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Brasília

Seca no DF: Caesb e Adasa pedem consciência no consumo de água

O diretor da Adasa, Jorge Werneck, afirma que vários fatores podem elevar o consumo de água. O primeiro deles é o fator climático

Agência UniCeub

30/09/2020 15h23

Bruna Alessandra Rossi e Paloma Cristina
Jornal de Brasília/Agência UniCeub

Diante do período de seca, baixa umidade e alta temperatura, combinado com um momento em que as pessoas estão mais em casa por causa da pandemia, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb)  e a  Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) chamam atenção para a necessidade de consumo consciente de água.

O diretor da Adasa, Jorge Werneck, afirma que vários fatores podem elevar o consumo de água. O primeiro deles é o fator climático, pois, quando está mais quente, as pessoas costumam tomar mais água.

“Mas, com certeza, nesse momento de pandemia, os cidadãos estão ficando mais em casa e a quantidade de água utilizada pode alterar, pois aumenta o consumo residencial e reduz o de outros setores, como na atividade comercial e industrial ou nos próprios órgãos públicos, visto que boa parte deles está funcionando em regime de teletrabalho”.

Mesmo assim, de acordo com a Adasa, o consumo de água no DF, durante o isolamento social, registrou uma queda de 0,3%, quando comparado com o acumulado dos meses de março a junho do ano passado. O diretor do órgao ainda aponta que a água é fundamental na prevenção contra o novo coronavírus, mas recomenda o consumo controlado, principalmente na lavagem das mãos, neste período de estiagem. O gestor ressaltou que a Adasa está lançando sua campanha, já tradicional em meados do período de seca, em que faz o trabalho de conscientização da população acerca do uso racional da água dentro de suas residências e também no meio rural.

Os dois reservatórios de água que existem no DF são o Sistema Rio Descoberto e o Sistema Santa Maria. Segundo dados da Caesb, de março até meados de julho de 2020, ambos os reservatórios estavam com volume útil de 100% e apenas no dia 10 de julho de 2020 os níveis começaram a cair. Nesse mês de setembro de 2020, o Rio Descoberto está com um volume útil em torno de 85% e o Santa Maria de 95%. O que pode explicar essa diminuição, a partir de julho, é a falta de chuvas no DF.

“Uma torneira mal fechada desperdiça 46 litros por dia. Uma correndo em filete gasta 180 a 750 litros. Já uma ligada normalmente pode gastar até 12,5 mil litros de água por dia. Uma descarga comum gasta de 7 a 10 litros de água. É necessário sempre observar se a válvula está regulada, se não há furos nos canos e se as torneiras da casa estão bem fechadas”, afirmou a Caesb.

Outro dado que se avalia foi medido nos últimos meses, em que houve uma mudança de perfil. O consumo de ambientes comerciais, industriais e públicar foi substituído por mais água utilizada dentro de casa. Entre março e julho, por exemplo, houve um aumento de 4% no consumo. A empresa avalia que o volume registrado na categoria comercial passou a ser retomado, nas últimas semanas. É possível, conforme a Caesb avalia, nesse período de seca, é natural ocorrer um aumento do consumo de água.

Esse percentual demonstra um comportamento praticamente estável. Conforme levantamento da Adasa, mesmo o consumo de água da categoria residencial tendo aumentado em 4% neste período de pandemia do novo coronavírus, as demais categorias, ou seja, comercial, industrial e pública, registraram redução igual ou superior a 20%.

O diretor da Adasa ressaltou ainda que, a maneira como as pessoas utilizam a água também pode alterar o consumo, pois, por exemplo, se as pessoas usam água mais racionalmente, se evitam lavar calçadas e coisas do gênero, o desperdício diminui. Além disso, a Caesb ressaltou a importância do uso consciente de água em qualquer época do ano, pois o volume utilizado por cada pessoa impacta, de maneira direta, no abastecimento para toda a população. Um banho de 20 minutos por exemplo, gasta, em média, 130 litros de água e somente 110 litros são recomendados, pela Organização das Nações Unidas (ONU), para uso diário, por pessoa, para necessidades de consumo e higiene.

