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Brasília

Praças da PM exigem promoção

Em meio à disparidade no número de sargentos, policiais ameaçam realizar operação tartaruga

Lucas Neiva

16/12/2020 7h27

POLICIA MILITAR PMDF

Foto: Divulgação

Dos pouco mais de 10mil militares que compõem os quadros da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), mais de 6 mil são suboficiais (sargentos e subtenentes). A quantidade de sargentos chega a superar o número de soldados e cabos na corporação, que juntos totalizam 2.611 militares. Mesmo diante de uma disparidade na proporção entre suboficiais e soldados, praças da PMDF procuram meios de pressionar o governo pela facilitação nos critérios de
promoção.

Conversas vazadas na terça (15) em grupos de praças da PMDF em uma plataforma de mídia social, e reveladas pelo portal Metrópoles, mostraram que membros da organização planejam realizar o que chamam de “operação tartaruga” (termo utilizado para uma queda proposital no desempenho dos militares em atividade) em resposta à recusa do governo em reduzir o tempo necessário para uma promoção na carreira de policial militar.

A principal causa de revolta alegada pelos praças é a dificuldade para avançar na carreira na corporação em comparação com demais órgãos de segurança: enquanto que no Corpo de Bombeiros e na Polícia Civil (PCDF) já existe um plano de carreira definido, as promoções na PMDF são demoradas e incertas. Mas por outro lado, a maioria dos praças da corporação já ocupam patentes próximas ao topo da carreira.

Até o fechamento da matéria, a PMDF não se manifestou sobre as ameaças de operação tartaruga, mas afirma que a disparidade de sargentos em comparação às patentes mais baixas se deve à falta de concursos para oficial e praça nos
últimos anos. “Tal fato acarretou um desequilíbrio na estrutura organizacional da Corporação, fato este que está sendo mitigado por meio das formações na Academia de Oficiais e nos novos Cursos de Formação de Praças”, afirmam por meio da assessoria de comunicação.

Implicações da disparidade

Leonardo Sant’Anna, ex-militar da PMDF e consultor internacional de segurança, explica que o excesso de sargentos na corporação não chega a comprometer suas atividades. “Todos os sargentos em algum momento já passaram pelas funções de cabos e soldados, e estão aptos a substituí-los quando necessário para a execução de alguma tarefa, sem a necessidade de se perceber um comprometimento da sua função de coordenador, diferentemente do que ocorre nas Forças Armadas, em que os sargentos já ingressam por meio de escolas de formação voltadas para uma execução de coordenação direta”.

Apesar de não comprometer as atividades da PMDF e, para parte dos praças, servir como fomentador, a concessão das promoções pode chegar a custar R$124 milhões para o Governo do Distrito Federal. Ao todo, cerca de 2 mil praças receberiam novas patentes caso fossem concedidas promoções em 2020.

Governo convoca 500 policiais

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) anunciou para 28 de dezembro o início do curso preparatório de praças da segunda turma de aprovados do concurso realizado em 2018. Desde o dia 1º deste mês a corporação vem recebendo a documentação dos 500 convocados. A espera veio à tona depois que a primeira convocação, feita ainda
no primeiro trimestre deste ano, foi suspensa com o decreto da pandemia do novo coronavírus no Brasil. A primeira turma, de 750 soldados, havia se formado em janeiro. As aulas presenciais do novo grupo, porém, tiveram que ser suspensas antes mesmo de começar e o novo chamamento ficou sem data prevista.

Até que a Polícia Militar, cumprindo todos os protocolos de segurança – que inclui o distanciamento mínimo entre os alunos em sala de aula –, promoveu uma readequação do curso e a retomada dos planos de formação para ainda este ano. Nesse momento, há em andamento um curso de formação de 87 oficiais. A duração é de três anos.

A previsão inicial é de que a preparação dos novos praças no Complexo de Ensino da Polícia Militar em Taguatinga dure cerca de oito meses, caso nenhuma medida de suspensão das atividades precise ser tomada para conter o contágio da Covid-19 no Distrito Federal. A partir daí, todo o efetivo de 500 soldados, entre homens e mulheres, será empregado no reforço da segurança pública em todo o DF.

“A vinda desse novo efetivo vai reforçar o policiamento do DF, reduzindo nosso déficit na corporação, além de aumentar a sensação de segurança da população nas ruas”, aposta o chefe do Departamento de Gestão de Pessoal da
PMDF, coronel Rigueira.

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