Da Agência UniCeub
O cerrado é considerado o “berço das águas”, pois nessa região se encontram diversos bolsões e bacias que nascem nele. A Bacia Platina, por exemplo, tem afluentes que nascem próximo à estação de águas emendadas. Mesmo assim, a bióloga Maria Cristina Coimbra Marodin explica que existem três desafios a serem combatidos no bioma: a escassez de água, a expansão urbana e o terceiro, o desmatamento predatório da vegetação típica do cerrado.
Maria Cristina Coimbra Marodin é especialista em saneamento básico e responsável pela Unidade de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema-DF). Diz diz que 80% da água do país se encontra no Norte, estado que possui apenas cinco por cento da população, já nas regiões sul e sudeste o cenário é invertido.
Algumas ações propostas por ela para amenizar a situação seriam o uso racional dos recursos hídricos e as questões políticas com relação a políticas públicas envolvendo projetos de restauração ambiental. Ela acredita que deva existir uma sinergia entre órgãos responsáveis para que o trabalho seja feito de maneira mais eficaz.
Programa
A Secretaria do Meio Ambiente lançou, em 2019, programa para aprimorar o uso da água nas áreas rurais, com intuito de preservar umas das fontes de vida mais importante. A bióloga Maria Cristina Marodin explica como o projeto de mecanização pode preservar e até salvar o ecossistema aquífero do cerrado e ainda reduzir custos para a população agrária.
Dentre as diversas iniciativas em andamento na Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal com relação à gestão da água no DF, está a contratação, ocorrida em janeiro deste ano, de uma Instituição para a realização do programa ”Boas práticas, inovação e pesquisas para a conservação de água e solo” nas Bacias do Descoberto e Paranoá, no âmbito do projeto GEF “Promovendo Cidades Sustentáveis no Brasil por meio de planejamento urbano integrado e do investimento em tecnologias inovadoras”.
O foco territorial do projeto no DF são as bacias do Paranoá e do Descoberto, que juntas respondem por cerca de 85% do abastecimento de água da capital federal e que são fundamentais para a segurança hídrica do Distrito Federal. Esse é um projeto piloto no qual estão sendo selecionadas áreas agrícolas que atendem a diversos critérios técnicos, tais como eliminatórios e classificatórios.
“Plantação”
Com a expressão “água se planta”, o ex-secretário do meio ambiente do DF, André Luiz Lima, pesquisador em política ambiental, explica como podemos evitar que outra crise aconteça como a de 2016.
“Tivemos que tomar uma decisão impopular que foi o racionamento e a derrubada das casas”, explica André Lima, ex-secretário do meio ambiente que coordenou a secretaria no período de 2015 a 2017. Com a expressão “água se planta”, ele explica que uma estratégia a ser adotada é não continuar a expansão desenfreada de cidades.
Ele acredita que a proteção das nascentes seja uma boa opção, porém, julga necessário a uma revisão sobre o crescimento desenfreado do avanço urbano que acredita ser um grande problema, pois o processo que o solo passa de impermeabilização prejudica ainda mais o desenvolvimento da vegetação.
“Manter permeável e abastecer o cerrado para preservar a capacidade evolutiva faz com que incêndios em regiões mais vulneráveis de seca sejam evitados, os processos de impermeabilização tornam o solo incapaz que absorver a água, fazendo com que as nuvens se sobrecarreguem criando então as tempestades que em alguns casos são devastadoras”, afirmou.
De acordo com o Lima e as estatísticas apresentadas, Brasília nos últimos 50 anos teve um aumento de 0,1 grau por ano, a temperatura na parte da noite dobrou e praticamente quadruplicou negativamente a seca e baixa humidade do ar.
O programa que o governo quer implementar tem o intuito de fazer com que o consumo de água passe a ser mais consciente por parte não apenas dos agricultores, mas também de outras vertentes, como é o caso da Brás Flores, que tem como gerente de vendas, o agricultor Mário Kodama, de 60 anos, que cuida de toda a logística do negócio. O sistema que é utilizado pela empresa, é o de poço artesiano, que no caso deles é registrado pela Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (ADASA). Ele conta como a água chega até a plantação.
“Aqui o sistema é de poço artesiano e abastece a caixa de 10 mil litros, que leva para os tanques onde dois motores do sistema de irrigação de todas as plantas e para acionar essas bombas já é automatizado, tem o relógio que em um determinado horário ele aciona de maneira automática e vem acionando as estufas”.
Quando as bombas estão paradas, uma mangueira jorra água para oxigenar os peixes que são usados nos tanques, para proteger a qualidades da água que é usada na irrigação. Cada bloco tem um horário, que se revezam de 10 em 10 minutos. A irrigação é feita pela lateral da estufa. O consumo deles não é preciso pois vem do poço e segundo Kodama não dá para mensurar. (Henrique Kotnick)