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Brasília

Queda nas vendas de Páscoa podem chegar a 62%

Sindicatos apontam que vendas pela internet, porém, podem ganhar fôlego

Vítor Mendonça

10/04/2020 6h12

Foto: Vitor Mendonca/Jornal de Brasilia Data: 09-04-2020

Neste momento de preocupações e medidas de prevenção à pandemia do novo coronavírus, no Distrito Federal o consumidor ainda tem ânimo para celebrar a Páscoa, uma vez que significa época de esperança e renovo para muitas pessoas. No entanto, a simbologia dos ovos de chocolate, característicos neste período, perdeu um pouco do brilho neste ano. A queda das vendas destes itens prevista pelo Sindicato dos Varejistas (Sindivarejista) e o Sindicato dos Supermercados (Sindsuper) será de cerca de 62% e 40%, respectivamente.

Na contramão da conduta de grande parte dos brasilienses, Rafael de Oliveira, de 34 anos, aproveitou uma folga no trabalho para comprar um ovo de chocolate em uma das lojas abertas do Setor Comercial Sul. “Eu tinha me esquecido de comprar na verdade, me lembraram hoje, por isso não pedi por delivery.”

O técnico de informática é um dos 250 mil retardatários esperados entre ontem e o próximo domingo (11) para as compras de última hora do período da Páscoa. “Achei a loja um pouco cheia para o momento que estamos vivendo”, comenta. “Mas esperança sempre há, e a Páscoa é um momento de renovação pela ressurreição de Cristo. Merece ser lembrada”, afirma.

Foco diferente

Para o presidente do Sindsuper, Gilmar de Carvalho, o foco e a preocupação das pessoas está em consumo de itens de primeira necessidade. “Elas têm procurado itens de alimentação básicos e de higiene. Até mesmo a renda influencia na hora de comprar ou não”, analisa. Segundo ele, esses outros itens são os que tiveram elevação nas vendas nos últimos 20 dias, depois dos primeiros anúncios da doença no DF.

O comportamento do consumidor nesta época do ano, no entanto, não é estranho para Gilmar. De acordo com o presidente do sindsuper, a queda do item característico da Páscoa já apresentava diminuição nas vendas há pelo menos cinco anos. “Os ovos de páscoa em si já são caros por natureza, então uma parcela da população prefere comprar caixas de bombom ou barras de chocolate. É até muito mais viável”, explica. Segundo ele, as doces alternativas ainda não apresentaram diminuição nas vendas.

Delivery é opção

De acordo com o vice-presidente do sindivarejista, Sebastião Abritta, uma das modalidades de venda que pode aumentar nesse período, são os pedidos de entrega por aplicativo. “As lojas distribuidoras de chocolate tiveram de se reinventar para conseguir aumentar as vendas na internet e girar partes do estoque pelo e-commerce. As entregas por delivery são opção para tentar minimizar os prejuízos do impacto da pandemia”, disse.

A expectativa anterior à crise era a venda de cerca de 1,7 milhão de ovos de chocolate pelo sindicato, 100 mil a mais que 2019. No ano passado, o valor médio das compras do consumidor brasiliense girou em torno de R$ 170 no período da Páscoa. Este ano, apesar do volume menor de vendas, a quantia gasta deverá ser a mesma. Os ovos produzidos de forma artesanal devem corresponder a 25%.

“Comprem ovos para crianças e idosos”

Um dos apelos de Abritta nesta época é a reafirmação de atitudes de solidariedade, também características da Páscoa. “Se possível, quem puder, compre um ovo para doar a crianças carentes ou idosos em asilos. Isso ajuda tanto no sofrimento das pessoas quanto na economia do DF”, defende.

Apesar do cenário inédito na capital, no país e no mundo, a fé em dias melhores precisa permanecer, segundo o presidente do sindivarejista. “Acho que as pessoas continuam com esperança e, após o domingo de Páscoa as coisas vão tomar outro rumo e melhorar”, acredita. “Depois da tempestade vem a calmaria. Os chocolates ajudam a acalmar os ânimos.”

Para evitar aglomerações, eventos de ordem religiosa ou recreativa que ofereçam risco de contaminação em massa foram cancelados. Um deles é a tradicional procissão de fiéis para a encenação da Via Sacra no Morro da Capelinha, em Planaltina. As forças de segurança estarão no local durante todo o dia para reforçar a medida. O Departamento de Trânsito (Detran-DF), Polícia Militar e Corpo de Bombeiros não permitirão o acesso à localidade. Haverá rondas preventivas, segundo a Secretaria de Segurança do DF.

Da mesma forma, seguindo as orientações do Governo do DF, celebrações protestantes e católicas em igrejas e templos estão suspensas. De acordo com o padre João Firmino, pároco da Catedral Metropolitana de Brasília, entretanto, a Páscoa veio em boa hora. “Celebrá-la é renovar a esperança, a confiança, lembrar da vitória de Cristo e as nossas também. Começamos a pandemia no período da quaresma, que convida o povo à reflexão. Estar em casa em família e pensar nas atitudes leva o povo a olhar para si de uma forma especial.”

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