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Brasília

Polícia Civil investiga roubo e agressão no Itapuã; crime pode ter sido motivado por preconceito

Arquivo Geral

06/05/2019 12h03

Charles Soares Silva. Foto: Arquivo Pessoal

Ana Lúcia Ferreira
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A Polícia Civil investiga um suposto “crime de ódio” ocorrido na madrugada do último dia 2, próximo ao Condomínio Del Lago, no Itapoã. A vítima, um cabeleireiro de 38 anos afirmou à Corporação que “tem convicção de que tal agressão deu-se pelo fato de ele ser homossexual”.

Em depoimento, Charles Soares Silva informou que estava em um bar bebendo. Como mora próximo ao local, por volta das 2h da madrugada, seguiu a pé em direção à sua casa. No caminho ele afirmou que foi abordado por alguém, pelas costas. Charles relata que sentiu apenas uma pancada na cabeça e por conta da agressão caiu no chão. Na sequencia, ele diz que foi chutado por diversas vezes até desmaiar.

O cabeleireiro foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhado para o Hospital Regional do Paranoá (HRPA). Ele acredita que algum popular que passava pelo local e o viu machucado acionou o socorro. Charles sofreu escoriações pelo corpo, além de cortes na testa e na boca e precisou levar pontos.

Ferimentos causados em Charles, 38 anos, por conta da agressão. Foto: Arquivo Pessoal

Motivação

Para a polícia, Chales disse que não tem inimigos. Contudo, ele acredita que o crime tenha sido motivado pelo fato dele ser homossexual.

“Moro aqui no local há mais ou menos 13 anos. Não tenho inimigos e nunca tive nenhum problemas com ninguém. Acredito que a agressão foi por preconceito”, afirmou o homem ao Jornal de Brasília.

Em seu testemunho ele relatou que, horas antes do ocorrido, enquanto ainda estava no bar um homem o encarou e perguntou “o que ele estava olhando”. Charles disse que respondeu ao sujeito que “não era porque ele estava olhando para ele que estaria dando em cima”.

O cabeleireiro ainda guarda as roupas sujas de sangue, uma regata branca e uma calça bege, que utilizava no dia da agressão.

Roupas utilizadas por Charles no dia da agressão. Foto: Arquivo pessoal

“Em um país com com tanta injustiças, não acredito que alguém possa ser punido pelo que me fez, mas a minha parte eu fiz. É preciso que as pessoas não fiquem caladas. É preciso narrar o ocorrido para que as autoridades tomem conhecimento e crimes como este não voltem a ocorrer. Trabalho e pago meus imposto como qualquer outro cidadão e não podemos ficar a mercê deste tipo de situação”, desabafou.

O que diz a Polícia Civil

O caso é investigado pela 6 Delegacia de Polícia (Paranoá). Para a delegada-chefe da unidade, Jane Klébia, o caso é tratado, inicialmente, como roubo, uma vez que levaram da vítima o aparelho celular e dinheiro em espécie.

“Não descartamos as observações que a vítima fez em relação ao ocorrido. Nosso trabalho agora é identificar quem acionou o socorro, conversar com o dono do bar entre outros depoimentos para compreender o que ocorreu”, afirmou.

Jane ainda destacou que, caso o autor seja identificado e fique comprovado o crime por conta da orientação sexual da vítima, ele pode ser enquadrado por injúria.

“Se o relato for comprovado, a pessoa que praticou o crime pode ter o atenuante de crime de injúria, quando tem a ver com a condição da pessoa. A pena para este tipo de crime pode ser de 3 meses a 1 ano de detenção”, esclareceu a delegada.

Saiba Mais

O julgamento sobre a criminalização da homofobia está parado no
Supremo Tribunal Federal (STF) desde fevereiro deste ano, quando a Corte suspendeu a análise do tema.

Não há uma data específica para a retomada da análise, porém, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli afirmou que o caso deve voltar a pauta ainda neste semestre.

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