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Brasília

Tá chegando a hora

Marilza é torcedora fanática da seleção brasileira. Aos 68 anos, a paixão herdada dos pais é combustível para vibrar em todos os jogos.

Vítor Mendonça

02/07/2019 14h28

Marilza é torcedora fanática da eleção braileira. Para o jogo de hoje, o placar arriscado é de 2×1 para o Brasil em cima da Argentina. Sobradinho. 01-07-2019. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Vítor Mendonça
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Patriota. Essa é provavelmente a palavra que poderia definir a dona de uma casa verde e amarela dentro de um condomínio aparentemente comum em Sobradinho. Marilza Guimarães da Silva, conhecida como Marilza Brasil, já foi chamada por vários nomes. Por vezes de louca, outras de inspiração, a senhora de 68 anos se define de outra forma. “Eu me considero uma apaixonada. Quando me perguntam até onde vai minha admiração, eu respondo que só vai parar quando eu estiver no Campo da Esperança (cemitério de Brasília)”, brinca.

Ali é possível ter brasilidade em vários sentidos. Na entrada da casa, vê-se estampado o que é difícil contrariar: “Torcedora número 1 de Brasília”, diz a pintura no portão. Ao fundo ouve-se um clássico que ecoa na vizinhança: “Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. Nas mãos, sentem-se as contas do terço, também verde e amarelo. No paladar, “o almoço também leva essas cores em época de jogo do Brasil. Tem o arroz branco, a abóbora amarela, a couve verde, mas, apesar de amar, eu tiro feijão”. O ambiente cheira festividade.

“Aqui é o dia todo assim. Eu já acordo com um CD das músicas da última copa. Fica assim o dia inteiro”, conta. “Os vizinhos não reclamam não, todos me conhecem por aqui”.

Dona de um incalculável acervo de artigos e objetos com as cores da bandeira brasileira, a paixão foi herdada dos pais. “Meu pai era da marinha e sempre me colocava para assistir os jogos. Minha mãe também adorava futebol. Não imagino a vida sem essas cores”. O verde, amarelo, azul e branco está presente nas paredes, sofás, terços, copos, roupas, pijama e até no papel higiênico do banheiro.

Vestida à caráter, Marilza já começa a mostrar a casa. À direita, na lateral, começa a subir uma escada, mas se incomoda. “O pintor deu cano em mim. Chamei pra pintar essa escada de verde e amarelo, comprei as tintas, mas ele não veio. O Brasil vai ser campeão e ele não vem pintar aqui”. Os degraus levam para um dos quartos cheios de artefatos do Brasil.

Já na parte baixa da residência, uma porta de vidro dá acesso ao hall de entrada. Em uma pequena mesa à esquerda, a bíblia aberta com uma cruz ao centro e um terço e óculos ao lado parecem convidar para uma prece. “Esse aqui é onde eu oro todos os dias de manhã, um dos lugares em que eu intercedo pela seleção e peço pra Deus abençoar o jogo”. 

Dentro da casa de rodapés amarelos e cortinas que estampam a bandeira do Brasil, um dos quartos é o oficial para assistir os jogos. “Aqui, em dia de jogo, a gente liga a TV nesse adaptador verde e amarelo, né? Tudo precisa estar conectado”, diz. A poltrona do centro, que está envolta em uma memória do amistoso de 1998, quando o Brasil venceu a Alemanha por 2×1, é o lugar da anfitriã. “Eu peguei essa colcha e falei ‘Ronaldinho! É isso! Então vai ser 2×1 Brasil!’”, arrisca a torcedora.

Marilza é torcedora fanática da seleção brasileira. Para o jogo de hoje, o placar arriscado é de 2×1 para o Brasil em cima da Argentina. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

A seleção brasileira entra em campo na noite de hoje para disputar uma das vagas na final, prevista para o próximo domingo (07/07). Às 21h30, horário de Brasília, o Brasil enfrenta a Argentina no estádio Governador Magalhães Pinto, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Neste ano, o país completa 100 anos do primeiro título conquistado na Copa América.

“A gente precisa levar a taça esse ano, tô sentindo que a gente leva!”, vibra a senhora com uma réplica da taça do mundial em mãos.

Para Marilza, o futebol não é apenas um esporte, funciona também como um estilo de vida; um refúgio. “Apesar de estar um pouco triste porque parte da minha família viajou pro Rio, eu não deixo de vibrar. Não gosto de ter a casa vazia. Aqui eu tenho meu marido e minha netinha, que é a lindeza de vovó. E ela vai ser minha substituta, viu?”, afirma. 

“Toda vez que ela vem aqui, ela pergunta: ‘vovó, qual roupa a senhora vai usar hoje?’ Aí lá vai ela colocar o mesmo conjunto. Ela até pegou o apelido de Marilzinha”.

A fé rodeia todos os ambientes. Da entrada até o último cômodo, é possível ver as imagens religiosas. No peito, portanto, há duas paixões: um pingente de Nossa Senhora Aparecida e um autógrafo de Zico na camiseta da seleção. “Com fé no nosso senhor Jesus Cristo, o Brasil leva essa copa”, reforça.

A sonoridade da despedida da residência veio a calhar. A música expressa o canto de certeza no coração de Marilza Brasil. “Eu sei que vou, vou do jeito que eu sei, de gol em gol, com direito a replay, eu sei que vou com o coração batendo a mil. É taça na raça, Brasil”.

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