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Brasília

Quadra esportiva em Taguatinga sofre com más condições há 10 anos

Skatista e ativista cultural da região conta que pede reforma da quadra há um ano, além de atenção especial para a modalidade

Pedro Marra

28/09/2020 13h30

Uma quadra esportiva localizada na QNL 6/8, em Taguatinga Norte, está há dez anos danificada com furos na grade, trave derrubada, sem cesta de basquete e chão desgastado pelo tempo. Mas podia ser uma pista de skate, segundo Mateus Carvalho, 25 anos, skatista e coordenador do Núcleo Escola de Skateboard (NES) da região. O rapaz, que também é professor de Educação Física, conta que aguarda um local para a prática de skate.

“Durante toda a minha vida fui morador aqui da QNL, sempre estive nessa quadra. Fiz o pedido pessoalmente para o antigo administrador, Geraldo Cesar. Colhi assinaturas da comunidade, e fiz um pedido por e-mail enviado para a Administração  Regional de Taguatinga. Já pedi o agendamento para a secretaria do atual administrador Renato. A reforma da quadra é muito fácil ele resolver, o negócio é a parte do skate. Um rapaz aqui da quadra também fez o requerimento na ouvidoria. Algumas ao redor até foram arrumadas, mas essa não”, contesta o skatista.

Mesmo com as condições precárias da quadra, Mateus era um dos que organizava o campeonato de skate “Rolê dos Camaradas”, que ocorria uma vez por ano no local entre 2012 e 2016. “Era um dos maiores campeonatos de skate de Brasília. O evento chegou a ter uma média de 150 pessoas, sendo que 50 era a média de participantes, ou seja, competidores de skate e de batalha de rima nas categorias mirim, iniciante, feminino e amador”, explica.

Segundo Mateus, um dos principais motivos com o pedido de uma reforma é não gerar atritos com praticantes de outros esportes. “Temos consciência que a quadra é feita para o futebol, mas combinamos de usar amigavelmente. Porém, gera alguns atritos mesmo assim. Mas o nosso incentivo ao skate sempre foi feito nos eventos, e já temos até atletas profissionais nos Estados Unidos, que são frutos dos nossos campeonatos”, afirma o organizador.

Evento criado por Mateus (centro), em conjunto com outros colegas skatistas, já gerou oportunidades para muitos jovens. Foto: Felipe Fernandes

Integração para as crianças

Fotógrafo do evento, Felipe Fernandes, 26 anos, anda de skate há 14, sendo que já viajou para competir fora do país. De lá para cá, ele teve tempo suficiente para perceber o papel do esporte para os jovens da região. “Principalmente a integração de tirar muita criança do mau caminho. A gente era referência lá. Muitas crianças nos conheciam por causa disso, ajudando um ao outro e fortalecendo a amizade. No fim da competição, entregávamos premiações para todos, até para o quinto colocado”, comenta o skatista,

“Tem muita criança que chegava de chinelo e não têm condições de comprar um skate porque tudo é caro. Fazer essa ação social era mais para integrar a molecada no local. A gente incentiva muito eles a escolherem um estilo de vida diferente e não usarem drogas. E o skate, na vida de muita gente, acabou se tornando uma profissão. Tem uns que, por conta do esporte, se tornaram músicos, outros viraram revendedores de marcas de skate. Você acaba conhecendo muita gente, viajando, fazendo amizades fora do país. Não é só ficar brincando na rua.”

O uso do esporte enquanto ferramenta de socialização também é um objetivo dos skatistas. Foto: Felipe Fernandes

“Se quiserem conversar, serão muito bem-vindos”

Ao Jornal de Brasília, o administrador de Taguatinga, Renato Andrade dos Santos, se coloca à disposição para dialogar com os envolvidos em skate da região. “Se quiserem conversar conosco, serão muito bem-vindos para construirmos juntos a melhor alternativa. Basta fazerem um pedido formal. A presença deles na administração será fundamental para sabermos o que está acontecendo. Mas não posso ser irresponsável e fixar um prazo”, afirma Bispo Renato, como é mais conhecido.

De acordo com ele, é muito importante criar algo voltado para os skatistas. “Tudo aquilo que agrega valores à sociedade é importante. Não é segredo para ninguém todos [os espaços públicos] são degradados. Então, em Taguatinga, não podemos fazer nada sem um projeto. São bem-vindas as demandas da comunidade, mas a Administração não tem recursos próprios”, explica.

Renato esclarece que a reforma da quadra depende de apoio da Secretaria de Esporte e Lazer do DF. “No nosso caso, somos facilitadores para ajudá-los nessa busca. Se buscam parcerias com o próprio governo e para a população. A revitalização está sendo feita em várias quadras de Taguatinga, e vamos seguir o plano da gestão anterior. Estamos dando foco às necessidades aos olhos de todo mundo”, conclui o administrador de Taguatinga, que acompanhou a conclusão de três obras de revitalização em parques e quadras na região.

Em nota, a Secretaria de Esporte e Lazer pretende agir com obras em Taguatinga com base no programa Esporte nas Ruas, lançado na última quarta-feira (23). A ideia é democratizar a prática esportiva com a distribuição de equipamentos e materiais esportivos nas regiões administrativas e nas organizações sociais sem fins lucrativos.

“A Secretaria de Esporte dará todo o apoio necessário para essa reestruturação. Mesmo porque Taguatinga irá fazer parte desse programa. A própria administração, a partir desse programa, irá fazer esse direcionamento para essa pista de skate e outros projetos que o administrador tenha interesse em direcionar esse programa”, declara a pasta.

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