A Polícia Civil (PCDF), por meio da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), realiza nesta quarta-feira (21) a operação Último Suspiro. A ação visa dar fim a um grupo acusado de furtar airbags de veículos de alto padrão para revender em lojas de autopeças localizadas no setor H Norte, em Taguatinga.
Cerca de 150 policiais cumprem cinco mandados de prisão preventiva, um de prisão temporária e 16 de busca e apreensão.
As investigações duraram quase um ano. No período, o grupo criminoso cometeu, pelo menos, 79 furtos — é o número que se tem registro. Os suspeitos usavam carros clonados e estacionavam ao lado dos veículos que seriam furtados. Um dos homens quebrava um vidro traseiro, entrava no automóvel sem abrir as portas e desconectava as bolsas dos airbags. Rapidamente, voltava ao carro para a fuga e deixava o local.
As ações, que duravam sempre poucos minutos, impressionaram os investigadores. “A habilidade dos criminosos era espantosa”, afirma a PCDF. “Eram tão habilidosos que ninguém percebia.”
Os crimes eram cometidos em várias regiões do DF. Assim, o grupo fazia com que os furtos fossem registrados em diversas delegacias, dando a impressão de que eram casos isolados. “De fato, tratam-se de seriais killers de airbags”, classifica a Polícia Civil.
Alguns dos integrantes do grupo têm experiência de mais de 10 anos em furtos em interior de veículo. Para a PCDF, os suspeitos iam se especializando a cada prisão, aperfeiçoando as ações criminosas e evitando cometer os erros anteriores, obtendo cada vez mais sucesso nos crimes.
As investigações só chegaram nos suspeitos porque os itens eram revendidos nas lojas do H Norte. Como o setor é conhecido por revender produtos roubados/furtados, a Corpatri passou a monitorar as vendas de airbags. Enquanto em lojas oficiais, um airbag é vendido por R$ 10 mil, no H Norte era possível encontrar o mesmo modelo por R$ 1,5 mil.
Crime novo
O crime de furto de airbags é uma prática nova, que começou há cerca de dois anos nos Estados Unidos e em países europeus, segundo a PCDF. No Distrito Federal, desde o início de 2019 até então, foram registradas 130 ocorrências dessa natureza. Isto é: mais da metade dos crimes deste tipo na capital foram cometidos pelo grupo desarticulado nesta quarta (21).
A Corpatri aponta que esta é a primeira grande operação do país com foco em furtos de airbags. Os presos responderão pelos crimes de organização criminosa, receptação, lavagem de dinheiro e adulteração de sinal identificador dos carros usados para os furtos. Somando, as penas podem chegar a 30 anos de reclusão.
A PCDF frisa que não é responsável pela fiscalização das lojas no H Norte. A ação é de responsabilidade do Departamento de Trânsito (Detran-DF). A corporação afirma também que espera ter dado fim a este tipo de crime na capital federal. “Vender airbags no DF não vale mais o risco. Quem insistir vai acabar na cadeia.”