Já uma torneira aberta por 3 minutos, de maneira contínua, gasta 18 litros de água. Assim, é recomendável, por exemplo, fechá-la ao escovar os dentes e só abri-la novamente na hora de enxaguar a boca, pois, uma torneira aberta continuamente tem gasto médio de 240 litros e fechá-la ao escovar os dentes diminui esse gasto para 70 litros. Ao limpar as calçadas, recomenda-se varrer a sujeira ao invés de usar mangueiras, pois reduz o uso de água potável.  Outra opção é reutilizar a água da lavagem de roupas para esse tipo de limpeza.

Devido a esse maior cuidado que todos precisam ter para enfrentar o vírus, o consumo de água precisa ter a atenção de toda população a fim de evitar o desperdício.

“Consumo aumentou”, diz diretor da ANA

Para ser feita uma correta higienização das mãos, são necessários de 40 a 60 segundos de lavagem e esfregação. Porém, da mesma forma que lavar as mãos é essencial, especialmente em época de pandemia de coronavírus, também devemos nos atentar ao consumo consciente da água, que é um recurso finito. Fechar a torneira enquanto se ensaboa as mãos, por exemplo, é uma boa forma de economizar água e, ainda assim, se manter prevenido de vírus e bactérias.

Com relação ao consumo de água em todo o Brasil, Oscar Cordeiro Netto, diretor da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), explica que, em algumas cidades aumentou e em outras diminuiu.

“Existem cidades, por exemplo, que são turísticas e possuem muitos hotéis e, como eles ficaram fechados, o consumo de água nesses lugares caiu. Mas, se formos olhar no panorama geral do nosso país, visto que as pessoas ficaram mais tempo num lugar só, que era a casa, em média, o consumo aumentou sim”.

Ele ressalta que não existe ainda, no Brasil, nenhum levantamento geral de todo o país sobre a questão do consumo de água. Não há nenhuma reunião de informação e cada município e estado que faz sua própria medição de consumo local de água.

Segundo o diretor da ANA, a pandemia pode favorecer o aumento do consumo de água porque as pessoas ficam mais tempo em casa. Mas, observa que isso não é exatamente ruim, visto que algumas das formas de lutar contra o novo coronavírus são: lavar as mãos; limpar tudo na hora que chega do supermercado etc. “Assim, o uso da água é uma das formas de combate à pandemia. O que se pôde observar foi que as pessoas sem acesso à água acabaram ficando mais expostas ao vírus em razão da falta desse recurso tão essencial às nossas vidas”.

Além disso, Oscar Cordeiro Netto lembra que o aumento do consumo de água é ligado a outros fatores, como calor e secura, pois as pessoas tomam mais banho e ingerem mais água. Devemos ter preocupação porque quando precisamos de mais água, que é no calor e secura, é quando ela fica mais escassa porque os reservatórios possuem volumes menores. Dessa forma, precisamos ter um consumo de água consciente.

Aqui no Distrito Federal, em 2017, sofremos uma crise hídrica que resultou em baixos níveis de água nos reservatórios. Assim, iniciou-se seu racionamento, fazendo com que as pessoas diminuíssem o uso, obrigatoriamente, para dar conta de abastecer toda a população.

Fonte: Elaborado pela Adasa a partir dos dados da Caesb.Arte: Carolina Neves

Na apuração mensal, o levantamento mostra que em março, início do isolamento social, houve um leve aumento de consumo, de 0,27%. Em abril, ocorreu um crescimento maior, de 4,9%, mas, percebeu-se uma queda de 2,3% em maio e de 3,8%, em junho, conforme o gráfico abaixo.

Elaborado pela Adasa a partir dos dados da Caesb. Arte: Carolina Neves

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