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Brasília

PCDF recupera R$ 100 mil em joias pagas por falso serviço espiritual

De acordo com a vítima, uma astróloga entrou em contato com ela através de um telefonema, afirmando ter uma mensagem para passar pessoalmente

Redação Jornal de Brasília

27/04/2020 15h34

Foto: Divulgação/PCDF

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 1ª Delegacia de Polícia (DP), deflagrou a operação Métis na última sexta-feira (24) e conseguiu recuperar joias avaliadas em R$ 100 mil, que haviam sido entregues para uma astróloga atuante na Asa Sul pela execução de um suposto serviço espiritual. 

De acordo com a vítima, uma mulher de 47 anos, uma astróloga entrou em contato com ela em 15 de abril, através de um telefonema, afirmando ter uma mensagem para passar pessoalmente, dizendo ter conhecimento de vários fatos da vida dela e de seu pai, insistindo para que a vítima fosse sozinha até sua casa. 

A vítima, então, foi até a casa da astróloga no dia 18 e, segundo combinado, a astróloga faria uma oração e não cobraria nada por tal serviço, porém, no final da sessão, a astróloga disse à vítima que precisaria fazer um trabalho para ela e lhe cobrou a quantia de R$ 820, para, supostamente, comprar o material necessário para a execução do serviço. A vítima concordou e lhe pagou tal quantia.

No dia 22, a vítima retornou à casa da astróloga, a qual lhe disse que alguém tinha feito um trabalho contra ela e que o mesmo estava prejudicando a sua vida. Para desfazer esse trabalho, a astróloga disse que a vítima teria que lhe pagar a quantia de R$ 820 multiplicada por 72 vezes, pois haviam 72 entidades atuando contra a ela.

Para pressionar a vítima, a astróloga exigiu que o pagamento fosse realizado naquele momento, tendo a vítima lhe entregado nove pulseiras de ouro e brilhantes que estava usando. Não satisfeita, a astróloga lhe exigiu outras joias em pagamento, tendo a vítima ido até sua casa para pegar outras joias e, em seguida, as entregou para a astróloga.

Ao perceber o engodo que havia caído, a vítima contatou a astróloga para que ela lhe devolvesse às joias obtidas, porém a mesma disse que apenas estava em poder de parte delas e que, para devolvê-las, a vítima teria que lhe pagar a quantia de R$ 45.950.

Após comunicar os fatos aos seus familiares, a vítima procurou a 1ª DP. Após tomar conhecimento dos fatos, os policiais orientaram à vítima a retornar até à casa da astróloga e exigir a devolução de suas joias. Os policiais acompanharam a vítima até o local e, de longe, aguardaram a conversa. A astróloga teria devolvido apenas uma parte das joias e, após a vítima informar tal fato aos policiais, a operação policial foi deflagrada e a astróloga foi conduzida para a delegacia.

Na unidade policial, após ser informada que poderia ser presa em flagrante pelo crime de estelionato, a astróloga decidiu devolver as joias obtidas em prejuízo da vítima. Satisfeita com a resolução do caso, a vítima decidiu não dar prosseguimento na ocorrência policial e a astróloga acabou liberada.

Responsável pela investigação, o delegado Ataliba Neto esclarece que esta não é a primeira vez que atua em caso de estelionato espiritual. No ano de 2015, quando estava lotado na Divisão do Consumidor da CORF/PCDF, prendeu em flagrante uma falsa taróloga que atuava em Águas Claras. Na ocasião, ela havia induzido e mantido em erro um homem, tendo feito com que ele lhe entregasse a quantia de R$ 16 mil em espécie para desfazer um trabalho espiritual que haviam feito contra ele.

Em casos como tais, os autores se aproveitam da fragilidade emocional e espiritual de suas vítimas e fazem com que elas lhes entreguem vultuosas quantias em dinheiro ou mesmo bens materiais, como joias, por exemplo. Muitas vezes as vítimas, com vergonha do golpe sofrido ou mesmo por temer a reação de familiares, assumem o prejuízo e não denunciam os autores às autoridades.

O interessante neste último caso foi que as justificativas da autora foram as mesmas da mulher presa em 2015: que ela não tinha roubado ninguém, que a vítima era maior de idade, uma mulher adulta, e que ela tinha lhe dado às joias por livre e espontânea vontade.

É claro que as justificativas foram logo rechaçadas, pois, em tais casos, a entrega dos bens ou valores é feita pelas vítimas após os autores terem as induzido e as mantido em erro, tratando-se de verdadeiro crime de estelionato, com pena prevista de 1 a 5 anos de prisão.

Como o estelionato passou a ser crime de ação penal pública condicionada à representação da vítima, após esta ter conseguido a devolução de suas joias, entendeu por não dar prosseguimento no inquérito policial, provavelmente para preservar a sua intimidade.

Em todo caso, a ocorrência policial continua registrada e, caso a autora se envolva em situações semelhantes, pela simples pesquisa de seu nome nos sistemas policiais será possível aferir que ela já se envolveu em crime de estelionato anteriormente.

A vítima não soube informar como a autora conseguiu o seu número telefônico e nem como tinha conhecimento de suas informações familiares, as quais, segundo estimam os investigadores, podem ter sido obtidas através de publicações existentes em redes sociais, o que reforça o cuidado que devemos ter com tudo que publicamos no mundo virtual.

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