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Brasília

Reabertura terá regras claras

Ao JBr, governador Ibaneis explica que publicará decreto, cinco dias antes, detalhando o que poderá ou não funcionar a partir de 3 de maio

Redação Jornal de Brasília

20/04/2020 7h02

Lindauro Gomes e Rudolfo Lago 
redaçã[email protected]

Cinco dias antes de promover, em alguma medida, a reabertura do comércio em Brasília, no dia 3 de maio, o governador Ibaneis Rocha editará um decreto com as regras que serão adotadas. Esse decreto estabelecerá que lojas serão reabertas, e em que condições. Ao contrário do que parecia se crer no início, nem tudo será reaberto. E o que acontecer, disse o governador ao Jornal de Brasília, será estabelecido a partir de dados e estudos técnicos.

Sem cinema

Uma das coisas que o decreto estabelecerá é a obrigatoriedade a partir de então do uso de máscaras para qualquer tipo de deslocamento. Lugares e eventos que, por sua natureza, provocam a aglomeração de pessoas, continuarão não sendo permitidos. Assim, não serão reabertos ainda cinemas e teatros ou lugares para eventos esportivos e shows.

Ibaneis disse que ainda estuda como ficará a situação de bares e restaurantes. Mas ele cogita também não reabrí-los neste primeiro momento. Como haverá a obrigatoriedade do uso de máscara, essa possibilidade fica limitada em estabelecimentos onde as pessoas vão para beber e comer. Além disso, fica difícil nesses ambientes respeitar o distanciamento mínimo de um metro e meio entre uma pessoa e outra.

Para Ibaneis, porém, algum tipo de abertura é possível a partir das medidas que foram tomadas desde o primeiro momento. O Distrito Federal foi pioneiro na adoção de medidas de isolamento social, e o governador crê que elas obtiveram seus efeitos. Não apenas no achatamento da curva de contaminação, como no efeito pedagógico da população que, segundo pesquisa, é a que mais respeita o isolamento no país.

O governador disse ao JBr que, tão logo a epidemia do novo coronavírus começou a se ampliar, ele percebeu o risco grande de disseminação que haveria quando ela chegasse no DF.
Uma cidade com mais de 180 organismos internacionais, e com autoridades, como parlamentares e ministros do governo que estão constantemente viajando para o exterior. Inclusive, isso acontecia naquele momento, com uma comitiva presidencial nos Estados Unidos e integrantes do Legislativo na Europa.

Dois andares

Assim, cerca de 15 dias antes do aparecimento do primeiro caso em Brasília, já estavam reservados um andar do Hospital de Base e outro do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) para receber contaminados com o vírus. É lá, inclusive, que ainda se encontra a primeira vítima da doença no DF.
Quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia, Ibaneis Rocha entendeu que deveria rapidamente decretar o isolamento.

Sabia que as pessoas de alto poder aquisitivo e as autoridades que viajaram e poderiam estar contaminadas, teriam contato com a população mais humilde, que trabalha em suas casas ou gabinetes. Elas levariam o vírus para lugares mais vulneráveis e a possibilidade de uma disseminação incontrolável a partir daí seria muito grande.

Naquele momento, boa parte do planeta já lidava com o novo coronavírus. Com exemplos de fracasso e de sucesso.

A “linha de Singapura” e a de Brasília

O modelo mundial escolhido pelo GDF para seguir foi o de Singapura. A cidade-estado na Ásia tem mais ou menos o mesmo tamanho e características semelhantes ao Distrito Federal. Tem cerca de 5 milhões de habitantes e um entorno pobre em volta da cidade desenvolvida. Adotou-se aqui o que se chamou de “Linha de Singapura” que a “Linha do DF” deveria acompanhar, tanto para o momento de maior isolamento quanto para o momento de flexibilização.

No dia da primeira medida tomada, circulavam pelo Distrito Federal diariamente cerca de 1,2 milhão de pessoas. No dia do isolamento, a circulação caiu para em torno de 500 mil pessoas. Quando fechou-se o comércio, caiu para cerca de 300 mil pessoas, nível que vem se mantendo. Ao mesmo tempo, foram tomadas as medidas para melhorar a estrutura dos hospitais e outros locais de atendimento.

Assim, segundo o governador, as medidas de flexibilização que foram tomadas depois não impactaram a curva de contaminação. Por exemplo, abriu-se o setor de construção civil, mas não há caso registrado de trabalhador da construção infectado. Abriu-se o setor automobilístico e, da mesma forma, não houve caso de contaminação nem de trabalhador nem de consumidor desses serviços.
O GDF projeta que o pico da doença em Brasília acontecerá até o final deste mês.

No início de maio, ainda será grande o risco de contágio. A partir da segunda quinzena de maio, acredita-se que se iniciará um decréscimo.

Saiba Mais

Um dos trabalhos que vêm sendo feitos para dar mais segurança às decisões tomadas é a testagem das pessoas.

A média de 600 testes diários subiu para 1,5 mil. A ideia é ir ampliando a testagem de 500 em 500 até chegar ao final do mês com 3 mil testes diários.

No final de maio, quando está previsto o retorno do funcionamento das escolas, a pretensão é ter chegado a 400 mil testes realizados. Com isso, será possível ter testado 15% da população, que é o nível de Singapura, o que dá margem segura para as medidas.

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