Tatiana Py Dutra
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Dois professores de Brasília estão entre os finalistas de uma iniciativa nacional para promover e valorizar o ensino de Artes. A 21ª edição do Prêmio Arte na Escola Cidadã teve mais de 1,4 mil inscritos de todo o Brasil, mas apenas 20 tiveram projetos selecionados. Hugo Nicolau Vieira de Freitas e Klévia de Oliveira Leal Fernandes de Lima são fortes candidatos a cinco prêmios de R$ 10 mil. Se eles forem contemplados, as escolas em que trabalham receberão, além do reconhecimento, uma câmera digital e um computador.
Formado em Educação Artística e Teatro, e doutorando em Educação, desde 2012 Hugo desenvolve um projeto de Educação Patrimonial na Escola Parque 313/314 Sul.
“O projeto nasceu para mostrar para as crianças que a arte é um patrimônio construído por humanos, não só por adultos. Que a arte que elas fazem também é patrimônio”, comenta.
Assim, há oito anos, o professor é guardião e curador de obras produzidas pelas centenas de crianças que frequentaram a escola. A intenção é que as peças se tornem o primeiro Museu de Arte Infantil do Distrito Federal.
“A gente quer chamar de memorial e não se museu, porque tem muito mais a ver com a memória das crianças que passaram pela escola” acrescenta Hugo.
Fora da escola
Hoje, o acervo conta com mais de 2 mil peças, entre desenhos, telas e esculturas, produzidos sob perspectivas decoloniais, que valorizam a afrobrasilidade e a raiz indígena. A arte das crianças já pode ser conferida em exposições fora do ambiente escolar, como a realizada na Biblioteca Central de Brasília, em 2017.
Não é a primeira vez que o trabalho de Hugo e seus alunos é reconhecida pelo Arte na Escola Cidadã. No ano passado, o projeto também foi finalista do concurso.
“Quando me inscrevi daquela vez, minha intenção era saber se eu estava no caminho certo, e para receber uma avaliação de uma equipe especializada em arte no contexto pedagógico. Então, dessa vez, eu até esperava ser finalista”, comenta.
Pesquisa no Caic
Já o trabalho da professora Klévia é desenvolvido no CAIC Juscelino Kubitschek, no Núcleo Bandeirante, junto a alunos de 4 a 11 anos portadores de altas habilidades (superdotados). O projeto nasceu em abril do ano passado, elaborado em conjunto com a professora Fernanda Veloso, visando a participação no Festival de Ciência e Inovação e Tecnologia do DF (Festic).
Como o perfil de interesse dos estudantes é dividido entre acadêmico (pesquisa) e artístico, a meta foi criar um projeto que contemplasse a ambos. Assim, decidiram pesquisar as plantas tintórias (que produzem tinta) do Cerrado encontradas região onde fica a escola. Além de descobrir as espécies, os alunos levantaram métodos de extração e produção sustentável das tintas, usadas nos trabalhos das crianças com perfil artístico.
“A casca de cebola produz uma tinta maravilhosa para tingir roupas, tingir tudo”, comenta a professora, acrescentando que os pequenos produziram de aquarelas a peças de roupas, e ainda têm o projeto de lançar um protótipo de calçado elaborado por eles próprios.
Como o Festic do ano passado acabou não sendo realizado, Klévia não contou para os alunos que o projeto foi inscrito em uma premiação nacional
“Eles vão ficar muito felizes quando souberem. E eu vou roer as unhas até o dia 25 de novembro”, diz.