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Brasília

Polícias do DF e Goiás investigam médico denunciado

Arquivo Geral

07/12/2018 7h00

Atualizada 06/12/2018 20h46

Médico Wesley Murakami. Foto: Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
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Pelo menos 21 pessoas registraram boletim de ocorrência contra o médico Wesley Murakami. Destas, dez são do Distrito Federal e 11 de Goiânia, município onde o médico também mantém uma clínica de estética. Ao longo dos últimos dias, o JBr. tem mostrado a denúncia dos pacientes, que o acusam de deformar seus rostos por meio de bioplastia – um preenchimento na pele.

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Na capital federal, a Coordenação de Combate a Fraudes (Corf), da Polícia Civil, está à frente das investigações. De acordo com o delegado Jonatas Silva, a maioria das vítimas fez o boletim de ocorrência na última terça-feira. “As vítimas que compareceram à delegacia já foram ouvidas. Depois, foram encaminhadas para fazer o exame de corpo delito no IML (Instituto Médico Legal)”, pontua.

Por ser recente, o delegado explicou que ainda não é possível afirmar quais são os crimes aos quais Murakami pode responder. “Instauramos o inquérito policial nos últimos dias. Então, ainda estamos analisando os casos para fechar uma ou mais qualificações”, aponta. Para ele, ainda é possível que mais vítimas registrem o boletim de ocorrência. “Uma das vítimas me antecipou que um grupo de pacientes irá à delegacia”, completa.

Goiânia

Em Goiânia, 11 pessoas registraram denúncia contra Wesley Murakami. Segundo o delegado à frente das investigações no município goiano, Carlos Caetano, da 4ª Delegacia de Polícia, as investigações ainda estão em fase de coleta de depoimentos. “Estamos ouvindo as vítimas e testemunhas dos casos. Só depois iremos encaminhá-las para o IML para fazer exame de corpo delito”, explica. Em Goiás, Murakami está sendo investigado pelos crimes de lesão corporal.

Além disso, Caetano afirma que acionou o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) para compreender até que ponto a falta de especialidade barraria o médico na realização dos procedimentos estéticos. Por telefone, o delegado contou que pretende trabalhar o caso junto `à Polícia Civil do Distrito Federal.

Apesar da repercussão, a paciente de Goiânia Camila (nome fictício), 37 anos, diz estar sem esperança. “Estamos fazendo a nossa parte, indo à delegacia, mas pará-lo vai ser difícil. As leis do País não resolvem nada”, critica. Para ela, Murakami continuará a atuar. “Vai ser só um susto. O assunto vai morrer e ele vai voltar a deformar o rosto de outros pacientes. Estou sem esperança”, dispara.

Foto: Arquivo Pessoal

Ausência de especialidade não o impede

Embora o Conselho Federal de Medicina seja o órgão máximo que responde pelo exercício da profissão do Brasil, a assessoria do CFM não respondeu às demandas da reportagem. Em vez disso, passou a bola à instância local – que não estabelece normas -, o Conselho Regional de Medicina do DF. Por telefone, porém, a assessoria do CFM esclareceu apenas que a falta de especialização não limita a atuação de um médico. Com o diploma em mãos, o profissional pode exercer o ofício em sua plenitude.

No entanto, a assessoria informou que, durante a graduação, os estudantes são orientados a buscar residência ou provas de títulos nas áreas almejadas. Além disso, pacientes são recomendados a buscar profissionais com formação adequada e necessária.

O Conselho Regional do DF confirmou a resposta do CFM. Por nota, esclareceu que a única proibição é anunciar uma especialidade a qual não tenha registro de qualificação no CRM. Com relação a Wesley Murakami, não haveria novidades nas investigações. A única informação é que ele possui uma sindicância instaurada e um processo ético em andamento, em sigilo.

Cremego

Em nota publicada no site do Cremego, o Conselho diz estar adotando “todas as medidas cabíveis para a apuração dos fatos, envolvendo a conduta deste profissional que está inscrito desde 2003 e não tem especialidade registrada”.

Porém, o Cremego afirma que nunca foi procurado por pacientes de Murakami, embora denúncias veiculadas citem a realização dos procedimentos desde 2012. Conforme a assessoria já havia informado ao JBr., as denúncias tramitam em sigilo processual – segundo determinação do Código de Processo Ético-Profissional Médico.

Saiba Mais

Após o início da série de reportagens, Wesley Murakami começou a ser alvo de comentários nas redes sociais. Em uma foto, uma mulher defende o médico. “Eu só tenho que agradecer pelo excelente trabalho que ele fez no meu rosto”, escreveu. Na postagem, ela ainda diz que também ficou “inchada e feia” após o procedimento, dando a entender que é uma reação normal do corpo.

Na página do Facebook da clínica de estética, internautas também avaliam o serviço do médico. Uma mulher questiona: “Como pode uma pessoa fazer isso com a outra! Quanta maldade!”.

A reportagem tentou entrar em contato novamente com o advogado de defesa do médico, André Bueno, mas ele não atendeu às ligações.

 

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