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Brasília

Som automotivo: furtos reduzem a ostentação

Arquivo Geral

11/01/2018 10h09

Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília

Jéssica Antunes e Larissa Galli
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Com a nova regulamentação, as multas por excesso de som automotivo dispararam no ano passado, com crescimento de 500% de autuações. A infração, considerada grave, gera multa, pontos na carteira e retenção do veículo. Pesa no bolso, mas, segundo os apaixonados pela ostentação sonora, são os furtos que mais brecam o investimento pesado nos veículos. No ano passado, 34 casos diários de furto no interior de veículos foram registrados.

Há 20 anos no mercado de sons automotivos, Pereira, como prefere ser chamado, dono de uma loja na Feira dos Importados, percebeu queda na procura pela customização. “Os altos índices de furtos de veículos fizeram o comércio de sons mais pesados e caros diminuir”, pontua. “Por isso, hoje o som mais leve, simples e básico – aquele com o toca CD e os quatro auto falantes – é o mais procurado pelos clientes”, completa. Ali, esse tipo de equipamento mais básico custa entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil.

Em média, 34 ocorrências de furtos no interior de veículos foram registradas diariamente no DF no ano passado. Ao todo, foram 12.656 casos, conforme a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social. Apesar do número alto, teve redução geral de 1,1% se comparado ao ano de 2016. O roubo de automóveis teve queda mais considerável: 4.855 automóveis foram levados por bandidos, uma média de 13 casos diários, mas redução foi de mais de 14%.

Pereira garante que não deixa de alertar sobre a legislação. “A minha responsabilidade como comerciante é orientar. As proibições, permissões e bom senso ficam por conta de quem está usando o carro”, opina. Ele acredita que, atualmente, “a customização é para quem quer diversão de fim de semana, churrasco e piscina”.

Som é paixão

Os primos Lucas Soares, 18 anos, e Udson Alves, 21, são fascinados pelo som automotivo desde crianças. “É uma paixão mesmo. Eu via os carros com som passando e ficava louco para ter o meu”, conta Lucas. Ele já equipou seu carro com três sons diferentes se prepara para comprar mais um. “Vendi o meu para o meu primo”, afirma.

Ontem foi a vez de Udson sair com a música alta. Após um ano juntando dinheiro e comprando peça por peça, ele montou o som que queria. O investimento foi de R$ 4.380. “Uso mais em reuniões de família e amigos, dificilmente ligo na rua”, garante.

Seis autuações por dia

Todos os dias, em média pelo menos seis motoristas foram multados por excesso de volume de som automotivo no ano passado no Distrito Federal. Conforme dados do Departamento de Trânsito (Detran-DF), 2.468 infrações foram emitidas, graças a uma mudança na legislação que desengessou a comprovação da ilegalidade. Como resultado, as sanções cresceram 500% se comparadas ao mesmo período de 2016.

O som automotivo muito alto, em trânsito ou estacionado em via pública, além de perturbar e tirar a atenção de motoristas, gera multa de R$ 195,23 e cinco pontos na Carteira de Habilitação. O condutor poderá ser notificado se o ruído estiver mais alto que buzinas, sirenes ou barulhos comuns das vias.

Não é necessário que ultrapasse um limite comprovado por ferramentas de medição. Isso foi definido por uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) em outubro de 2016. “Era complicado autuar porque havia uma série de procedimentos obrigatórios, como limitação de distância e homologação de equipamento, que dificultava ações diárias. Ficou mais fácil e, com certeza, foi um ganho à população porque a resposta da fiscalização foi melhor”, acredita o diretor de Policiamento e Fiscalização de Trânsito do Detran-DF, Glauber Peixoto.

O resultado da mudança pode ser constatado em números. Em todo o ano de 2016, foram registradas 482 autuações – 77% apenas nos três últimos meses. A infração é considerada grave, conforme o artigo 228 do Código de Trânsito Brasileiro.

Mapeamento

O veículo é retido e, se não houver outras irregularidades, liberado após o volume ser diminuído. “Isso não impede que a pessoa volte a aumentar o volume depois de sair. Nós tentamos mapear locais para fazer fiscalizações efetivas”, explica Peixoto. Isso vale para encontros de veículos marcados por redes sociais, mas há casos constantes de autuações em todas as regiões administrativas.

De acordo com o diretor, não são raras que outras irregularidades acompanhem o alto volume dos sons veiculares. A descaracterização severa ou alterações das características, como rebaixamento, levam o carro direto para o pátio do departamento. Segundo Peixoto, não há fator multiplicador na infração e o valor da multa não cresce em caso de reincidência.

Imprudência

As denúncias podem ser feitas pelo telefone 190. As abordagens também ocorrem durante os patrulhamentos ou por constatação própria dos agentes. Peixoto explica o procedimento: “Ao acionar dispositivo sonoro da viatura, se o som do veículo estiver maior que os normais, em volume que atrapalhe ouvir o dispositivo sonoro, consideramos que é excessivo e imprudente”.

A atuação dos agentes, porém, é limitada às vias públicas. Se o veículo está estacionado e o som é utilizado para uma festa, por exemplo, o Detran não pode agir. “Garagem é de uso individual. Autuamos se estiver transitando ou parado em via pública ou áreas de uso coletivo, como estacionamento de shoppings, supermercados, centros comerciais, com grande movimentação de pessoas. Em outro caso, é necessário ir à delegacia registrar queixa por pertubação”, diz.

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