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Brasília

Presa mulher considerada pela polícia a “rainha” do “Boa Noite, Cinderela”

Várias vítimas acusam a mulher do golpe. Irmão dela é suspeito de dopar e queimar vivo um policial militar reformado do Distrito Federal

Willian Matos

19/09/2019 11h44

Olavo David Neto e Willian Matos
[email protected]

Após três meses de investigações, a Polícia Civil do DF (PCDF) prendeu uma mulher denominada pela corporação como a “rainha” do golpe popularmente chamado de “Boa Noite, Cinderela”. A prisão aconteceu na última terça-feira (17).

Várias vítimas acusam a suspeita de atraí-las para um encontro, dopá-las e roubar os bens delas. O local onde a mulher foi presa não foi informado. 

Erika Rayane Batista dos Santos é tida como a Rainha do “Boa noite, Cinderela”, e entrou no radar dos investigadores após a prisão do irmão, Rafael Batista, em julho. Eles praticavam os golpes desde o início do ano, e, até agora, oito vítimas foram identificadas pelos agentes. Uma delas é o policial militar reformado e taxista João Batista, queimado vivo em julho. 

Erika conhecia as vítimas através de aplicativos e sites de relacionamento. Pelos chats, marcava os encontros e sondava a presa. Na hora dos encontros, ela propunha que se dirigissem a um motel, mas com uma breve parada para bebidas. Erika sempre servia os drinques, que já estavam batizados. Dopadas, as vítimas davam até senhas de cartões de crédito à golpista. “Ela tinha uma lábia muito boa, é muito articulada”, comentou em coletiva o delegado-adjunto da DRS, Luiz Henrique Dourado Sampaio. 

Luiz Henrique não deu detalhes sobre a substância usada para “apagar” os alvos, mas disse que são remédios controlados, de fácil obtenção em farmácias. O truque dos dois era exagerar nas doses. Todas as vítimas eram de classe média ou classe média baixa, e as ações aconteciam no Recanto das Emas e em Samambaia Sul. A cada golpe eram roubados de R$ 3 mil a R$ 4 mil em joias, celulares e dinheiro – seja por meio de saques ou pela utilização dos cartões roubados.

Esse foi, inclusive, um facilitador na investigação. Com as operações feitas com cartões das vítimas, Erika deixava rastros virtuais e bancários nas compras para si. Ela chegou a fazer a feira do mês em supermercados e gastar com bebidas. “Era a forma que eles sobreviviam; a renda deles vinha dos golpes que praticavam”, aponta o delegado-adjunto. 

Homicídio 

Um dos golpes fugiu ao controle da dupla. Em maio, o policial militar reformado que trabalhava como taxista João Batista Pereira Serpa foi chamado para uma corrida. Rafael o convidou a entrar na casa e ofereceu-lhe. Pouco depois, João Batista se sentiu mal e desmaiou. A dupla achou que o taxista estava morto, e, já no local onde descartavam os pertences das vítimas, atearam fogo ao carro com o PM dentro. Quando o airbag do veículo cedeu ao fogo e explodiu, xxx acordou e saiu correndo com o corpo em chamas. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos

Erika será indiciada por roubo majorado – quando não há violência física, mas a vítima tem seu discernimento reduzido – em sete dos casos registrados. Ela está presa de forma temporária durante a investigação, mas a Polícia Civil já solicitou a conversão para prisão preventiva, para que ela responda ao processo já detida. Rafael, por outro lado, será indiciado por roubo, homicídio culposo e ocultação de cadáver. Ele está preso desde maio e foi o gatilho para a investigação da DRS.

 

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