Menu
Brasília

Suspeito tenta burlar investigação

Alan de Jesus, 45 anos, confessou que cortou a ex por cinco vezes, e depois que ela mesma se perfurou

Pedro Marra

01/01/2020 5h00

Atualizada 31/12/2019 20h10

Pedro Marra/Jornal de Brasília

Após agentes da 3ª Delegacia de Polícia (DP) interrogarem na tarde da última segunda-feira, Alan Fabiano Pinto de Jesus, 45 anos, – suspeito de cometer feminicídio contra a ex-namorada, Luciana de Melo Ferreira, 49 anos, no último dia 21 no apartamento dela -, ele confessou aos policiais que estava na cena do crime com o intuito de dialogar para reatar o relacionamento com a ex-companheira. Segundo a Polícia Civil do DF (PCDF), a vítima teve de 45 a 48 golpes de objeto cortante após discussão entre os dois.

O delegado-chefe da unidade, Ricardo Vianna, trata o crime como premeditado por parte de Alan. A investigação demonstra que ele forçou a entrada da casa. Ele acredita que o criminoso teve quase nenhum diálogo com a ex-companheira, tendo a intenção de
matá-la.

“O Alan digitou a senha de acesso do prédio e verificou que o carro dela não estava por lá. Aí ele ficou esperando de emboscada no quarto andar. Quando ela chega, ele percebe e desce do quarto para o terceiro andar (onde ela mora). Ele desce do quarto andar com um objeto cortante pequeno na mão. Ela o viu se aproximando na entrada do apartamento e tentou fechar a porta, mas ele a abriu com a mão. Então ele se colocou no lugar do crime, mas acreditamos que a confissão foi parcial”, afirma o delegado-chefe da 3ª DP.

Durante o momento do crime, Vianna acrescenta que Alan disse ter sido atacado por ela com uma tesoura. “Foi então que ela decidiu pegar a tesoura. Ele disse que ela mesmo se cortou, e que ele a golpeou por cinco vezes, e depois Luciana se perfurou. O Alan afirma que ela ainda caiu com vida, agonizando. Ele ficou com ela por cerca de trinta minutos, e posteriormente, saiu e fechou a casa. Ele disse que não tinha intenção de matar, e admitiu que saiu do local com a bolsa dela, tesoura e objetos pessoais”, detalha Vianna.

Vale dizer que as lesões que ele teve foram em decorrência das tesouradas que ele ganhou dela durante a briga. O delegado comenta como estava o comportamento de Alan durante o interrogatório.

“Ele falou bem calmo no interrogatório, muito ressabiado com as palavras que ele colocava. Na situação das tesouradas, ele nos falou por diversas vezes que ela se cortou. Inclusive, a grande maioria dos cortes foram na parte superior da cervical”, conta.

Segundo Ricardo Vianna, a servidora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) morreu por choque hipovolêmico, quando a pessoa entra em estado de choque por perda excessiva de sangue. A gente acredita que ela lutou pela vida, pois o que ele relata de ter dado cinco tesouradas não condiz com a maioria dos golpes na clavícula, já que ele tem lesões de defesas nos antebraços”, analisa.

Quando se deslocava para a residência da ex-esposa no Riacho Fundo II, Alan jogou objetos no meio do caminho, e nossos policiais foram até os locais e não conseguiram achar os objetos. “Ele narrou que saiu do local do crime, pegou a Via Estrutural, Park Way e depois foi para o Riacho Fundo II”, diz.

O delegado-chefe da 3ª DP diz ainda que Alan tentou burlar a investigação que seria um crime patrimonial. “Ele se disse arrependido em vários momentos do interrogatório, chorou e foi muito calculista na fala”, relata.

Relembre o caso

Segundo o relato da filha de Luciana para a polícia, em 21 de dezembro, Débora teria ido ao shopping com a mãe e depois seguido para a casa do namorado, retornando apenas no dia 23 por volta de 16h.

Ao chegar em casa, não conseguiu abrir a porta e precisou de um chaveiro. Quando entrou no apartamento, ela encontrou a mãe caída na sala ensanguentada.

Alan tinha em seu nome uma medida protetiva para manter-se afastado da vítima e sem contato via internet há pelo menos dois meses teria conseguido na Justiça uma autorização para retirar a tornozeleira eletrônica que usava e, cerca de 10 dias antes do crime, tentava contato com Luciana.

Na época do crime, a delegada Cláudia Alcântara, da 3ª DP (Cruzeiro Velho), disse ao Jornal de Brasília que a servidora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teria saído pela manhã no dia do crime e encontrado no carro o seguinte bilhete do assassino: “Te amo. Fale comigo no ‘zap’”. No último dia 17, Alan havia enviado flores para a vítima.

Em outubro, o autor do crime também foi acusado de tentativa de feminicídio. Ao dirigir um carro em que Luciana estava, Alan o atirou contra uma árvore, mas ela saltou do veículo antes da colisão. Após o ocorrido, ele usou tornozeleira eletrônica.

Segundo a mãe dele, eles se conheceram num site de relacionamento em janeiro de 2019.

Saiba mais

Alan é vigilante, terceirizado do Ministério da Economia, e vai responder por homicídio consumado, qualificado pela emboscada, motivo fútil, feminicídio e tentar burlar a investigação por ter tirado a bolsa. A pena varia de 12 a 30 anos.

O vigia foi preso na Emergência do Hospital de Base, onde deu entrada no dia 22 de dezembro depois do trabalho por volta de 0h, com vários hematomas e suspeita de traumatismo na época. Alan segue internado e preso na unidade. Pelas informações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o suspeito está com traumatismo cranioencefálico (TCE).

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado