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Brasília

Saúde mental: rede pública do DF faz mais de 17 mil atendimentos por mês

Arquivo Geral

15/01/2018 6h00

Atualizada 14/01/2018 21h14

“A ansiedade impede de fazer muita coisa e de ser quem você é. É um peso. Sinto dificuldade de me relacionar com as pessoas, por mais que eu queira conhecê-las”.Amanda Lima, 22 anos. Foto: Myke Sena

Ana Clara Arantes
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Os transtornos mentais ainda são tabu na sociedade, mas requerem tanta atenção quanto a saúde física. Para alertar sobre a questão, a campanha Janeiro Branco foi criada em Minas Gerais e se espalhou por outras partes do País. No Distrito Federal, são feitos mais de 17 mil atendimentos por mês nos nove Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

De acordo com Paulo Aguiar, integrante do Conselho Federal de Psicologia (CFP), não há apenas uma causa para os transtornos mentais. “Estilo de vida, condições socioeconômicas, genética, hábitos alimentares, trabalho e outros fatores podem influenciar no surgimento de uma doença”, informa o professor.

Para Aguiar, as questões relativas à saúde mental ainda estão envolvidas em preconceito e estereótipos. “Nós trabalhamos numa perspectiva de transformar o imaginário social sobre a loucura, para que possamos falar mais sobre o tema, desmistificar algumas questões e entender que as pessoas podem e devem conviver com as mais diversas formas de ser e estar no mundo”, diz o psicólogo.

O geógrafo Carlos (nome fictício), 27 anos, sofre de transtorno bipolar, que se caracteriza pelas oscilações entre bom humor e períodos de irritação e depressão. Ele acredita que conviver com a doença significa ter de entender os sentimentos como retorno do ambiente. “Qualquer característica das pessoas ou do local onde se está faz diferença no entendimento do mundo de quem tem bipolaridade”, revela.

Ele descobriu o transtorno quando estava no colegial e se sentia diferente. “Eu sentia que, enquanto eu estava feliz, não tinha motivos para tal, e, quando estava triste, também não tinha motivos para isso”, relembra Carlos. Foi então que decidiu procurar um especialista, que, depois de muita conversa, diagnosticou o transtorno bipolar. Carlos conta que não aceitou a conclusão profissional com facilidade e por isso não quis se tratar com terapias e medicamentos.

Após a conversa com o psiquiatra, o geógrafo passou a observar melhor seus sintomas e a perceber que o diagnóstico dado pelo médico fazia sentido. A partir daí descobriu em plantas medicinais seu tratamento: “Após algum tempo sem tomar nenhum remédio específico, encontrei na medicina natural algumas plantas que me ajudaram bastante para a melhora do nervosismo e da ansiedade. Ultimamente convivo bem com o transtorno. Fico triste e pensativo às vezes, mas sempre me vigio para o caso de precisar recorrer a algum especialista novamente”.

Outro transtorno muito comum é o de ansiedade, que acomete 9,3% dos brasileiros – a maior taxa no planeta, segundo dados de 2017 da Organização Mundial de Saúde. O especialista Paulo Aguiar frisa a importância da ajuda: “Um bom profissional contribui para que o sujeito possa retomar seus projetos de vida após o momento de crise. A forma como o acolhemos ajuda na construção de um conjunto de ações que possibilitem a ele enxergar novos horizontes”.

Apoio para superar

Quem sofre de transtorno de ansiedade relata angústia, insônia, coração disparado, entre outros sintomas que vão depender do tipo e do grau da doença. A jornalista Amanda Lima, 22, sofre de ansiedade desde os 13 anos. Ela relata que começou a sentir pânico ao estar entre pessoas desconhecidas. A jovem foi ao psicólogo e recebeu o diagnóstico de ansiedade e início de depressão. “É um peso. A ansiedade impede de fazer muita coisa e de ser quem você é. Sinto dificuldade de me relacionar com as pessoas, por mais que eu queira conhecê-las”, explica.

Apesar das dificuldades, ela recebe o apoio da família. “Meu namorado e minha família sabem quando eu não estou bem e me apoiam para que eu me sinta melhor”, ressalta.

Assim como Carlos, que tem transtorno bipolar, Amanda não faz tratamento. Ela admite que tenta manter o controle sozinha. “É difícil. Quando estou em crise, tenho que me isolar da maioria das pessoas e conversar com aquelas que tenho maior proximidade”.

Serviço

Há nove Centros de Atenção Psicossocial (Caps) no DF. São eles: Adolescentro, Caps II Brasília, Caps Paranoá, Caps II Planaltina, Caps I Sobradinho, Caps I Taguatinga, Caps II Taguatinga, COMPP e ISM. Endereços e mais informações no telefone 160.

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