Willian Matos
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A 5ª Delegacia de Polícia (área central) deflagrou a operação Cilada, que visa desarticular organização criminosa de travestis e outros homens acusados de extorsão a clientes. Foram expedidos oito mandados de prisão. Os cinco meses de investigação da Polícia Civil do DF (PCDF) mostram que eles marcavam encontros sexuais através do aplicativo Grindr (app de relacionamento voltado ao público LGBT), filmavam as cenas de sexo e chantageavam as vítimas logo após o ato, ameaçando divulgar os vídeos em redes sociais.
Todos eles são jovens – o mais velho tem 24 anos. O líder do grupo é Samuel Junio Napole de Souza, 21. Ele está foragido em Santiago, no Chile, segundo as investigações. Carlos Henrique Leão Costa, 19, e Paulo Rogério Vasconcelos Marques, 20, também são procurados pela polícia. Carlos está em São Paulo e Paulo Rogério em Paris, na França.
Yago Pereira da Silva (nome social Anitta), 24, Eduardo Sousa Luz Santos (nome Stefany), 24, Marcelo Dias Moreira, 20, Hiago Alves dos Santos (nome Tiffany Lorrane), 20, e Paulo Henrique Alves Ferreira, 21, foram presos no último domingo (23) em Goiânia. Este último participava dos golpes apenas filmando as vítimas.
Segundo o delegado da 5ª DP, Gleyson Gomes Mascarenhas, o golpe funcionava, e o lucro era alto. “A quadrilha conseguia lucrar muito dinheiro com os crimes. A média era de R$ 10 mil a R$ 15 mil. Um dos criminosos teria conseguido juntar cerca de R$ 400 mil”, afirmou o delegado.
Os encontros aconteciam em hotéis do Setor Hoteleiro Sul. Enquanto um deles se propusia a fazer sexo com a vítima, outros dois estavam escondidos no quarto para filmar. Eles obrigavam as vítimas a entregar dinheiro, senhas de cartões e até fazer empréstimos consignados. Caso contrário, teriam os vídeos de sexo expostos na internet. Um dos integrantes do grupo ia sacar os valores enquanto outros ficavam com o cliente no quarto, que chegava a ser espancado pelos golpistas independentemente de reação positiva ou negativa dos lesados. No vídeo abaixo é possível ver o momento em que parte do grupo chega a um hotel:
Ainda de acordo com o delegado, eles estavam no DF desde o ano passado. Três vítimas que foram extorquidas entre janeiro e fevereiro procuraram a polícia, mas é possível que o grupo tenha feito vítimas há mais tempo. Eles já passaram por Fortaleza, Recife, São Paulo, Santos, dentre outras cidades. Ficavam nelas por um tempo e fugiam quando começavam a ficar marcadas pela polícia de cada local. O líder do grupo, Samuel, teria espancado um médico em Goiânia quase que até a morte.
Viagens internacionais
Investigações mostram que um dos membros fez uma viagem ao Chile com o dinheiro extorquido. Outro foi para Paris, na França, e depois para a Espanha. Segundo o delegado, eles ostentavam vida de luxo no Brasil e no exterior, sempre andando em hotéis cinco estrelas e portando celulares caros.
A PCDF suspeita, também, que o grupo investia o lucro em compra de veículos que eram revendidos logo depois, fazendo, assim, lavagem de dinheiro.
“Mostra eles também!”
Na delegacia, os cinco presos se negaram a falar no primeiro momento. Depois, entre deboches e beijinhos para a câmera, um deles gritou: “mostra eles também. Traz as esposas deles aqui para elas verem que o marido delas gosta de fazer sexo com travesti”. Em outro momento, mais um comentário: “Esses caras querem transar, não pagam e a gente é que rouba?!”.
Os cinco serão indiciados pelos crimes de extorsão e lesão corporal. Os três foragidos seguem sendo procurados.