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Brasília

Projeto social no Base traz alívio para pacientes com infecção óssea

Doença provoca dores limitantes e tem difícil cura com tratamentos convencionais

Redação Jornal de Brasília

27/01/2020 17h16

Um projeto implantado pela equipe da Unidade de Ortopedia para tratar infecção óssea está mudando a vida de pacientes no Hospital de Base (HB). Mais de 40 pacientes já foram beneficiados pela nova técnica. Joeri Alves, 45 anos, é um deles. Depois de noites inteiras sem dormir por causa de uma dor intensa na perna, ele foi diagnosticado com osteomielite, uma infecção no fêmur. O alívio só chegou após ser submetido ao tratamento que conta com uma abordagem inovadora e de forte caráter social.

“Acordei com uma dor muito forte que teve continuidade nos dias seguintes. Se eu me deitasse, uma hora depois já estava de pé, porque sentia muita dor. Passava a noite pulando da cama para o sofá na tentativa de um cochilo. Graças a Deus esse sofrimento acabou. Hoje durmo a noite inteira”, relatou.
O cirurgião da Unidade de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Base, Mário Soares, foi quem operou o paciente e teve a iniciativa de implementar o projeto. Ele explicou que conheceu essa abordagem fora do Brasil e que ela promove a cura em mais de 90% dos casos. “O mundo inteiro tem dificuldade de tratar essa infecção. Essa técnica existe há alguns anos em parte da Europa e nos Estados Unidos. Aprendi o tratamento na Alemanha e trouxe esse conhecimento para o Brasil. Com o apoio do Hospital de Base, preparamos a equipe e compramos o material para colocá-la em aplicação”, ressaltou.

O cirurgião esclarece que já foram beneficiados mais de 40 pacientes com a nova técnica e faz questão de reforçar que os ganhos para os pacientes são diversos, principalmente, nas esferas social, pessoal e econômica. “Esses pacientes sofrem muito, durante um bom tempo, sem uma solução definitiva para o caso. São inúmeros dias internados, várias cirurgias sem sucesso e uso de antibióticos por longos períodos, além de todos os efeitos colaterais” disse.

Mário Soares relata, ainda, que muitos pacientes acabam abandonando o emprego e tendo sempre uma história de sofrimento familiar. “Esse projeto de luta contra a osteomielite é a grande oportunidade desses pacientes e a grande contribuição do Hospital de Base para a comunidade do DF. Além de representar uma medida coerente e inteligente para economia de recursos que poderão ser destinados a outros tipos de tratamentos. Nosso objetivo é curar essa doença da maneira mais rápida e eficiente possível”, destacou.

O diretor-presidente do IGESDF, Francisco Araújo, elogia a técnica que está sendo utilizada e ressalta a importância desse projeto para “a diminuição do tempo de internação, do número de cirurgias por paciente, além da redução de gastos com antibióticos e de tratamentos que não resultam em sucesso”. Francisco Araújo também destacou o aspecto social do projeto e o trabalho multidisciplinar feito pelos profissionais de saúde do Hospital de Base.

O projeto consiste em algumas etapas importantes. Antes de tudo, é identificada a bactéria causadora da infecção para melhor definição do antibiótico. Posteriormente, é feita a cirurgia.
Durante a operação, o médico limpa o local para retirada de todos os tecidos infectados e dos implantes ortopédicos, quando for o caso. Depois, são colocados os implantes ortopédicos. O cuidado com as partes moles, que são peles e tecidos ao redor, é responsabilidade da equipe de cirurgia plástica. Posteriormente é feita a cirurgia geral.

O tratamento cirúrgico pode ser realizado em um tempo, quando na mesma cirurgia é retirado o tecido infectado e inserida a prótese ou outro material. A segunda opção consiste em fazê-la em dois tempos, quando se opta por retirar o tecido morto, aguardar a recuperação e realizar uma segunda cirurgia em até 60 dias para inserção da prótese.

“A indicação do tipo de tratamento cirúrgico dependo de cada caso. Fazemos sempre o que é melhor para o paciente. O resultado é parecido, mas a vantagem é que em um tempo é mais cômodo para o paciente e permite uma otimização do tempo das salas cirúrgicas”, explicou.

O médico ressaltou que é de grande importância também a atendimento multidisciplinar. O paciente é atendido por enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos, farmacêuticos clínicos, infectologistas, geriatra, técnicos de enfermagem e de gesso, assistentes sociais, além de cirurgião plástico, que cuidam do paciente em todas as esferas.

A osteomielite é a infecção do osso causada por uma bactéria que provoca gradativamente a morte do tecido. A bactéria pode chegar aos ossos pela corrente sanguínea. Pacientes que sofreram fraturas, principalmente, as expostas também podem ter a infecção, já que muitas vezes o osso entra em contato com terra, asfalto e outras superfícies que têm bactérias.

“No Hospital de Base, recebemos muitos pacientes nessa situação. Uma vez que a bactéria contamina e mata o osso, somente a cirurgia tem potencial curativo”, ressaltou.

Os sintomas mais comuns incluem dor, vermelhidão local, vazamentos nas feridas, febre e calafrios. Os fatores de risco são desnutrição, obesidade, diabetes descompensado, pacientes fumantes, aqueles que fazem uso de corticóide e que têm doenças que causam baixa imunidade.

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