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Brasília

Policial civil do DF teria fraudado 11 concursos

Arquivo Geral

16/01/2018 7h00

Divulgação

João Paulo Mariano
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Uma operação policial interestadual levou à prisão preventiva de duas pessoas por fraude em concursos públicos. Uma delas é o agente da Polícia Civil do DF Márcio David Carneiro Liberal, que trabalhava na 15ª DP (Ceilândia), e foi detido em casa, em Samambaia. Ele, junto aos outros integrantes da organização criminosa, é suspeito de fraudar 11 certames na Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí. Ainda não há confirmação de crimes deste grupo na capital.

As apurações concluíram que o servidor da PCDF agia no esquema há pelo menos dois anos. O nome dele foi citado em investigações da Polícia Civil do Piauí e da Paraíba, nas operações Sem Barreiras e Gabarito, respectivamente. Na primeira, por fraude no concurso para agente penitenciário do estado, e, na segunda, por ilegalidade na prova para o Ministério Público do Rio Grande do Norte, pela qual só não foi preso em flagrante porque o nome surgiu depois.

Importância

Para o investigador da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) de João Pessoa, delegado Lucas Sá, Márcio David é considerado um dos importantes “professores” da organização. Era ele que respondia as questões da prova, remotamente ou pessoalmente, como ocorreu no concurso para o MP do Rio Grande do Norte.

Sá diz que ainda não houve mandado de prisão contra ele na Paraíba porque nem a Justiça estadual nem a Federal decidiu de quem é a competência para julgar os casos. Enquanto isso não ocorre em seu estado, ele se alivia com a prisão de Márcio, que teria sido um dos primeiros identificados após as investigações que se originaram na Paraíba.

“Ela era professor da área jurídica. Pegamos comprovantes de pagamentos de e conversas com um membro importante da organização. Paralelamente a isso, confirmamos que ele era policial no DF. Isso no final de julho do ano passado, quando começamos o contato da Corregedoria da Polícia do DF”, lembra o delegado da DDF de João Pessoa. Márcio ganhava R$ 5 mil por certame que participava, além de R$ 2 mil por redação que redigia.

Troca de plantão

As provas apontam que o agente Márcio David fazia de tudo para participar das provas assim que era chamado. Em algumas das conversas interceptadas, às quais o Jornal de Brasília teve acesso, do dia 6 de fevereiro de 2017, ele fala que está de plantão, mas que iria “tentar trocar” para participar da prova no domingo. Ele cita até o “profissionalismo” dos envolvidos ao receber informações de como deveria escrever a redação de um dos candidatos. Quem conversava com ele era Flávio Luciano Nascimento Borges, apontado como um dos líderes do grupo.

Promessa de aprovação garantida

Em conversa com um dos integrantes do esquema, Márcio David fala que a “empresa trabalha com sonhos. Aprovação garantida”. Ele ainda diz “somos a melhor do Brasil” e que está feliz com o resultado da banca Fundação Carlos Chagas (FCC). O detido pede até um acréscimo de R$ 500 na participação dele se o “pacote FCC”, na prova do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, fosse fechado. O interlocutor diz que vai entregar “1.000”.
O agente chega a debochar da corporação de outros estados. Em uma conversa de março do ano passado, Márcio diz que vai deixar uma cesta de café da manhã para o delegado do Piauí que investiga fraudes em concursos. O Jornal de Brasília, até o fechamento desta edição, não tinha conseguido o contato com a defesa do policial.

O mandado de prisão veio do Piauí, no arcabouço das investigações da operação Sem Barreiras, do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco/PI). A Polícia Paraíba também estava de olho no grupo e tinha deflagrado a operação Gabarito em maio passado, que deteve 19 pessoas.

Nas ações desta semana um dos mandatos era para Flávio Luciano Nascimento Borges, que já havia sido detido pela polícia paraibana. Também foi confirmada a presença de outro integrante, importante para a área da logística. Luiz Paulo Silva dos Santos, conhecido, conhecido como Baby 10, fotografava os cadernos de prova dentro das salas de aplicação e enviava o conteúdo para a organização.

Há a suspeita de que o grupo tenha cometido fraudes em 98 certames em todo o País. O delegado Lucas Sá aponta indícios de participação em provas em São Paulo e outros estados do Sudeste. Não há confirmações no Centro-Oeste.

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