Da Redação
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Um espaço aberto ao público, com potencial para ser uma área que une a prática de esportes, o lazer e o meio ambiente de forma harmônica. Esse era o intuito de Lúcio Costa ao pensar a Orla do Lago Paranoá décadas atrás. Na concepção da nova capital federal, o projeto urbanístico do arquiteto contava com espaços livres ao longo da orla, o que acabou não acontecendo. Ao longo dos anos, no entanto, boa parte dos espaços foi tomada por construções particulares.
Desenvolvido durante o governo do ex-governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), o projeto Orla Livre foi desenvolvido e motivado por uma decisão judicial que exige a desocupação de áreas públicas próximas às margens do Lago Paranoá.
O programa acabou virando uma das principais vitrines do governo Rollemberg. O ex-governador defende o projeto. Para ele, o brasiliense precisa ter acesso à orla. No entanto, em trocas de governos, nem sempre o projeto criado por um é levado da mesma forma pelo seguinte.
Indecisão
No último dia 12 deste mês, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que não fará obras na orla do Lago Paranoá. A região, desobstruída durante a gestão de Rodrigo Rollemberg, deverá ser mantida como área de preservação ambiental, encerrando desta forma o plano que previa a ocupação e a urbanização da orla.
Um dia após a declaração dada por Ibaneis, porém, o atual governador voltou atrás e disse que fará, sim, com sua equipe, uma análise da sentença judicial de desocupação do espaço para avaliar se o projeto Orla Livre terá ou não prosseguimento.
A urbanização da orla do Lago Paranoá previa a construção de quiosques, restaurantes, estacionamentos, trilhas, um mirante, área para animais de estimação, anfiteatro, quadra poliesportiva e roda-gigante.
O que pensa o brasiliense
Quem frequenta os parques elogia os espaços disponíveis para a utilização de todos e é favorável à liberação da orla. No entanto, reclama da falta de estrutura no local.
O vigilante Diones Vieira, de 33 anos, escolheu passar o último domingo em família, no Parque Ecológico Península Sul.
“Aqui é distante de Samambaia, onde moramos. Lá não há parques e espaços iguais a esse, com áreas verdes e água. Por isso, mesmo sendo longe, escolhemos passar o dia aqui, onde se tem lazer e o lago, que dá para tomar banho. É um bom lugar para se frequentar e as crianças se divertem”, conta Diones. Apesar de achar o ambiente agradável, o vigilante enxerga, porém, um problema na estrutura do lugar: a falta de banheiros públicos.
A arquiteta Veridiana Batista, de 36 anos, também frequentadora do local, faz observações importantes sobre a forma correta de se fazer uso da orla.
Ela explica que a presença do público não é necessariamente algo prejudicial para a preservação do meio ambiente, uma vez que o local já está modificado em termos ambientais.
“O ideal seria fazer um tratamento de vegetação mais adequada, porque o lugar já está descaracterizado. A presença de uma vegetação nativa seria o ideal. O espaço ainda não tem uma boa estrutura, poderiam colocar decks, talvez alguns trechos não tão próximos à água que possam ter bancos e sanitários em pontos estratégicos ao longo da orla”, opina a arquiteta.
Segundo Veridiana, “todo o espaço de meio ambiente aberto ao público tem que ter consciência e educação para não trazer lixo, para não fazer atividades com fogo que possam queimar. Não é necessariamente o uso do ambiente que traz o dano em si”.
O policial civil Luiz Henrique Ribeiro, de 50 anos, frequenta o parque e diz que é favorável quando o assunto é manter o espaço aberto. Para ele, o acesso à orla do lago precisa ser democrático.
“O projeto inicial do lago previa isso, uma orla acessível para todos”, destaca Luiz. “Não acho que deva fechar o parque, tem que manter aberto e melhora a infraestrutura, o acesso e a questão da segurança, pois ouvi queixas da falta de iluminação no período noturno”, completa.
Saiba mais
- O projeto Ocupe o Lago surgiu no fim do ano de 2013, após dois episódios de vazamento de óleo no Lago Paranoá.
- A iniciativa Ocupe a Orla tem como intuito promover a qualidade de vida por meio do uso seguro e sustentável do espaço.
- Entre os trabalhos desenvolvidos estão a prática de atividade esportiva e a conscientização em relação aos cuidados que devem ser tomados ao utilizar as margens do lago.
- O grupo realizou uma ação no último domingo que teve como intuito mostrar que é possível ocupar o patrimônio público numa convivência pacífica, educada e cordial com a comunidade local.