas já experimentaram o simulador, criado em outubro de 2019. O acesso é gratuito e destinado a escolas, instituições e comunidade a partir de 16 anos. Basta agendar uma visita.

O trabalho é feito com simuladores veiculares; videogames; óculos 3D que reproduzem riscos como ausência de cinto de segurança e uso de celular ao volante; e drunkbusters, óculos que imitam efeitos do consumo de fadiga, álcool e outras drogas. A simulação chega ao ponto de o infrator ser multado.

A pessoa pode passar pela experiência de diversas situações no comando de um veículo, desde os resultados de consumo de substâncias ilícitas até dirigir em condições adversas de tráfego, como forte chuva ou neblina, em rodovias ou estrada de terra. Com as simulações, visitantes têm dificuldades de seguir uma linha pintada no chão, alcançar uma bola e até acertar uma cesta ou manter a condução virtual.

“Queremos demonstrar, dentro de um ambiente fechado e controlado, atitudes que poderiam levar a acidente, óbito, sequela permanente”, explica o diretor de Educação do Detran-DF, Marcelo Granja. A ideia, diz, é mostrar como a percepção é alterada quando há consumo dos ilícitos ou imprudência.

“Não é uma brincadeira. Trabalhamos com dados estatísticos, usamos um viés educativo de alerta com conversa, explicação, provocação, perguntas, esclarecimento de mitos e verdades.”

“Fazemos de tudo para que a pessoa possa questionar e perceber suas limitações. O condutor pode achar que consegue, mas não vai conseguir, porque há interferência no tempo de reação, na visão, no equilíbrio, no reflexo. Se afeta o cérebro, afeta todo o organismo”, ressalta o diretor de Educação.

“Não vi a moto quando aumentou o nível de álcool”

O simulador veicular é semelhante ao que foi usado pelos Centro de Formação de Condutores (CFC). A diferença é a possibilidade de trabalhar a alcoolemia, considerando quantidade e tipo de álcool ingerido, idade, gênero e peso. Com quatro latas de cerveja, o bancário André Peixoto, de 38 anos, enfrentou certa dificuldade. Quando misturou uísque e vinho, percebeu que era impossível.

Ele também passou pelas outras experiências da sala de realidade virtual da autarquia.

“No simulador, quando eu estava atravessando a rua, não vi a moto quando aumentou o nível de álcool. De repente, só vi o impacto do acidente”, conta o morador de Águas Claras.

“Eu achava que seria mais difícil simular essas sensações. Imaginava que a visão daria uma embaralhada com os óculos, por exemplo, mas foi surpreendente”, opina.

Para André Peixoto, perceber os efeitos propostos é assustador. “Geralmente as pessoas não têm noção dos riscos, porque bebem gradativamente e não sentem os efeitos. Aqui, vem tudo de uma vez. Bate um susto”, destaca.

A instrutora Antônia Nogueira revela que, na maioria das vezes, condutores garantem que não há problemas em conduzir veículo após um par de goles de álcool.

“Aqui nós estimulamos a experiência em estado sóbrio e, imediatamente, com a simulação de ingestão de álcool ou drogas. O efeito imediato permite a comparação e a percepção de que não é bem assim”, assegura.

Com a estratégia, adolescentes em idade próxima da permitida para conduzir podem verificar, na prática virtual, a realidade que mata nas ruas.

Para quem já conduz, é oportunidade de relembrar e enfatizar todos os riscos. Todos os cursos oferecidos pelo Detran-DF têm vivências na sala de realidade virtual, como os de Direção Defensiva, de Reciclagem de Condutores e de Medo de Dirigir.

Saiba Mais

As visitas podem ser agendadas pelo e-mail [email protected]. As simulações são realizadas de segunda a sexta-feira, durante todo o dia. A orientação é que seja informada a quantidade de pessoas interessadas e que sejam fornecidos números de telefone para contato. A participação é acompanhada e orientada por instrutores da autarquia.

Em operação realizada pelo Departamento Nacional de Trânsito em todo o Brasil durante o carnaval, em 13 estados houve redução do número de acidentes na comparação entre 2019 e 2020. No Distrito Federal os acidentes no período aumentaram em 11,9%, passando de 17 para 19.

A pessoa pode passar pela experiência de diversas situações no comando de um veículo, desde os resultados de consumo de ilícitos até em condições adversas de tráfego, como forte chuva ou neblina, em rodovias ou estrada de terra. Com as simulações, visitantes têm dificuldades de seguir uma linha pintada no chão, e até acertar uma cesta.

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